A pergunta que intitula este texto ficou no ar após uma declaração de Jim Farley, CEO da Ford, durante um evento para acionistas. Durante a conferência ele afirmou: "não tenho ideia do que está acontecendo, agora, com esta indústria". O executivo se referia justamente aos elevados custos de produção dos carros elétricos, o que, consequentemente, é um enorme empecilho para torná-los populares.
Farley mencionou também uma nova leva de carros elétricos - que nada têm de populares - que está chegando agora ao mercado dos Estados Unidos. Para que eles tenham autonomia comparável à de um automóvel a combustão, necessitam de "baterias enormes", nas palavras do próprio executivo. E esses componentes são justamente os mais caros no processo de fabricação desses veículos.
Uma estimativa de outra multinacional - no caso, do Grupo Stellantis - revela que somente a bateria de íons de lítio tem custo de US$ 10 mil (cerca de R$ 54 mil). Com esse valor, torna-se inviável a ideia de produzir carros elétricos populares, e os fabricantes têm seguido o caminho contrário: os modelos do gênero têm se tornado cada vez mais sofisticados.
Desse modo, surge um outro problema: veículos de alto desempenho, ou então muito grandes, demandam baterias de alta capacidade, que são ainda maiores. Em um Hummer EV, por exemplo, apenas o conjunto de baterias pesa nada menos que 1.300kg. E, então, surge outro problema, de ordem ambiental: o lítio, matéria-prima desses componentes, não é um mineral abundante no planeta.
Estimativas indicam que a demanda por lítio pode crescer em até 500% até 2023. Caso essa previsão se confirme, simplesmente não haverá como supri-la. Para se ter uma ideia, uma bateria de 400kg utiliza cerca de 8kg do mineral: em componentes maiores, esse número, logicamente, aumenta.
Carros elétricos populares são viáveis?
Seria impossível, então, a criação de carros elétricos populares? Talvez, não: uma alternativa é o desenvolvimento de células de combustível a hidrogênio, utilizadas para alimentar motores elétricos. O etanol, inclusive, também pode ser utilizado para esse fim. Porém, ao menos a curto prazo, a perspectiva é que os fabricantes sigam investindo nos veículos a bateria.
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