A Stellantis, dona de marcas como Jeep, Chrysler, Dodge e Ram, não levará suas marcas europeias, como Peugeot, Citroën e Opel, para o mercado norte-americano, segundo o CEO da empresa no Canadá, Jeff Hines, que aposta em fortalecer o que já existe no setor em meio a uma crise e desafios no continente.
A Peugeot tem uma história complicada com a América do Norte. Nos anos 80 e início dos 90, a marca francesa tentou se firmar nos Estados Unidos, mas as vendas nunca decolaram. A montadora francesa sofreu competição pesada com os japoneses, normas rígidas de segurança e emissões, e um mercado que não abraçou seus modelos.
Em 1991, a empresa saiu dos Estados Unidos. Agora, mesmo fazendo parte da Stellantis, a Peugeot não tem planos de voltar. E não é só ela: outras marcas europeias do grupo, como Citroën, Lancia e até Opel, também vão ficar de fora do continente, segundo Jeff Hines, CEO da Stellantis no Canadá, em entrevista ao site Automotive News.
"Não acredito que traremos nenhuma das marcas europeias para cá. Não é a direção que estamos seguindo. Temos que nos concentrar em acertar nossas marcas existentes."
por Jeff Hines, CEO da Stellantis no Canadá
A decisão vem em um momento delicado para Stellantis nos Estados Unidos. Depois da saída do CEO global Carlos Tavares em 2024, a empresa enfrenta uma crise, com quedas nas vendas e a ameaça de novas tarifas do governo Trump.
A Jeep tenta reagir com preços mais agressivos para enfrentar os rivais, enquanto a Fiat e a Alfa Romeo, que já estão no mercado norte-americano, não conseguem ter um desempenho decente.
Jogar mais marcas europeias na mistura, então, seria arriscado, quase como dar um tiro no pé, em um cenário em que o foco é sobreviver e crescer com o que já funciona.
Mesmo assim, Hines deixou uma porta entreaberta para alguns modelos específicos. Ele citou o Jeep Avenger, um SUV compacto vendido na Europa, como exemplo de algo que poderia dar certo no Canadá e nos EUA. “Estamos vendo o crescimento de SUVs pequenos em todos os lugares, e o Jeep Avenger se encaixa perfeitamente nisso. Ele resolve muitos problemas de acessibilidade pros consumidores”, explicou.
O Avenger, que é a aposta do grupo também no Brasil pela crescente demanda de SUVs, seria uma jogada para veículos menores e mais baratos, algo que o mercado está pedindo, especialmente com padrões de consumo de combustível mudando e a busca por opções acessíveis crescendo. “É uma das áreas em que estamos realmente focando; obter os produtos certos, na hora certa e pelo preço certo”, completou Hines.
O contexto da Stellantis na América do Norte ajuda a entender essa estratégia. O grupo comanda Chrysler, Dodge, Jeep e RAM, marcas que têm raízes fortes no continente e público cativo, mas 2024 foi um ano duro. Além da saída de Tavares, que, segundo Hines, “não compreendeu completamente o mercado americano”, a empresa lidou com vendas em queda, tarifas altas e uma relação abalada com concessionárias.
Trazer concorrentes novos, como Peugeot ou Citroën, poderia dividir ainda mais os esforços em um momento em que a prioridade é arrumar a casa. A Jeep, por exemplo, está correndo para melhorar o relacionamento com as lojas e ajustar os preços para não perder espaço pros rivais, enquanto a Stellantis tenta se adaptar às preferências dos clientes, que querem carros mais econômicos e práticos.
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