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LEGISLAÇÃO

Como funcionam os radares e as brechas para motoristas apressados

A função dos equipamentos de fiscalização é garantir a segurança no trânsito, mas há brechas que permitem motoristas evitarem multas

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Com o advento dos radares, excesso de velocidade passou a ocupar primeiro lugar no ranking das infrações
Com o advento dos radares, excesso de velocidade passou a ocupar primeiro lugar no ranking das infrações Foto: Com o advento dos radares, excesso de velocidade passou a ocupar primeiro lugar no ranking das infrações

Os radares de trânsito são uma verdadeira pedra no sapato para muitos motoristas, especialmente aqueles que costumam exceder os limites de velocidade nas vias. Porém o propósito principal desses dispositivos é promover um trânsito mais seguro para ajudar a reduzir acidentes. 

A presença dos radares, principalmente em pontos estratégicos e áreas de alto risco, força os condutores a manterem velocidades compatíveis com a via, prevenindo colisões e atropelamentos.

No entanto, um ponto de controvérsia é que, para alguns, os radares também são vistos como uma maneira de a prefeitura lucrar com as multas, gerando uma certa insatisfação entre os motoristas. Afinal, por que eles existem? E como exatamente funcionam os mecanismos de autuação?

Como funcionam os radares de trânsito?

Entre os tipos mais comuns de radar estão os radares do tipo pardal, que possuem sensores instalados no pavimento da via. Esses sensores são programados para medir o tempo que o veículo leva para cruzar duas ou mais linhas traçadas na pista. Quando o tempo percorrido entre essas linhas é menor do que o tempo calculado para a velocidade permitida, o radar é acionado, disparando a câmera e registrando o veículo infrator.

É por isso que, mesmo se um motorista tentar frear bruscamente ao se aproximar do radar, ainda corre o risco de ser multado caso a redução de velocidade não seja suficiente. Além disso, esses radares possuem um campo de medição definido, geralmente alguns metros antes e depois da localização do condutor para garantir que a velocidade seja controlada ao longo de uma área maior.

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Na BR 381, sentido Vitória, há poucos guardrails. Na altura do km 441, defensas foram instaladas para proteger os radares Foto: Na BR 381, sentido Vitória, há poucos guardrails. Na altura do km 441, defensas foram instaladas para proteger os radares

Ainda assim, muitos motoristas acreditam que podem escapar da multa ao reduzir a velocidade momentos antes de passar pelo radar. Por exemplo, em uma via onde a velocidade máxima permitida é de 50 km/h, o condutor que vinha a 80 km/h tenta frear repentinamente para passar pelo radar a 46 km/h. 

Isso funciona, em parte, para os radares tradicionais que capturam a placa traseira. Entretanto, essa tática se torna ineficaz em modelos mais modernos, que fotografam a placa dianteira e possuem sensores antes da câmera visível. Nesse caso, a famosa "freadinha" pode não ser suficiente para evitar a “multinha”.

Radar Doppler pega a “freadinha”?

Os radares Doppler, baseados em ondas eletromagnéticas, surgem como uma alternativa para coibir motoristas que reduzem a velocidade apenas ao se aproximar dos radares tradicionais. Esses dispositivos conseguem monitorar a velocidade de veículos em movimento antes e depois do ponto de medição, cobrindo uma área de até 100 metros. 

A aplicação do radar Doppler está em expansão em cidades como Curitiba, Salvador e São Paulo, onde a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) instalou esses equipamentos em grandes vias, como a Avenida 23 de Maio. 

Eles também são capazes de identificar outras infrações além do excesso de velocidade, como o uso de celular ao volante e manobras imprudentes.

Outra tecnologia dos radares Doppler é a integração com sistemas de inteligência artificial, que permite ajustar os limites de velocidade de acordo com o fluxo de trânsito. Isso significa que em momentos de tráfego intenso, os radares podem alterar automaticamente as velocidades permitidas para deixar o trânsito mais seguro e dinâmico.

Radar multa se andar na faixa de ônibus?

Além dos radares de velocidade, há sistemas de fiscalização que monitoram infrações em faixas exclusivas, como as de ônibus. Esses radares, conhecidos como sistemas automáticos metrológicos e não metrológicos, identificam infrações como excesso de velocidade e avanço de sinal, além de registrarem veículos que utilizam indevidamente faixas destinadas ao transporte público.

O Sistema Automático Metrológico de Fiscalização de Trânsito (SAMFT) é responsável por infrações que envolvem medições, como a velocidade, enquanto o Sistema Automático Não Metrológico (SAnMFT) fiscaliza infrações como parar sobre a faixa de pedestres ou transitar em faixas exclusivas. 

Quando os dois sistemas estão operando em conjunto, um motorista pode ser multado por múltiplas infrações simultaneamente.

Por exemplo, ao passar em uma faixa exclusiva para ônibus, o motorista que não reduzir a velocidade e avançar o sinal vermelho poderá receber duas multas: uma por desrespeitar a faixa e outra pelo excesso de velocidade.

Radares móveis  

Os radares móveis são dispositivos temporários, posicionados estrategicamente por agentes de trânsito em avenidas e rodovias. Funcionam de forma semelhante aos radares fixos, utilizando tecnologia de ondas de rádio ou laser para medir a velocidade dos veículos. 

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Radar móvel Foto: Divulgação

O sistema emite sinais que são refletidos pelos veículos ao se aproximarem, como um "laser invisível". Por serem móveis, esses radares tornam a fiscalização mais imprevisível, dificultando para o motorista detectar e frear a tempo.

Radar Pistola (Trucam)  

O radar pistola, conhecido como Trucam, é um dispositivo portátil utilizado por agentes de trânsito. Ele opera com um transmissor e receptor de ondas de rádio, sendo apontado diretamente para o veículo. 

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Radar Pistola Foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press.

O dispositivo emite um sinal que é refletido pelo carro e retorna ao radar, medindo instantaneamente a velocidade. Devido à portabilidade e à precisão, as "freadas bruscas" são muito mais imprevisíveis, também deixando difícil para o motorista escapar da detecção.