Museus automotivos são muito comuns na Europa e nos Estados Unidos, regiões onde muitas fabricantes estão instaladas e por muito tempo a história automotiva foi escrita. No Brasil, a história do automóvel se iniciou em 1891 e ganhou um capítulo importante em 2024 com a fundação do Museu Carde em Campos do Jordão, São Paulo.
Apesar de não ser o primeiro museu automotivo do Brasil, o Carde é uma ação no sentido de preservar a história automotiva do Brasil e contar um pouco da história dos carros em todo o mundo, e propõe fazer isso misturando carros com a história do país, arte, design e educação.
Aberto ao público no dia 28 de novembro, o Carde (acrônimo para Carro, Arte, Design e Educação) reúne esses quatro elementos em um terreno de 200 mil metros quadrados no Alto da Boa Vista, em Campos do Jordão e promete atrações para toda a família, não só para os aficionados automotivos.
A entrada custa R$ 120 por pessoa e os visitantes podem conferir seis ambientes imersivos no prédio de seis mil metros quadrados. O andar térreo conta com nove salas temáticas separadas por décadas e temas. Esses ambientes expõem carros com importância histórica para o país, bem como modelos de época, que não necessariamente estavam circulando pelas ruas brasileiras na época, mas contextualizam o automóvel.
Entre os carros, os visitantes podem observar objetos que eram de importância para a cultura brasileira da década, bem como joias, gravuras, esculturas e quadros assinados por Di Cavalcanti, Candido Portinari, Lygia Clark, entre outros artistas.
O Carde foi idealizado como parte do braço educacional da Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA), instituição independente sem fins lucrativos, que se destaca por projetos sociais que proporcionam arte, cultura, educação, saúde e desenvolvimento social para jovens de Campos do Jordão.
Os guias que fazem os passeios no museu são todos ex-alunos da fundação, e o processo de restauração e a manutenção dos carros ali expostos também é toda realizada por ex-alunos da fundação, que além de aprender a manter e restaurar carros, aprendem inglês.
Muito mais que apenas carros
A curadoria e contextualização dos carros e das obras levou mais de um ano para ser realizada, e o museu aborda ainda a diversidade trazendo indígenas para ajudar na elaboração da identidade do museu e também trazer um contraponto.
Logo no saguão de entrada do museu um Brasinca Uirapuru de 1964 é posicionado no alto de uma “árvore”, como se fosse o pássaro que serviu de inspiração para o nome do modelo. Esse ambiente é todo revestido em uma grande colcha, produzida por 200 mulheres do Instituto Proeza, de Brasília.
O museu conta com modelos de marcas históricas como Hispano-Suiza, Isotta Fraschini, e um Voisin C3 com carroceria da Belvallette, único no mundo.
Há uma sala dedicada para quem é apaixonado pelo automobilismo nacional, que conta com dois carros originais da equipe Willys, e o Lincoln K, encomendado por Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo. Esse veículo foi usado como carro oficial e transportou Getúlio Vargas, a rainha Elizabeth II e o papa João Paulo II.
Exposição de veículos históricos também no segundo andar
O andar superior conta com a exposição de veículos icônicos no Brasil e no Mundo. Em destaque estão Ferrari F50, Jaguar XJ220, Ferrari Daytona e Lamborghini Countach, modelos mais clássicos como Ferrari Dino, Mercedes-Benz 190 SL, Chevrolet Bel-Air e Corvette, Maserati Ghibli, entre outros.
Há também modelos importantes para o Brasil como Volkswagen SP2, Fuscas, Brasília; modelos importados como Citroën DS 23 e Mini Minor e clássicos mais modernos como Mercedes 500E, Honda NSX, BMW M3 e M5, Audi RS2, Mitsubishi 3000 GT.
Há restaurante, cafeteria, playground temático e estacionamento local, que conta com acessibilidade para PcD. Além disso, o Carde conta com um simulador exclusivo com tela de 9 metros de largura. O diferencial é que o visitante controla o carro virtual de dentro de uma Ferrari Testarossa real, que foi restaurada para o projeto.
McLaren Senna é destaque
Em uma posição de destaque na exposição está um McLaren Senna GTR na cor laranja e que exibe o logotipo da Fundação Lia Maria Aguiar nas laterais. Segundo Renato Acciarto, assessor de imprensa do Carde, o modelo foi um pedido da própria Lia Maria Aguiar, que se encantou pelo carro e o configurou ao seu próprio gosto.
A versão exposta é um protótipo que foi utilizado pela McLaren durante o desenvolvimento do Senna GTR e existem outras 75 unidades do modelo ao redor do mundo.
O acervo do museu conta com carros colecionados por Lia Maria Aguiar e também a coleção de Og Pozolli. São quase 100 carros em exposição de um acervo de cerca de 500 carros. Haverá uma rotatividade dos modelos, e segundo Acciarto, a ideia é promover parcerias com outros museus e colecionadores para expor mais carros.
Serviço:
Museu Carde
Endereço: Rua Benedito Olímpio Miranda, 280, Alto da Boa Vista, Campos do Jordão - São Paulo
Ingressos: R$ 120 (promocional)
Funcionamento: Quinta a Segunda-feira
Telefone: (12) 3512-3547
Site: www.carde.org
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