A Gigafábrica da Tesla em Berlim, Alemanha, enfrenta um problema significativo com as faltas de seus funcionários muito superiores à média da indústria. Gestores encontraram uma série de táticas para lidar com essa situação, mas nem todas foram bem recebidas pelos funcionários. A ausência de funcionários declarando doença, vem prejudicando a eficiência da fábrica, e a busca por soluções eficazes continua.
Em um esforço para reduzir as ausências, os gestores passaram a oferecer bônus de desempenho e até visitas domiciliares não anunciadas para verificar a condição dos empregados em licença médica, o que tem levantado debate na Alemanha.
Funcionários de atestado são 3 vezes maior do que a média do setor automotivo
A média de absenteísmo (afastamento não programado do trabalho) na Alemanha durante 2023 foi de 6,1%, enquanto na indústria automotiva esse índice se manteve em 5,2%. Entretanto, na fábrica da Tesla em Berlim, essa taxa atingiu alarmantes 17% em agosto do mesmo ano. Esse nível de ausência impacta fortemente a produção e a eficiência operacional da fábrica.
Inicialmente, a Tesla cortou os funcionários faltantes. “Não vamos tolerar que alguns funcionários se esforcem demais por outros que não querem vir ao trabalho. Não há lugar nesta fábrica para pessoas que “não querem sair da cama” de manhã”, declarou André Thierig, gestor da fábrica de Berlim em uma reunião.
O que a Tesla faz para reduzir a ausência de seus funcionários?
Inicialmente, os gestores da fábrica optaram por oferecer um bônus de mil euros (R$ 6 mil) para funcionários com uma taxa de presença superior a 95%. Contudo, essa medida não teve o efeito desejado. Então, a direção decidiu adotar uma abordagem mais direta e controversa: visitas domiciliares surpresa para verificar a situação dos empregados em licença médica.
Essas visitas domiciliares levantaram questões sobre sua eficácia e ética. Embora legais na Alemanha, estas visitas foram criticadas por não serem bem recebidas pelos funcionários. Dirk Schulze, da união de trabalhadores IG Metall, descreveu a medida como uma “resposta absurda” aos problemas de carga de trabalho elevada enfrentados pelos trabalhadores na planta. Ele sugeriu que a sobrecarga de trabalho encoraja o absenteísmo, criando um ciclo vicioso.
Os trabalhadores já pressionados podem se sentir ainda mais desmotivados com essas medidas invasivas. Este tipo de abordagem pode afetar negativamente a moral no ambiente de trabalho, resultando em ainda mais absenteísmo, e não menos.
Segundo Schulze, os trabalhadores da fábrica de Berlim estão sobrecarregados, e é justamente essa demanda elevada que os fazem “desistir” dos postos de trabalho. Para o representante da IG Metall, os gestores da fábrica precisam quebrar esse ciclo vicioso para que a quantidade de funcionários doentes, ou que se dizem doentes, seja reduzida.
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