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Polêmica

China não quer que seus carros sejam produzidos em outros países

A nova estratégia chinesa para o setor automotivo elétrico visa contornar barreiras tarifários e estimular o crescimento global de suas montadoras. Uma revolução silenciosa que pode mudar o jogo! Descubra como a China está redefinindo suas exportações.

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BYD prometeu iniciar a fabricação de carros elétricos e híbridos no Brasil em breve
BYD prometeu iniciar a fabricação de carros elétricos e híbridos no Brasil em breve Foto: Divulgação/BYD

Recentemente, o Ministério do Comércio da China (MOFCOM) emitiu diretrizes essenciais para as fabricantes de veículos elétricos (EVs) reavaliando suas estratégias de exportação. Isso acontece num momento em que as tarifas internacionais sobre os EVs chineses estão em alta, complicando a competitividade no mercado global.

Para enfrentar esse desafio, o Ministério do comércio chinês está sugerindo que as fabricantes adotem um novo modelo de exportação: enviar kits desmontados de veículos para montagem em destinos estrangeiros. Essa abordagem visa proteger as tecnologias cruciais, além de driblar as barreiras tarifárias.

Adaptação das fabricantes chinesas

Algumas montadoras já estão implementando esta orientação. Chery e SAIC, por exemplo, decidiram seguir o novo modelo de exportação. A Chery fará uso da antiga fábrica da Nissan em Barcelona, Espanha, para montar veículos a partir de kits parcialmente desmontados. Enquanto isso, a SAIC instala suas operações no Paquistão.

Essa estratégia ajuda a contornar tarifas que podem chegar a até 100% sobre os EVs chineses, além de manter os custos de produção controlados. A nova diretriz chega em um momento em que as montadoras enfrentam a desaceleração das vendas no mercado interno e uma concorrência intensa fora da China.

Vista aérea da fábrica da Ford em Camaçari na Bahia
Fábrica de Camaçari foi inaugurada pela Ford em 2001, mas foi comprada pela BYD em 2023 Foto: Divulgação

Qual é o impacto global?

A mudança pode afetar significativamente os planos de globalização das marcas chinesas. A BYD, que está estabelecendo uma fábrica na Turquia com capacidade anual de 150.000 veículos, está entre as empresas que terão de reconsiderar suas estratégias. A diretriz do governo chinês destaca que os países que incentivam investimentos chineses são também aqueles que impõem barreiras comerciais pesadas aos produtos chineses.

Essa situação cria um dilema: equilibrar a necessidade de crescimento global com as exigências do governo chinês que prioriza a proteção das tecnologias locais e a competitividade econômica.

Desafios e riscos envolvidos

A adoção dessa estratégia de kits desmontados carrega desafios adicionais. As marcas precisarão cumprir rigorosos padrões de origem dos componentes e enfrentar o risco futuro de novas tarifas sendo impostas. Durante uma reunião com líderes do setor, o MOFCOM ressaltou esses desafios e alertou contra o investimento impulsivo no exterior.

O dilema das montadoras não é apenas financeiro, mas também regulatório. Manter a produção centralizada na China pode oferecer segurança quanto à proteção de tecnologias, mas limita o alcance global imediato das empresas.

Vista aérea da fábrica da Great Wall Motors (GWM) em Iracemápolis, no Interior de São Paulo
GWM comprou fábrica da Mercedes em Iracemápolis (SP) mas até agora não começou fabricação local Foto: GWM/Divulgação

Como essa medida afeta o Brasil?

No Brasil, a montadora chinesa BYD planeja iniciar em 2025 a montagem local de veículos a partir de kits semi-desmontados (SKD). Esta estratégia inicial ajuda a minimizar custos e oferece um modelo flexível para entrar no mercado brasileiro sem comprometer a competitividade.

Essa abordagem pode servir como exemplo para outras montadoras chinesas que buscam expandir sua presença internacional. A indústria de veículos elétricos continua a evoluir, com as empresas chinesas navegando entre as orientações governamentais e as oportunidades globais.