Nesta segunda-feira, 20 de janeiro, o Brasil celebra o Dia Nacional do Fusca, uma data que honra um dos maiores ícones automotivos do mundo e, claro, do Brasil. Ele foi o responsável por tirar a Volkswagen do abismo após a Segunda Guerra Mundial e ainda encontrou solo fértil para crescer no Brasil, onde conquistou o coração de milhões.
A história do Fusca começa nos anos 1930, em uma Alemanha que vivia sob o regime nazista de Adolf Hitler. A ideia era criar um carro acessível para o povo alemão – algo revolucionário em um país onde o automóvel era um luxo inalcançável. Assim nasceu o KDF-Wagen (Kraft durch Freude, ou “Força pela Alegria”), o protótipo que daria origem ao Fusca.
Com peso leve (cerca de 950 kg), motor traseiro refrigerado a ar e design simples, o modelo foi desenvolvido para ser barato, resistente e fácil de manter. Porém, durante a Segunda Guerra Mundial, a fábrica da Volkswagen em Wolfsburg foi desviada para a produção de veículos militares, como o Kübelwagen e o Schwimmwagen, e o KDF-Wagen ficou em segundo plano.
A guerra trouxe destruição em larga escala para a Alemanha, e a fábrica da Volkswagen não foi poupada. A planta foi bombardeada pelos Aliados e quase reduzida a escombros. Após a derrota alemã, a produção da Volkswagen ficou paralisada, e o futuro do projeto parecia sombrio.
Após a guerra, a Alemanha Ocidental ficou sob o controle dos ingleses, que herdaram a responsabilidade de decidir o destino da fábrica da Volkswagen. Inicialmente, os Estados Unidos se recusaram a reativar a produção do Fusca por considerá-lo “simbolicamente contaminado” pelo regime nazista e tecnicamente ultrapassado.
Foi quando o major britânico Ivan Hirst, que assumiu a administração da fábrica, percebeu o potencial do pequeno carro como ferramenta de reconstrução econômica.
Hirst restaurou a fábrica de Wolfsburg, limpou a imagem do carro e reiniciou a produção. Ele acreditava que o Fusca poderia ajudar na recuperação da Alemanha para oferecer transporte acessível para uma população devastada pela guerra. Sob sua liderança, os ingleses encomendaram 20 mil unidades do Fusca, inicialmente para uso militar e depois para civis.
O Fusca rapidamente conquistou a confiança dos alemães e virou um símbolo de reconstrução e prosperidade. Sua engenharia simples e robusta, aliada ao baixo custo de manutenção, fez dele um dos carros mais acessíveis do período pós-guerra.
Em 1949, os ingleses devolveram o controle da Volkswagen aos alemães, o que marcou o início da expansão global do Fusca.
Nos anos 1950, o Fusca começou a ser exportado para outros países e alcançou um sucesso extraordinário. Ele se tornou o carro mais vendido do mundo em 1972, ultrapassando o recorde do Ford Modelo T, O Fusca em toda sua história teve mais de 21 milhões de unidades produzidas.
No Brasil, o Fusca chegou na década de 1950, inicialmente importado pela Brasmotor. Em 1959, começou a ser produzido no país pela Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo (SP).
Sua adaptação às condições locais foi muito importante para seu sucesso. Ele enfrentava bem as estradas de terra e a falta de infraestrutura e com o sucesso virou o carro do povo brasileiro.
Modelos como o Fusca 1300 e o 1500 foram muitos utilizados por famílias e até por frotistas. No Brasil, o Fusca foi o primeiro carro de muitos e marcou gerações. Ele foi líder de vendas no país por décadas, até sua produção ser encerrada em 1996.
Curiosamente, em 1993, o então presidente Itamar Franco pediu à Volkswagen para relançar o Fusca como carro popular. A iniciativa deu nova vida ao modelo, que voltou a ser produzido por mais alguns anos. No México, a produção do Fusca só foi encerrada em 2003.
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