O Brasil está testando, desde outubro do ano passado, o radar de velocidade média, mais conhecido como "radar antimigué". Neste sistema, são necessários pelo menos dois dispositivos para a fiscalização, sendo o primeiro para registrar o motorista passando, independente da velocidade. Já o segundo, que poderá aplicar a multa, calcula quanto tempo o carro levou para percorrer os dois pontos. Se a média ficar acima do permitido, a infração é constatada.
Mas, afinal, este tipo de modelo será implementado no Brasil? O sistema realmente funciona ou serve apenas para alimentar a chamada "indústria da multa" (aquela ideia de que o estado brasileiro aumenta a fiscalização apenas para arrecadar dinheiro através de multas de trânsito e ambientais, sem pensar em prevenir as violações). Abaixo, saiba tudo sobre o tema.
Realmente funciona?
Sim, funciona. Por enquanto, o radar está apenas sendo testado pela concessionária Eco050, no trecho urbano de Uberaba (MG). Para entrar em vigor no Brasil, entretanto, será preciso realizar mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). De qualquer forma, a ideia não é nova e já foi mais do que experimentada em outros países.
O radar de velocidade média já existe desde 1999, quando foi implementado no Reino Unido. Por lá, as câmeras são de cores amarelas e as placas informam que os motoristas estão entrando em áreas de observação. Os dispositivos são chamados de “yellow vultures" (urubus amarelos). Com mais de 25 anos, o sistema é considerado um sucesso entre os britânicos.
Já na Itália, os radares de velocidade média, apelidados de "tutor", foram instalados nas principais rodovias do país em 2005, há exatamente duas décadas. Logo no primeiro ano após a introdução do sistema, a taxa de acidentes diminuiu 22%, enquanto o percentual de mortalidade foi reduzido em 50%.
É possível burlar?
Mesmo com os efeitos positivos, alguns condutores italianos reprovaram a medida e passaram a criar métodos para escapar da fiscalização. Um dos mais conhecidos e usados para enganar outros tipos de radares é a "placa que capota". Nele, o motorista consegue apertar um botão que esconde a placa do veículo.
Nas redes sociais, outros motoristas italianos também passaram a indicar um "pit-stop" durante as viagens mais longas. Desta forma, logo após passar pelo primeiro radar de fiscalização, os condutores param o carro em algum posto de gasolina ou loja de conveniência. Em seguida, eles continuam com uma velocidade acima do permitido.
Além disso, na Itália, alguns aplicativos, como MyWay e Waze, mostram a velocidade média do veículo entre um radar e outro. Neste caso, porém, o motorista não consegue enganar por completo o sistema, já que precisa reduzir a velocidade de qualquer maneira até cruzar o segundo aparelho.
Para combater os infratores, o governo italiano passou a diminuir a distância entre os aparelhos. Recentemente, as autoridades locais também deixaram de diferenciar um radar de velocidade comum de um "tutor".
Debate
Mesmo com o sucesso na redução de acidentes e vítimas no trânsito, em alguns países na Europa, a implementação desses radares tem sido cada vez mais discutida, principalmente com a entrada dos carros elétricos, que têm alta potência e vão de 0 a 100 km/h em poucos segundos. No Brasil, para ser implementado, é preciso uma alteração no CTB.
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