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Por que os carros permanecem intactos durante o furacão Milton?

Entenda como a engenharia e a aerodinâmica ajudam a proteger os carros durante furacões e tempestades

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Por que os carros permanecem intactos durante o furacão Milton?
Por que os carros permanecem intactos durante o furacão Milton? Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

O furacão Milton, que atingiu a Flórida (EUA) recentemente com ventos de até 215 km/h, deixou um rastro de destruição e resultou até o momento desta matéria em dez mortes confirmadas e milhões de residências sem energia. Porém, em meio ao caos, muitos observadores notaram que diversos carros permaneceram intactos, ou relativamente pouco danificados, apesar das fortes rajadas. Mas como isso é possível? 

A resposta está na aerodinâmica dos veículos modernos e em como eles são projetados para lidar com forças externas, como o vento.

Carros, principalmente os mais modernos, são desenvolvidos para enfrentar altas velocidades. Muitos modelos são projetados em túneis de vento, onde engenheiros testam como o ar interage com a carroceria. 

Esses testes garantem que o veículo corte o ar de maneira eficaz, o que na prática melhora o consumo de combustível e a estabilidade em altas velocidades, que podem facilmente atingir mais de 200 km/h. Curiosamente, essa mesma característica é o que pode ajudar um carro a resistir a rajadas de vento de um furacão.

Quando ventos fortes, como os do furacão Milton, que variam de 145 km/h a 215 km/h, atingem um veículo, a aerodinâmica o ajuda a “canalizar” o vento sobre sua superfície, evitando que ele seja lançado para fora do solo. 

Em termos simples, o carro foi feito para resistir a ventos de alta velocidade — não para ser imobilizado, mas para que o ar flua por ele sem gerar grande resistência, principalmente quando um motorista está em velocidades altas, o que justamente ele foi feito.

Entretanto, vale ressaltar que nem todos os carros estão completamente a salvo durante um furacão. Quando o vento ultrapassa certos limites ou atinge um veículo de maneira lateral e direta, é possível que o carro seja movido ou, em casos mais extremos, lançado. 

Além disso, a vulnerabilidade aumenta em áreas com tornados, que possuem ventos circulares extremamente fortes e atingem velocidades ainda mais altas que as do furacão.

Furacões e tempestades tropicais são notoriamente imprevisíveis, e, embora carros possam suportar rajadas moderadas, um vento de 300 km/h (comuns em tornados mais intensos) pode facilmente virar um veículo. Isso ocorre porque, nesses casos, os ventos vêm de várias direções ao mesmo tempo, criando um efeito de sucção que pode literalmente arrancar um carro do chão.

Um carro comum, como um sedã ou SUV, por exemplo, pode resistir bem a ventos de até 200 km/h, que é uma velocidade típica de tempestades de categoria 3. No entanto, carros em áreas diretamente afetadas pelo centro de um furacão ou tornados estão muito mais suscetíveis a serem arrastados, principalmente se o solo estiver alagado ou instável.

Outro ponto importante é que, embora a aerodinâmica ajude a manter o carro no chão, a estrutura do veículo não é imune a detritos transportados pelo vento. Telhas, postes de energia e até outros veículos podem se tornar projéteis mortais.