O motor Fire (Fully Integrated Robotized Engine) nasceu em 1985 na Itália, no auge da transformação tecnológica da Fiat. A ideia era clara: criar um motor compacto, eficiente e de fácil produção. Seu nome completo praticamente já traduz muita coisa: ele foi desenvolvido com processos totalmente robotizados, ou melhor, o primeiro motor feito por computadores.
O Fire trouxe uma nova era para a Fiat, já que ele era mais barato de produzir e fácil de manter, o que o tornava atraente tanto para a Fiat quanto para os consumidores. Porém, depois de 40 anos, o Fire diz "adeus".
O motor Fire era perfeito para o cenário europeu, onde eficiência energética sempre foi uma prioridade devido aos altos custos dos combustíveis. Eram poucas peças, em torno de 273, e por isso ele era chamativo pelo custo-benefício.
O primeiro modelo a receber esse motor foi o Autobianchi Y10, um pequeno hatchback destinado ao mercado europeu, que rapidamente se ficou famoso pela economia de combustível e baixa emissão de gases. Ele era vendido pela Lancia, marca comprada pela Fiat em 1969.
Com blocos iniciais de 1.0 e 1.1, o Fire entregava potências entre 45 e 55 cv, um marco para a época, quando o foco era atender às exigências ambientais e reduzir custos de produção.
Em 1986 o Fire começou a conquistar o coração, tanto da Fiat, quanto dos consumidores. Com isso, o propulsor estreou no Panda e no Uno. Rapidamente conquistou espaço como um dos compactos mais vendidos da Fiat.
Ambos os modelos aproveitaram ao máximo a confiabilidade e eficiência do Fire, que já nas versões iniciais apresentava baixos custos de manutenção e consumo reduzido de combustível.
Nos anos 1990, o Fire continuou a aumentar sua presença, equipando sucessivas gerações do Uno e do Panda, além de outros modelos como o Fiat Punto e o Lancia Ypsilon com motores 1.1 e 1.2 Fire de oito válvulas. Ele conseguia gerar entre 55 a 80 cv de potência dependendo do ano e configuração.
Em 1995, o lançamento da versão 16V do motor 1.2 Fire marcou um passo importante, já que ele oferecia maior potência sem sacrificar a eficiência. Modelos como o Fiat Bravo e o Fiat Brava foram alguns dos primeiros a adotar essa configuração.
Com o passar dos anos, no entanto, o Fire começou a enfrentar desafios. A introdução de normas de emissões cada vez mais rigorosas na Europa, especialmente o Euro 5 e o Euro 6, pressionou a Fiat a investir em novas tecnologias.
Mesmo que o Fire tenha sido atualizado ao longo do tempo, com a adoção de sistemas de injeção eletrônica mais avançados e melhorias nos materiais, ele começou a perder espaço para motores mais modernos, como o Firefly, que dão melhor eficiência energética e reduções maiores de emissões.
Com isso, a descontinuação de diversos carros acabou matando aos poucos a motorização Fire. Porém, na Europa, somente um veículo utiliza ele: o 500 Abarth, que utiliza o 1.4 Multiair 16 válvulas de 180 cv de potências
A chegada ao Brasil no Fiat Palio como pioneiro em 2000
O motor Fire desembarcou no Brasil em maio de 2000, equipando a segunda geração do Fiat Palio. Até então, os motores Fiasa, que equipavam Uno, Palio e outros, dominavam a gama de compactos da Fiat no país.
Com a chegada do Fire, a montadora inaugurou uma nova era, dando motores mais modernos, silenciosos e econômicos. Palio foi o carro escolhido para estrear o Fire no Brasil. Inicialmente, apenas o motor 1.3 16V com 80 cv, que equipou o Siena e o Palio Weekend também. Em 2001, chegou a variante 1.0 16V com 70 cv. Os motores utilizavam injeção multiponto.
O sucesso foi imediato: a combinação de economia, desempenho e baixa manutenção atraiu os consumidores. O Fire transformou o Palio em um dos modelos mais vendidos do Brasil nos anos 2000, sendo constantemente atualizado até 2018, quando o modelo saiu de linha, dando o lugar ao Argo.
Em 2003, o Fire começou a ser flex. Em 2004, o Fire chegou ao icônico Fiat Uno Mille, substituindo os antigos motores Fiasa. O Mille então ganhou um novo fôlego com o Fire. Em 2005, o Mille também virou flex, o que ajudou muito a aumentar a potência do modelo.
No mesmo ano, em 2005, o motor que era o 1.3 virou 1.4 pelo deslocamento que foi alterado para 1.368 cc. O cabeçote de 16V também saiu para criar o de oito válvulas. A grande vantagem foi o torque em baixas rotações que foi melhorado.
A configuração inicial trazia um motor 1.0 8V, com potências de 66 cv (etanol) e 65 cv (gasolina). O resultado foi um carro mais econômico, com desempenho melhorado para sua proposta urbana.
O Mille Fire foi importantíssimo para consolidar a Fiat no mercado de carros populares, já que oferecia um veículo acessível, com custo de manutenção baixo e excelente consumo de combustível.
O Mille equipado com motor Fire se tornou o carro preferido de milhares de brasileiros, sendo produzido até 2013, quando deixou de atender às normas de segurança exigidas na época.
O motor Fire também desempenhou um papel central no sucesso do Fiat Siena, a versão sedã do Palio. Assim como o hatch, o Siena ganhou os motores Fire a partir de 2000, inicialmente nas versões 1.0 16V e posteriormente, em 2001, na 1.3 16V.
Com o tempo, a evolução do Fire foi aumentando para atender às demandas do mercado. Assim, em 2010, a Fiat lançou o Fire Evo, que trouxe de novidade o variador de fase no comando de válvulas. Pistões e bielas também mudaram. Assim nascia o 1.4 Evo, que ficou em linha até 2024, quando mudou.
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Essa foi a última mudança do motor Fire no Brasil
A Fiat Strada, lançada em 1998, recebeu os motores Fire em sua linha a partir de 2001. Para a picape compacta, o Fire trouxe um novo nível de eficiência e desempenho, especialmente para versões voltadas ao trabalho, como a Working 1.3 8V.
O motor Fire permaneceu como opção na Strada por quase duas décadas, sendo substituído pelo Firefly em modelos mais recentes. Falando em recente, o Fiat Mobi, lançado em 2016, foi o último carro a utilizar o motor Fire no Brasil.
Inicialmente equipado com o 1.0 Fire Evo, o Mobi oferecia potências de 73 cv (etanol) e 70 cv (gasolina). Mesmo que compacto, o Mobi carregou o legado do Fire até 2025, quando a Fiat finalmente aposentou o motor devido às novas regras ambientais do Proconve L8.
Por que o Fire saiu de linha?
O motor Fire foi descontinuado porque não atendia às exigências do Proconve L8, que visa reduzir drasticamente as emissões de poluentes eficiência exigidos pela nova legislação.
Além disso, o mercado está exigindo motores mais modernos, como o Firefly, que já equipava a maioria dos modelos da Fiat. Com opções 1.0 e 1.3, o Firefly oferece maior potência, menor consumo e atende às normas ambientais mais rígidas.
São quase 40 anos de história no mundo e 25 anos no Brasil. Esse é o motor Fire. Ele transformou a Fiat em líder no segmento de compactos, por ser relativamente potente pelo seu tamanho, simples, durável, e além de tudo, econômico.
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