UAI
GOLPE

Seguradora fraudulenta lucrava R$500 milhões por ano

Ação da Polícia Federal indiciou donos de associação de proteção veicular, que não estaria pagando indenizações nem prestando serviços aos clientes

Publicidade
Polícia Federal apreendeu carros e motos de luxo durante a operação; proprietários da empresa residem nos Estados Unidos
Polícia Federal apreendeu carros e motos de luxo durante a operação; proprietários da empresa residem nos Estados Unidos Foto: Polícia Federal/Divulgação

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feita (27) a terceira fase da Operação Seguro Fake, que tem o objetivo de combater atos fraudulentos de seguradoras de veículos. Durante a ação, os agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão, nas cidades de Belo Horizonte (MG), Lagoa Santa (MG) e Rio de Janeiro (RJ).

Toda a ação tem como alvo a mesma empresa: a APVS Brasil, que tem sede na Região da Pampulha, na capital mineira. Trata-se de uma associação de proteção veicular, que presta serviços semelhantes ao de uma seguradora. Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal de Belo Horizonte (MG).

De acordo com as investigações da Polícia Federal, a APVS Brasil tem aproximadamente 500 funcionários, contratos em todo o território nacional e mais de 100 mil associados, que geraram um faturamento superior a R$500 milhões por ano. Apesar disso, vários clientes não teriam sido indenizados depois de registrarem sinistros.

No site Reclame Aqui, que registra queixas de consumidores sobre produtos e empresas, constam 748 reclamações contra a empresa de proteção veicular. Os registros dizem repeito a falta de pagamento de indenizações ou de carro reserva, impossibilidade de contato e dificuldade cancelamento do serviço, entre outros assuntos.

Ainda segundo a Polícia Federal, os responsáveis pela APVS Brasil "montaram um grande esquema de lavagem de dinheiro". Entre os atos fraudulentos, estão a abertura de várias empresas satélites, que atuariam em ramos como reboque de veículos, instalação de rastreadores e reparação. O intuito seria direcionar os lucros aos próprios dirigentes, o que é ilegal no caso de associações. 

Donos da seguradora têm alto padrão de vida

As investigações apontam que os diretores da empresa têm um padrão de vida elevado, que inclui imóveis, motos e carros de luxo, além de viagens internacionais. O casal que fundou e dirige a associação de proteção veicular reside atualmente na Flórida, nos Estados Unidos.

Tanto a diretoria da empresa quanto outros envolvidos, que atuariam como “laranjas” no esquema, foram indiciados por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, crime contra as relações de consumo e por operar instituição financeira sem autorização estatal. Se condenados, poderão receber penas superiores a 20 anos de prisão.

O inquérito policial será encaminhado ao Ministério Público Federal para denúncia, por meio da Justiça Federal em Belo Horizonte (MG).