Nos últimos anos, os veículos elétricos têm ganhado espaço no mercado automotivo como uma alternativa mais ecológica e sustentável em comparação aos carros a combustão. Entretanto, um dos maiores receios associados a esses veículos está relacionado ao risco de incêndios, especialmente quando se consideram os acidentes mais graves envolvendo baterias de íon de lítio. Ataques de chamas em baterias costumam ser intensos e rapidamente incontroláveis, como demonstrado por incidentes recentes em Lisboa e Seul em 2024.
Os casos levantaram preocupações. Em Lisboa, um incidente destruiu 200 carros em um estacionamento próximo ao aeroporto, enquanto em Seul, um incêndio causou danos a 140 veículos em um edifício residencial, resultando em hospitalizações por inalação de fumaça. Embora esses eventos sejam alarmantes, o risco real de incêndios em veículos elétricos é relativamente baixo quando comparado aos veículos a combustão interna.
Como os números apontam para o risco real?
Contrariando as preocupações iniciais, estudos revelam que os carros elétricos têm uma incidência menor de incêndios em comparação com veículos tradicionais movidos a gasolina ou diesel. Segundo a National Transportation Safety Board (NTSB) dos Estados Unidos, o risco de incêndio em carros elétricos é 60 vezes menor do que em veículos convencionais. Esse dado é respaldado por uma média de 25 incêndios entre 100 mil carros elétricos relatados em 2023, contra 1.530 em veículos a combustão.
Relatórios internacionais, como o da Agência de Contingência Civil da Suécia, corroboram essa afirmação. Entre 2018 e 2022, ocorreram 29 incêndios envolvendo veículos elétricos no país, contra 3,4 mil em carros com motores tradicionais. Esses números destacam que os modelos elétricos representam menos de 1% dos incêndios veiculares totais, sugerindo uma percepção pública equivocada sobre o perigo representado por esses automóveis.
Por que os incêndios em carros elétricos são difíceis de conter?
Apesar da menor ocorrência, os incêndios em veículos elétricos apresentam um desafio particular. Quando em combustão, as baterias liberam substâncias tóxicas, incluindo gás carbônico e metais pesados. A estrutura das baterias favorece um "efeito dominó", intensificando o fogo através dos módulos da bateria. Essa característica contribui para a rápida propagação das chamas para veículos próximos, complicando o combate ao incêndio.
Após a contenção do fogo, os veículos elétricos precisam de monitoramento contínuo, já que há riscos de reativação das chamas até semanas após o incidente. Tal cuidado justifica a prática de declarar perda total para veículos envolvidos nesses incidentes por razões de segurança.
Como a tecnologia atual pode reduzir o risco?
À medida que os fabricantes buscam mitigar os riscos, modelos mais modernos de baterias, como as do tipo Blade, prometem maior segurança. Essas baterias são projetadas para reduzir a liberação de calor e não emitem oxigênio durante a fuga térmica, características que diminuem drasticamente as chances de incêndios. Modelos como o Song Pro da BYD já utilizam essa tecnologia, que vem sendo considerada por outras gigantes do setor como Toyota e Tesla.
A adoção cada vez mais ampla de baterias anti-chamas sinaliza um compromisso da indústria automotiva em aperfeiçoar a segurança dos veículos elétricos. Com inovações contínuas, espera-se uma redução ainda maior no risco de incêndios, contribuindo para a aceitação e confiança dos consumidores nos carros elétricos como uma opção segura e viável para o futuro.
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