Comprar um carro em leilão pode parecer uma ótima ideia para quem quer economia. Porém, mergulhar nesse mercado precisa não apenas um bom olho para negócios, mas também um bom conhecimento sobre como tudo funciona. Vamos entender o universo dos leilões de carros, para você saber se vale ou não a pena entrar dentro do jogo.
O que são carros de leilões?
Leilões de carros são eventos onde veículos são oferecidos ao público a preços que podem ser cerca de 40% mais baixos do que os praticados no mercado convencional, ou como conhecemos, a tabela Fipe.
Esses veículos vêm de várias fontes, como seguradoras, que leiloam carros sinistrados; bancos, que vendem carros recuperados de financiamentos não pagos; e até órgãos governamentais, que se desfazem de veículos de suas frotas ou apreendidos.
Um dos grandes atrativos dos leilões é o preço. Por vezes, é possível arrematar veículos por valores que são verdadeiras pechinchas. Mas conhece aquele ditado: “o barato sai caro”?
Pois é, aí que acontecem situações não tão agradáveis, já que carros que passaram por leilões podem esconder armadilhas como problemas mecânicos sérios, dívidas de impostos ou multas e complicações na documentação que podem não valer a pena o esforço e o investimento necessários para resolver.
O VRUM conversou com Eduardo Lannes (@lannes_leiloes), especializado em leilões automotivos no Brasil, que comentou sobre os passos que a pessoa tem que ter para se aventurar nesse mercado. “O grande atrativo dos leilões são os preços abaixo do mercado, mas isso também traz seus riscos, principalmente para compradores menos experientes. Muitas pessoas físicas entram no mercado de leilões com pouco conhecimento e acabam se arriscando demais,” explica ele.
Pessoas que entram no mundo de leilões sem nenhuma experiência, somente pelo preço baixo, sem nenhum profissional orientando ou estudo sobre, podem acabar em situações desfavoráveis por falta de experiência.
O especialista alerta que um dos maiores riscos dos leilões, principalmente os realizados online, é a compra baseada apenas em fotos. “Você pensa que está comprando uma coisa e acaba comprando outra”, afirma.
A impossibilidade de avaliar pessoalmente o carro e todos os seus detalhes, defeitos e o custo potencial de reparos pode fazer ter gastos muito maiores do que o previsto. Isso é bem comum quando os leilões não permitem uma inspeção detalhada do veículo, levando os compradores a fazerem apostas às cegas sobre o estado real dos carros.
Em relação às armadilhas que o público de leilão mais cai, segundo Lannes, é a falta de atenção aos custos adicionais que podem não estar imediatamente aparentes. “Muitas vezes, o que leva à surpresa não é apenas o estado do carro, mas o fato de que muitos compradores não calculam todas as despesas envolvidas. Eles esquecem de incluir taxas do leiloeiro, que podem ser cerca de 5%, taxas administrativas, custos de reboque do pátio e até transporte se o veículo estiver em outro estado,” explicou.
Esses custos adicionais, quando não previstos, podem fazer com que o valor final seja muito mais alto do que o comprador esperava, e aí torna a compra menos vantajosa do que parecia.
Já na questão de participar de leilões, Eduardo fala sobre a importância de um suporte profissional para quem não tem experiência no setor. “A pessoa tem que contratar uma assessoria para orientá-lo caso não tenha conhecimento suficiente", comentou.
Para aqueles com algum conhecimento do mercado, o especialista ressalta a importância de uma análise detalhada dos custos envolvidos. “Sempre precisa avaliar todos os gastos que terá com o carro, como os custos de logística, recuperação de peças e documentação. É importante saber se o carro está com o IPVA em dia e se existem outros débitos pendentes.”
Ele também enfatizou a necessidade de estudar o edital e compreender todas as condições do leilão. Além disso, sempre que possível, é recomendado que os compradores façam uma inspeção física do veículo. “Se não tiver habilidade para fazer uma boa avaliação por foto, é aconselhável ir pessoalmente ao pátio, se possível. Como a maioria dos leilões hoje é online, é comum que os compradores acabam não fazendo uma avaliação adequada apenas por fotos.”
O especializado também disse sobre ter um limite máximo de preço não leilões para evitar decisões impulsivas. “Leilão é muita emoção. Quando o cliente participa, ele pode acabar pagando só R$500 a mais várias vezes, e isso pode ficar muito caro,” explicou.
Os leilões costumam agrupar vários tipos de veículos. Ele explicou: “Existem leilões judiciais, que normalmente envolvem carros apreendidos, e os extrajudiciais, que englobam uma variedade maior, como carros de empresas, frotas, seguradoras e carros recuperados de financiamentos não pagos.” Esses leilões extrajudiciais podem ter desde carros sinistrados, batidos, alagados, até veículos recuperados de furto.
Todavia, os leilões agrupam diversos tipos de veículos em um único evento, de acordo detalhado nos editais. “É importante olhar o edital para entender o que está sendo oferecido,” acrescentou Eduardo.
Para quem quer entrar no mundo de leilões, Lannes deu o seguinte conselho: “É estudar sobre o mercado antes de comprar. Utilize as ferramentas disponíveis na internet, como YouTube e Instagram, para se aprofundar e fazer uma compra segura. Se não quiser perder tempo com isso, a contratação de uma assessoria é o mais recomendado para acompanhar desde a compra até a finalização da venda”, finalizou.
Se vale a pena comprar um carro de leilão depende da disposição do comprador em aceitar os riscos, saber o que está fazendo ou ter alguma assessoria. Além disso, sempre tem que ler atentamente o edital do leilão e entender todas as regras e procedimentos envolvidos.
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