Uma das notícias que vem mais abalado no setor automobilístico global é a crise financeira que a Volkswagen está tendo na Europa. A origem dessa turbulência está ligada a uma combinação de fatores, uma delas é a grande dependência do mercado chinês, que era onde a montadora tinha maior rentabilidade, altos custos de produção e a transição lenta para o mercado de carros elétricos.
No final de setembro, Daniela Cavallo, presidente do conselho de funcionários da Volkswagen, anunciou que ao menos três fábricas da empresa na Alemanha podem ser fechadas, o que rumores indicam uma demissão em massa de cerca de 30 mil funcionários.
Essa decisão reflete a queda nas vendas da Volkswagen na China, um mercado que historicamente foi lucrativo para a montadora. Nos últimos anos, a crescente competitividade das fabricantes chinesas de veículos elétricos, mais baratos e com tecnologias cada vez mais avançadas, têm desafiado a posição de mercado da empresa alemã.
Por exemplo, somente em 2024, a marca registrou uma queda de quase 20% nas vendas na China.
A situação também é complicada pelos altos custos de produção na Alemanha, onde a mão de obra é consideravelmente mais cara do que em outros países europeus e asiáticos.
Outro ponto central desta crise é a lenta transição da Volkswagen para o mercado de veículos elétricos. Mesmo que a montadora sediada em Wolfsburg tenha anunciado altos investimentos em eletrificação, a resposta foi tardia para diversos analistas do setor.
Enquanto a indústria automobilística global está avançando em direção à mobilidade elétrica, a Volkswagen e outras montadoras alemãs permaneceram durante anos focadas nos motores a combustão, acumulando uma defasagem em relação aos fabricantes chineses, que já possuem maior experiência e capacidade de produção em massa de baterias elétricas a custos mais baixos.
Mesmo que os carros elétricos ou híbridos ainda não sejam a preferência da maioria dos consumidores, os incentivos fiscais que os países vêm dando com preços mais acessíveis têm levado uma parcela da população a considerar esses veículos.
Além disso, iniciativas para reduzir as emissões, como o maior exemplo da União Europeia, que planeja proibir a venda de novos carros a gasolina e diesel até 2035, também impulsionam essa transição.
Em resposta à crise, a Volkswagen tem pensando medidas drásticas, como justamente o cortes de custos e a revisão de contratos de trabalho. Esses cortes ajudaram a empresa a economizar cerca de 10 bilhões de euros.
Segundo especialistas, a empresa precisará rever profundamente sua estrutura de produção e estratégia de mercado para se adaptar ao novo cenário.
Na última semana, a marca divulgou um relatório em que mostra queda do lucro líquido em 64% e queda de 0,5% na receita.
Em média, a Volkswagen paga salários muito altos, acima da média da indústria, o que acaba sendo um peso financeiro que afeta ainda mais a viabilidade de suas operações locais, principalmente na fabricação de veículos populares.
Além disso, ao contrário de concorrentes como a BMW e Mercedes, por exemplo, que focam no mercado premium com margens de lucro maiores, a Volkswagen tem um portfólio voltado ao consumidor comum, o que limita a sua capacidade de absorver esses custos sem impactar seus preços e competitividade.
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