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É verdade que carro elétrico não precisa de óleo? Entenda a manutenção

Apesar de não ter motor a combustão, os elétricos ainda usam fluidos e lubrificantes que exigem trocas periódicas

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Carro elétrico tem manutenção bem mais simples
Carro elétrico tem manutenção bem mais simples Foto: Divulgação/Peugeot

Muitas pessoas pensam que carro elétrico não precisa de óleo, mas a história não é bem assim. Eles realmente dispensam o óleo do motor, mas outros fluidos e lubrificantes são importantes para fazer tudo funcionar da forma correta.

De fato o carro elétrico não tem aquele motor a combustão cheio de peças móveis, como bielas, virabrequim, velas, filtros de óleo e bombas de combustível, que precisam de lubrificação. Mas calma,  isso não quer dizer que os elétricos estão livres de óleos e fluidos. 

Na verdade, eles usam lubrificantes em partes específicas, como na transmissão e nos rolamentos do motor elétrico, além de outros fluidos, como o de freio e o que refrigera a bateria. E essas trocas, quando chegam, podem pesar no bolso.

Diferente de um carro a combustão, o motor elétrico é bem mais simples, com menos peças móveis, cerca de 50, contra 350 de um motor tradicional. Isso tira a necessidade de óleo do motor, que em um carro a gasolina ou etanol é trocado a cada 10 mil km, em média. Mas o motor elétrico tem rolamentos que precisam ser verificados, e a transmissão, que geralmente é uma caixa de redução acoplada ao diferencial, exige um fluido lubrificante específico. 

Baterias de carro elétrico
Grafite é um dos principais elementos das baterias dos carros elétricos Foto: Grafite é um dos principais elementos das baterias dos carros elétricos

Esse fluido da transmissão precisa ser trocado dependendo do veículo, normalmente a cada 20 mil km. Se o fluido estiver dentro das especificações e for trocado no prazo, os rolamentos não devem dar problema, mas não fazer essa manutenção pode levar a desgaste e até ruídos no sistema.

Outro ponto importante é o fluido de freio. Nos carros elétricos, ele também precisa de atenção, mesmo que o sistema de freios seja menos usado por causa da frenagem regenerativa — tecnologia que desacelera o carro quando você tira o pé do acelerador, ajudando a recarregar a bateria. 

As pastilhas de freio duram mais por isso, sendo trocadas geralmente entre 40 mil a 50 mil mil km - a BYD no entanto diz para verificar a cada 12 meses ou 20 mil km. Mas o fluido de freio é higroscópico, ou seja, absorve umidade do ar, e isso pode formar bolhas que reduzem a eficiência da frenagem. Por isso, a troca é recomendada a cada dois anos, independentemente da quilometragem, tanto em elétricos quanto em carros a combustão.

BYD Dolphin Mini preto visto pela dianteira com detalhes da lateral esquerda. Modelo está estacionado em rua asfaltado com árvores ao fundo.
BYD Dolphin Mini preto visto pela dianteira com detalhes da lateral esquerda. Modelo está estacionado em rua asfaltado com árvores ao fundo. Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press

Além disso, o sistema que refrigera as baterias, essencial para manter o desempenho e a durabilidade, usa um composto chamado etilenoglicol. O etilenoglicol é o mesmo aditivo usado no líquido de arrefecimento de carros a combustão, misturado com água numa proporção 50/50, e tem aditivos anticorrosivos para proteger o sistema. 

Nos elétricos, ele ajuda a controlar a temperatura da bateria, que pode esquentar muito durante o uso ou a recarga rápida. Porém, como o etilenoglicol é à base de água, e a água conduz eletricidade, ele fica armazenado em câmaras bem vedadas para evitar qualquer risco.

A troca desse fluido segue a recomendação da fabricante, que pode variar, mas geralmente é feita a cada 30 mil km ou dois anos, como no caso do Renault Kwid E-Tech, onde a revisão de 30 mil km fica mais cara justamente por causa disso.

As revisões dos carros elétricos são feitas, em média, a cada 10 mil a 20 mil km ou uma vez por ano, dependendo da montadora – parecido com os carros a combustão. A boa notícia é que elas costumam ser mais baratas, às vezes até 50% menos, porque não têm tantas peças para checar. 

Um exemplo: o Peugeot e-208 GT tem um custo de manutenção até 60 mil km de R$ 2.103, enquanto o 208 1.6 a combustão sai por R$ 4.771, segundo a o jornalista João Brigato do Auto+. Mas, quando chega a hora de trocar fluidos como o da transmissão ou o etilenoglicol, o preço pode subir bastante. 

Isso acontece porque os fluidos usados nos elétricos são mais específicos e caros, e a mão de obra precisa ser especializada, já que o sistema elétrico exige cuidados extras para evitar riscos.

Uma das inovações mais promissoras em carregamento de VE, oferece uma solução sustentável e independente para alimentar veículos elétricos
Uma das inovações mais promissoras em carregamento de VE, oferece uma solução sustentável e independente para alimentar veículos elétricos Foto: HadelProductions de Getty Images Signature

Além disso, a manutenção de um carro elétrico envolve checar a saúde da bateria, e isso exige um equipamento chamado escâner, que verifica se ela está operando em perfeitas condições ou se algo está afetando o funcionamento e a durabilidade. 

Esse tipo de diagnóstico só pode ser feito em concessionárias ou oficinas especializadas, que têm ferramentas específicas, para analisar os módulos da bateria. Se um módulo apresenta defeito, ele pode ser trocado sem precisar substituir a bateria inteira, o que é uma boa notícia, já que a bateria é a parte mais cara do carro.

Outros itens também precisam de atenção. O filtro de ar-condicionado, por exemplo, deve ser trocado periodicamente, assim como em qualquer carro, para deixar boa a qualidade do ar no interior. 

Os pneus também merecem cuidado: nos elétricos, eles podem desgastar até 40% mais rápido por causa do torque instantâneo do motor. Então, é bom ficar de olho no estado deles e fazer o rodízio com frequência.