Comprar um carro zero quilômetro é, para muitos, um momento de satisfação e expectativa. No entanto, nem sempre essa experiência vem livre de contratempos. Modelos recém-lançados podem revelar falhas inesperadas, seja por adaptações ao mercado local, imprevistos no projeto ou até mesmo pela qualidade dos materiais disponíveis.
Quando isso acontece, a confiança do consumidor é testada, mas a resposta das montadoras pode fazer toda a diferença.
Volkswagen Amarok
A Volkswagen Amarok chegou ao Brasil em 2010 trazendo um ar de novidade ao segmento de picapes médias. Com design marcante e promessa de resistência, ela rapidamente chamou atenção. Porém, as primeiras unidades enfrentaram um adversário inesperado: o diesel de baixa qualidade encontrado em diversos postos do país.
Rico em impurezas e com elevado teor de enxofre, esse combustível comprometia a bomba de alta pressão do motor, necessário para o sistema de injeção. O resultado eram falhas que iam desde aumento no consumo até paradas completas, obrigando proprietários a arcar com reparos caros e demorados.
Para um veículo projetado para encarar longas distâncias e terrenos desafiadores, esse foi um golpe duro. A Volkswagen identificou a raiz do problema e agiu utilizando filtros adicionais no sistema de combustível, capazes de reter partículas indesejadas, e sensores que monitoram a qualidade do diesel.
Esses sensores, integrados ao painel, alertam o motorista caso o combustível esteja fora dos padrões, permitindo uma intervenção antes que danos ocorram.
Ajustes no software do motor também foram feitos para tornar o sistema mais adaptável às variações do diesel nacional. Com essas mudanças, o problema foi superado nos modelos 2020, com a recalibração da Volkswagen que fez a picape ter 258 cv.
O motor em questão era o 2.0 TDI de quatro cilindros, um turbodiesel que entrega 163 cv e 40,8 kgfm de torque, combinado a uma transmissão manual de seis marchas ou automática de oito, dependendo da versão.
Em 2017, a Amarok ganhou o motor V6 TDI . Atualmente fabricado em Pacheco, na Argentina, o facelift da picape, lançado em agosto de 2024, segue com o mesmo propulsor — lembrando que o Vrum já testou a picape média.
Chevrolet Onix e Onix Plus
O Chevrolet Onix, lançado em 2012, mudou o mercado brasileiro ao destronar o Volkswagen Gol como o carro mais vendido do país em 2015. Em 2019, com a chegada da segunda geração e do sedã Onix Plus, a dupla parecia pronta para repetir o sucesso. Mas um susto marcou esse início: unidades começaram a pegar fogo.
O problema, concentrado nos modelos com motor 1.0 turbo, foi identificado em 2019, especialmente em regiões quentes como o Nordeste. Uma falha no software de gerenciamento permitia uma pré-ignição em condições extremas, o que podia rachar o bloco do motor e causar vazamentos de óleo, ou seja, o estopim para os incêndios.
A resposta da General Motors foi imediata. Um recall atualizou o software do motor, corrigindo a sincronização da injeção de combustível e eliminando o risco de pré-ignição. A medida foi aplicada tanto em veículos já nas ruas quanto na produção, e os incidentes desapareceram.
A segunda geração trouxe o motor 1.0 turbo flex de três cilindros, com 116 cv e 16,8 kgfm de torque, disponível com câmbio manual ou automático de seis marchas. Há também a opção 1.0 aspirada, de 82 cv e 10,6 kgfm, exclusiva para o câmbio manual.
Motor 1.3 Turbo Flex da Stellantis
Quando a Stellantis lançou o motor 1.3 turbo flex (T270) em 2021, a expectativa era alta. Equipando modelos como Jeep Renegade, Compass, Commander e Fiat Toro, ele prometia potência e economia. Mas as primeiras unidades revelaram um defeito de consumo elevado de óleo.
Entre revisões, o nível caía drasticamente, às vezes acendendo alertas no painel ou, em casos extremos, comprometendo o motor. A causa estava nos anéis de pistão e na gestão térmica, que permitiam que o óleo fosse queimado na câmara de combustão, um problema que preocupou os proprietários.
A Stellantis então reagiu com uma atualização no software do motor, ajustando a queima para reduzir o calor excessivo, e redesenhou os anéis de pistão para conter o vazamento de óleo. Essas mudanças foram aplicadas em recalls e nas linhas de montagem, normalizando o consumo.
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