Comprar um carro usado é uma alternativa para quem quer economizar, ainda mais com os preços absurdos dos zero quilômetro. Porém uma dúvida sempre aparece: será que a quilometragem do carro é alta demais? E até onde um carro aguenta rodar sem virar uma dor de cabeça?
No Brasil, a média de rodagem por ano ajuda a ter uma ideia do que é “normal”, mas a quilometragem sozinha não conta toda a história. Um carro com hodômetro baixo pode esconder problemas, enquanto outro mais rodado pode estar em ótimo estado.
De acordo com a KBB, o brasileiro roda, em média, entre 10.000 e 12.900 km por ano. A KBB, por exemplo, aponta que a média no primeiro ano de uso é de 12.900 km, caindo cerca de 390 km por ano depois disso. Para simplificar, vamos usar 12.000 km por ano como base.
Com isso, dá pra calcular a quilometragem esperada de um carro usado dependendo do ano de fabricação. Aqui vai uma lista com a média de rodagem acumulada de 2015 até 2025, considerando 12.000 km por ano:
- 2015 (10 anos de uso): 120.000 km
- 2016 (9 anos de uso): 108.000 km
- 2017 (8 anos de uso): 96.000 km
- 2018 (7 anos de uso): 84.000 km
- 2019 (6 anos de uso): 72.000 km
- 2020 (5 anos de uso): 60.000 km
- 2021 (4 anos de uso): 48.000 km
- 2022 (3 anos de uso): 36.000 km
- 2023 (2 anos de uso): 24.000 km
- 2024 (1 ano de uso): 12.000 km
- 2025 (menos de 1 ano): Até 12.000 km
Esses números são uma referência. Um carro de 2018 com 84.000 km tá dentro da média, mas se ele tiver só 30.000 km, pode ser um sinal de pouco uso, ou até adulteração no hodômetro. Por outro lado, se tiver 150.000 km, é considerado alta quilometragem, e você vai precisar redobrar a atenção.
Existe um limite de quilometragem para comprar?
Não existe um limite fixo de quilometragem para comprar um carro usado. Para carros com até três anos de uso, como um 2022, o ideal é que a rodagem não passe de 20.000 km por ano, ou seja, uns 60.000 km no total.
Já para carros mais velhos, como um de 2015, 120.000 km é aceitável, desde que o carro tenha sido bem cuidado. Um veículo bem conservado, com revisões em dia, pode rodar até 150.000 km (cerca de 10 anos de uso) sem grandes problemas. Depois disso, manutenções mais caras, como troca de embreagem, suspensão e peças do motor, ficam mais frequentes.
Mas a quilometragem não é tudo. Um carro com 50.000 km que só rodou na cidade, enfrentando trânsito pesado, pode estar mais desgastado do que um com 100.000 km que passou a vida em rodovias. O anda e para do trânsito na cidade exige mais do motor, câmbio e freios, enquanto as rodovias permitem uma rotação constante.
E o limite para um carro durar?
A durabilidade de um carro depende mais do cuidado do dono do que da quilometragem. Um veículo bem conservado, com revisões em dia, pode passar dos 200.000 km sem grandes problemas, especialmente se for um modelo robusto, como caminhonetes a diesel, que são conhecidas pela longevidade.
Carros a gasolina também tendem a durar mais que os flex, por causa do desgaste maior que o etanol causa no motor. Mas, se as revisões foram negligenciadas, até um carro com 80.000 km pode virar uma bomba-relógio, com problemas caros como motor fundido ou suspensão danificada.
Como saber se a quilometragem é real?
Infelizmente, mudar a quilometragem do hodômetro é uma prática comum no Brasil, e muitos compradores caem nesse golpe.
A primeira coisa que o comprador precisa para ter a maior confiabilidade é checar a central eletrônica. E para isso, a forma mais precisa de confirmar a quilometragem real é levar o carro a um mecânico de confiança que tenha um scanner automotivo.
Ele pode ler a central eletrônica (ECU) do veículo, onde a quilometragem verdadeira fica registrada. O hodômetro pode ser adulterado, mas a ECU não mente.
Um carro com 50.000 km não pode ter pedais gastos, volante liso ou bancos rasgados. Esses sinais indicam uso intenso, e se o hodômetro mostra um número baixo, é provável que tenha sido adulterado. Se tiverem muito desgaste, desconfie.
Além disso, os pneus devem ser sempre revisados, pois eles são a prova da quilometragem visual. Os pneus duram, em média, de 40.000 a 60.000 km, ou 5 anos. Um carro de 2020 com 30.000 km não deveria estar no terceiro jogo de pneus. Para saber se os pneus são originais, veja a data de fabricação (os quatro números após a sigla DOT indicam a semana e o ano). Se não bater com a idade do carro, o hodômetro pode estar errado.
Veja também sempre o histórico de revisões, o manual do proprietário é seu melhor amigo. Ele mostra as datas e quilometragens das revisões. Se as páginas estiverem rasgadas ou o manual “sumiu”, fuja do negócio. Carros que fizeram revisões em concessionária têm registros no sistema da montadora, o que ajuda a confirmar a rodagem.
Também fique atento a sinais de fraude no painel. Confira se o painel tem marcas de remoção, números desalinhados no hodômetro ou lacunas. Isso pode indicar que o hodômetro foi mexido. Faça também um teste para ouvir ruídos estranhos, sentir a suavidade do câmbio e testar os freios. Preste atenção a vibrações ou folgas na direção, que podem indicar problemas caros.
Se puder, leve o carro a um mecânico antes de fechar negócio. Ele pode identificar defeitos ocultos, como desgaste na suspensão ou no motor, e estimar custos de reparo Por fim, o laudo cautelar. Uma vistoria cautelar, feita em empresas credenciadas ao Detran, verifica a integridade estrutural, histórico de acidentes e adulterações. É uma segurança extra, mas não pode confiar 100%.
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