Na hora de comprar um carro, muitas pessoas esquecem de verificar algo crucial: a segurança. Além dos sistemas de assistência à condução, é importante considerar a proteção oferecida em caso de acidente, como os airbags e as notas dos testes de colisão.
A seguir, destacamos alguns carros que apresentam notas de segurança baixas ou até mesmo não possuem classificação em testes de colisão.
Toyota Yaris
Em 2019, o Toyota Yaris recebeu quatro estrelas no Latin NCAP. No entanto, em 2021, a avaliação do modelo foi revisada, e o Yaris passou a receber apenas uma estrela, após mudanças nos critérios da entidade, que incluíram testes mais rigorosos, como o “teste do alce” e colisões laterais mais severas.
No novo teste, o Yaris registrou 41% de proteção para motorista e passageiro dianteiro, 64% para passageiros infantis no banco traseiro, 62% para pedestres e 42% em sistemas de assistência à segurança de série, tanto para as versões sedã quanto hatch.
Um ponto crítico no teste foi a abertura inesperada da porta traseira durante o impacto. Lembrando que a versão avaliada pelo Latin NCAP foi a vendida no México e importada da Tailândia, com menos recursos de segurança. Porém a versão vendida no Brasil, até o modelo 2022, também possuía somente dois airbags, exceto a opção topo de linha XLS, que já oferecia sete airbags na época.
No impacto lateral, o modelo testado foi um hatchback da versão S, uma edição especial vendida brevemente no Brasil, sem airbags laterais, o que comprometeu a pontuação final.
Em resposta, a Toyota introduziu em 2023 o Yaris com sete airbags de série, ou seja, em todas as versões, desde a XL até a XLS. Isso inclui airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista, e assim ele é o único no segmento com essa configuração.
A Toyota declarou na época que a segurança é uma prioridade para a marca e que o Yaris comercializado nas Américas inclui vários itens de proteção. Mas que se compromete em melhorar esse quesito. Dito e feito. Porém, modelos usados antes de 2023, exceto a versão XLS, tome cuidado na hora de comprar.
Renault Duster
O Renault Duster, em seu modelo 2021, ganhou uma classificação zero estrelas nos testes de colisão do Latin NCAP, sendo como um dos veículos com pior desempenho em segurança.
Desde seu lançamento no Brasil até o ano passado, o modelo contava apenas com airbags frontais — obrigatórios no Brasil desde 2014 —, sem airbags laterais ou de cortina, o que comprometeu severamente sua pontuação.
O teste revelou que a proteção lateral era extremamente deficiente, já que não havia airbags para proteger o corpo e a cabeça dos ocupantes. Durante o impacto, foi observado também uma invasão da estrutura nas áreas próximas às portas, com abertura das portas e risco de expulsão dos ocupantes em uma colisão lateral.
Além disso, no impacto frontal, o Duster apresentou vazamento de combustível e a porta do passageiro se abriu. A proteção do tórax para o motorista e o passageiro foi classificada como marginal.
Na época, o Latin NCAP chegou a alertar que proprietários de Duster ou Suzuki Swift estariam em situação de risco. Em resposta, a Renault do Brasil ressaltou que o Duster testado em 2021 era o mesmo modelo que obteve quatro estrelas para adultos e tres estrelas para crianças em 2019 e que o veículo atende às regulamentações brasileiras.
A montadora também comentou a presença de equipamentos como controle de tração e estabilidade, alerta de ponto cego, assistência de partida em rampas e câmeras de visão ampla.
Somente com a chegada da linha 2024, em fevereiro deste ano, a Renault passou a incluir seis airbags (frontais, laterais e de cortina) de série em todas as versões do Duster, acompanhados por pequenas atualizações no visual.
No entanto, este novo modelo ainda não foi testado pelo Latin NCAP, e as versões anteriores a 2023 até 2020 ainda apresentam uma segurança bem preocupante.
Citroën C3
O Citroën C3 também teve um desempenho bem ruim em segurança nos testes realizados pelo Latin NCAP em julho de 2023. O modelo, lançado em 2022, recebeu uma classificação de zero estrelas, o que fez o modelo e a Stellantis terem críticas severas por parte da entidade.
Segundo o Latin NCAP, o veículo atingiu apenas 32% do desempenho esperado, sendo descrito como “uma vergonha” para a segurança veicular. Em uma declaração forte, o Latin NCAP pediu à Stellantis que parasse de produzir veículos considerados inseguros, sendo considerado um desrespeito ao consumidor latino-americano.
O C3, tanto em seu modelo de lançamento quanto na versão 2025, vem equipado com apenas dois airbags, insuficientes para uma proteção abrangente. A avaliação do Latin NCAP apontou grandes deficiências estruturais no modelo, além de uma baixa conformidade com padrões de segurança recomendados pela ONU para colisões traseiras.
Em termos de proteção, o carro apresentou seu pior desempenho na proteção para crianças, com uma taxa de apenas 12%, enquanto a proteção de pedestres alcançou cerca de 50%.
Em resposta, a Stellantis declarou que mantém o compromisso com a segurança, desenvolvendo veículos que atendem às regulamentações vigentes e são alinhados ao segmento. Porém, até a versão 1.0 Turbo lançada em agosto deste ano, o Citroën C3 continua oferecendo apenas dois airbags.
Fiat Argo e Cronos:
A dupla Fiat Argo e Cronos, produzida também pela Stellantis, recebeu uma classificação de zero estrelas no teste de colisão do Latin NCAP, realizado em dezembro de 2021.
A avaliação apontou índices com apenas 24% de proteção para ocupantes adultos, 10% para ocupantes infantis e 37% para pedestres. A nota para assistência de segurança foi de apenas 3%.
Nos testes, a proteção oferecida para áreas críticas, como cabeça, tórax e joelhos, foi classificada entre média e baixa, enquanto a estrutura do veículo foi considerada instável, incapaz de suportar impactos mais severos.
A falta de airbags laterais e de cabeça também ajudou para a baixa pontuação, assim como o desempenho insatisfatório no teste de chicote cervical.
Até mesmo na linha 2025, tanto o Argo quanto o Cronos mantêm apenas dois airbags frontais, obrigatórios por lei no Brasil desde 2014. Inicialmente, o Cronos e Argo também não ofereciam controle de tração e estabilidade de série.
Esses recursos só foram adicionados em janeiro de 2024, após a nova regulamentação que exige controle de tração e estabilidade em todos os veículos. Essa regra também afetou outros modelos da Fiat, como o Mobi, que só passou a oferecer esses recursos recentemente.
Fiat Strada
Em outubro de 2022, a Fiat Strada, líder de vendas no Brasil, foi avaliada no teste de colisão do Latin NCAP, e conseguiu apenas uma estrela nas versões de cabine simples e dupla. Ambos os modelos mostraram uma estrutura instável em impactos, segundo o órgão.
A Strada de cabine simples, equipada com dois airbags frontais e controle de estabilidade, alcançou as seguintes porcentagens de proteção:
- Ocupante adulto: 47,47%
- Ocupante infantil: 22,08%
- Pedestres: 40,23%
- Assistência à segurança: 41,86%
Já a versão de cabine dupla, com quatro airbags (frontais e laterais de cabeça/tórax), controle de tração e estabilidade, teve os seguintes resultados:
- Ocupante adulto: 41,39%
- Ocupante infantil: 52,96%
- Pedestres: 40,23%
- Assistência à segurança: 48,84%
Nos testes de impacto, a estrutura se mostrou instável na área dos pés, e os airbags laterais da cabine dupla tiveram acionamento insatisfatório, com tamanho reduzido.
A Latin NCAP, através do secretário-geral Alejandro Furas, criticou novamente a Stellantis, dizendo que a Fiat não consegue ultrapassar uma estrela nos protocolos atuais, enquanto outras montadoras da região, como GM e Volkswagen, já buscam padrões de cinco estrelas.
Apesar das críticas à segurança, o público brasileiro aparenta não se sensibilizar para esses aspectos, já que esses carros são bem vendidos, e o que pode fazer as marcas não gastarem mais para melhorarem.
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