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O Renault Kwid é um SUV? Veja o que faz um carro ser SUV e os modelos no Brasil

Entenda como o Inmetro define um SUV e quais são os principais no mercado brasileiro

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Renault Kwid
Renault Kwid Foto: Divulgação: Renault

Você já parou pra pensar o que faz um carro ser chamado de SUV? Aqui no Brasil, o termo tá em todo lugar, do pequeno Fiat Pulse, por exemplo, ao grandalhão Jeep Commander. Mas nem todo mundo sabe que quem coloca ordem nisso é o Inmetro, com regras bem específicas. 

Um exemplo é que o Renault Kwid poderia ser considerado um SUV pelas regras brasileiras. Enquanto nos Estados Unidos os SUVs são enormes, como o Ford Explorer, por aqui um Renault Kardian já é considerado um SUV, nesse caso do tamanho A. 

No Brasil, quem manda na classificação oficial dos carros é o Inmetro, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Eles criaram o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) para medir consumo, emissões e, de quebra, categorizar os veículos. Para um carro ser considerado SUV por aqui, ele precisa atender a critérios técnicos claros, não é só questão de marketing ou visual “altinho”. 

Volkswagen T-Cross 250 TSI
Volkswagen T-Cross 250 TSI Foto: Luiz Forelli/Vrum

Esses critérios foram definidos para separar os utilitários esportivos de verdade dos hatches e sedãs comuns. Então, o que um carro precisa para ser SUV segundo o Inmetro são medidas específicas de ângulos e altura, com uma pequena tolerância. 

  • Ângulo de ataque: Mínimo de 23 graus (tolerância de -1 grau). É o ângulo que o carro consegue subir numa rampa sem raspar a frente.

  • Ângulo de saída: Mínimo de 20 graus (tolerância de -1 grau). Mede se a traseira aguenta sair de um obstáculo sem encostar.

  • Ângulo de transposição de rampa: Mínimo de 10 graus (tolerância de -1 grau). É a capacidade de passar por uma lombada sem raspar o meio do carro.

  • Altura livre do solo entre os eixos: Pelo menos 200 mm (tolerância de -20 mm). Ou seja, o chão precisa estar a 18 cm ou mais do fundo do carro.

  • Altura livre do solo nos eixos: Mínimo de 180 mm (tolerância de -20 mm). Frente e traseira também têm que estar bem afastadas do solo.

Por exemplo, o Renault Kwid tem 180 mm de altura do solo, ângulo de ataque de 24 graus e saída de 40 graus, o que o coloca como SUV pelo Inmetro, mesmo sendo um subcompacto de entrada — a montadora escolhe qual categoria o carro irá entrar. 

Toyota Corolla Cross 2025 branco de traseira estático no calçamento
As rodas foram redesenhadas e lanternas com luzes divididas em segmentos. Foto: Toyota/Divulgação

Outro exemplo curioso, agora de não SUV, é o Toyota Corolla Cross. O modelo da Toyota não atinge os critérios do Inmetro por falhar nos ângulos ataque e saída e fica fora da lista. Jeep Compass, Volkswagen T-Cross, entre outros, também não são considerados SUVs pelo órgão. Isso gera confusão e polêmica, porque o mercado e o Inmetro nem sempre falam a mesma língua.

Outros carros que o Inmetro chama de SUV

O Kwid não é o único que é SUV pelo Inmetro. Alguns carros que vemos como hatches entram na categoria SUV pelo Inmetro por causa desses critérios técnicos.

  • Fiat Argo Trekking: A versão aventureira do Argo tem altura de 210 mm e ângulos que batem com o exigido, virando SUV oficialmente.

  • Citroën C3: O novo C3, com 180 mm de altura e visual parrudo, também passa no teste do Inmetro.

  • Renault Sandero Stepway (com câmbio manual): Outro hatch “altinho” que, com 185 mm de altura do solo, entra na lista.

Também existe os tipos de SUVs: subcompacto, compacto, médio e grande

No Brasil, os SUVs são divididos por tamanho, e isso ajuda a entender o que cada um oferece. Lá fora, nos EUA, SUV é coisa grande, mas aqui temos de tudo. 

  • A-SUV(subcompactos): São os menores, perfeitos pra cidade. Exemplos: Volkswagen Tera, Fiat Pulse, Renault Kardian. Altura e ângulos contam mais que o porte.

  • B-SUV (compactos): Um pouco maiores, possuem espaço e agilidade. Exemplos: Renault Duster, Fiat Fastback, Volkswagen Nivus, Jeep Renegade.

  • C-SUV (médios): Maiores, para quem quer conforto e espaço. Aqui entram Jeep Compass, Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos, BYD Song Plus, GWM Haval H6.

  • D-SUV (grandes): Os grandalhões, normalmente possuem sete lugares. Exemplos: Toyota SW4, Jeep Commander, Chevrolet Trailblazer, Volkswagen Tiguan.

Essa divisão vem do mercado global, mas o Inmetro não liga pra tamanho – só pras medidas técnicas. 

Mitsubishi Eclipse Cross Sport 2024
Mitsubishi Eclipse Cross Sport 2024 Foto:

Esses critérios do Inmetro afetam como os carros são vendidos e taxados. Um SUV oficial pode ser um motivo para vender ele mais caro ou ser promovido como “utilitário esportivo” pela marca, mesmo que, na prática, o dono nunca saia do asfalto. 

No Brasil, onde o termo SUV virou sinônimo de status, as montadoras adoram usar isso no marketing – a Citroën usa o C3 para dizer que é um hatch com tamanho de SUV.