A tecnologia, atualmente, anda de mãos dadas com a indústria automotiva. O caminho, então, não é outro senão o que mira para uma transformação cada vez mais expressiva desse setor, que passa a investir em inovação e conhecimento. A transição dos veículos a combustão para os elétricos, como algo já em alto crescimento entre as fabricantes, é um dos grandes indicadores dessa mudança. E a Ford Brasil está de olho nisso.
A Ford Brasil vem fazendo desse cenário uma oportunidade para mudar sua imagem no mercado, tentando se consolidar como um centro global de exportações de serviços e engenharias inteligentes. A empresa deixou de produzir seus carros no país em janeiro de 2021 e se transformou em uma importadora. Agora, tenta buscar outros caminhos.
Segundo Daniel Justo, presidente da Ford América do Sul, a inovação contínua por parte da empresa será o seu diferencial neste mundo em constantes mudanças. Ele pontua, também, que o investimento em capital humano se faz muito importante nesse contexto, pois a demanda por engenheiros, especialistas e pesquisas é alta para acompanhar esse processo de crescimento e revolução tecnológica.
“O capital humano é a chave para um futuro promissor; por isso, todo centro de desenvolvimento, pesquisa e inovação de sucesso também necessita ter, dentre suas atividades principais, a atração, geração e retenção de talentos”, afirma ele.
Em conferência realizada, recentemente, com a participação de executivos da montadora, foi revelado um pouco mais sobre o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil. A empresa, que atualmente atua como importadora no Brasil, agora quer ter protagonismo no cenário de inovação por meio do desenvolvimento de tecnologia e do conhecimento.
Sobre o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil
O Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil é um dos nove da empresa no mundo e está entre os maiores e mais completos do Hemisfério Sul.
A sua estrutura inclui sede em Camaçari e o hub de ideação em Salvador, na Bahia; Centro de Desenvolvimento e Testes em Tatuí, São Paulo; e uma estrutura em Pacheco, na Argentina, que tem como foco a melhoria contínua da qualidade da Ranger.
Com expectativa de gerar uma receita de R$ 500 milhões este ano, o complexo conta com estúdio de design, laboratórios de realidade virtual e de Teardown (que realiza desmontagem e análises estratégicas de peças veiculares), escritórios e o D-Ford. Este último funciona como uma startup voltada para a realização de pesquisas que busquem antecipar e entender as necessidades dos consumidores antes de os veículos chegarem às ruas
O D-Ford trabalha a partir dos pressupostos de desafiar ideias, questionar o status quo e incitar a imaginação e a criatividade. Os seus métodos e designs se baseiam no foco no ser humano e em interações múltiplas com os consumidores. O D-Ford estuda as demandas dos consumidores a fim de propor projetos mais inteligentes.
Projetos
Dentre os projetos desenvolvidos pela Ford com participação expressiva da equipe brasileira, pode-se destacar o desenvolvimento da nova linguagem de design dos futuros carros elétricos da Lincoln, a implementação de tecnologias eletrificadas em modelos para o mercado global e o desenvolvimento das futuras gerações do sistema multimídia da Ford.
Além disso, a Ford Brasil atuou na criação e aprimoramento de um terço das funcionalidades que equipam os carros da marca ao redor do mundo. O “One Pedal Drive” do Mustang Mach-E – que permite dirigir usando apenas o acelerador, sem acionar o pedal do freio – e o “Zone Lighting”, que controla as luzes externas da F-150, são alguns exemplos.
Os recentes projetos criados para o mercado brasileiro em parceria com o time de Tecnologia da Informação, também, merecem destaque. Eles incluem os novos serviços conectados da Transit, como a assistência técnica em conferência, o acompanhamento preventivo inteligente e os relatórios de indicadores para o negócio.
Por fim, no desenvolvimento dos veículos autônomos, a Ford Brasil é responsável por adequar as carrocerias para o posicionamento dos sensores, radares e câmeras e para a padronização de suas instalações. Os sistemas de limpeza desses carros, também, são pensados pelo time brasileiro.
Pesquisa
A pesquisa é um dos focos da Ford Brasil. Afinal, a inovação e os avanços em tecnologias são impulsionados pelas novas descobertas e conhecimentos.
Em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da Bahia, a empresa conta com um ecossistema de pesquisadores com mais de 200 profissionais distribuídos em 17 estados brasileiros, que atuam em 120 projetos, a maioria voltada à conectividade, inteligência artificial e big data.
Segundo André Oliveira, diretor de Engenharia da Ford América do Sul, o futuro da mobilidade é a pesquisa, já que, por meio dela, surgem grandes ideias, muitas delas as quais, inclusive, dão origem a patentes, dado o seu grau de originalidade.
No caso da Ford Brasil, uma dessas ideias foi a do grafeno, material extremamente versátil, resistente, fino e flexível. Ele é, atualmente, um dos melhores condutores do mundo. Em parceria com a Universidade Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a Ford criou uma célula de pesquisa dedicada ao tema, unindo conhecimento acadêmico e prático por meio de estudos e testes.
O grafeno possibilita, também, a redução do peso de componentes, o que leva, consequentemente, a um aumento da vida útil das baterias. Além disso, ele também se torna uma opção lucrativa, pois corresponde a um recurso mineral abundante no Brasil.
A importância de termos um Centro de Desenvolvimento no Brasil também reside nos estudos de recursos e minerais que nosso país tem em grande quantidade, explorando todas as suas propriedades e potencialidades”, explica André.