O tempo passou rápido para o Citroën C4 Cactus, que praticamente não mudou desde o lançamento, em 2018: as primeiras alterações vieram só muito recentemente, na linha 2024. E, mesmo assim, não bastante sutis, resumindo-se, na parte externa, a apliques alaranjados em volta dos faróis de neblina e nos borrachões laterais. E só. Assista ao vídeo e confira os detalhes:
Por dentro, as novidades do C4 Cactus 2024 também são discretas, mas têm maior utilidade. O modelo ganhou uma nova central multimídia, com tela de 10 polegadas (a mesma que já equipa Citroën C3 e Peugeot 208), com conectividade sem fio às plataformas Apple CarPlay e Android Auto, além de Bluetooth. Há ainda três novas entradas USB (todas do tipo A) e, enfim, carregador de celular por indução.
As mudanças da linha 2024, apesar de bem-vindas (especialmente as aplicadas ao interior), são tímidas demais para surtir efeito relevante nas vendas do Citroën C4 Cactus. Para se ter uma ideia, no primeiro bimestre deste ano, o modelo sequer apareceu entre os 50 mais vendidos no ranking da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
E o motivo que levou o fabricante a ser tão comedido nas modificações só piora a situação: é que 2024 será o último ano de fabricação do C4 Cactus no Brasil, já que a Citroën não vai adaptá-lo à nova fase L8 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que entra em vigor no próximo mês de janeiro.
Desempenho é o ponto alto
Isso significa que, junto com a gama, sairão de linha também os motores 1.6, de aspiração natural ou turbocarregada, que equipam a gama: ambos serão substituídos por unidades de origem Fiat, em consequência da formação da Stellantis. Porém, o caso é que, mesmo em fim de carreira, o propulsor THP (Turbo High Pressure) ainda é o ponto alto do Citroën C4 Cactus 2024, ao menos na versão top de linha Shine Pack, avaliada.
Isso, porque o 1.6 turbo da família Prince, que traz ainda injeção direta, desenvolve generosos 173cv de potência com etanol e 166cv com gasolina, além de 24,5kgfm de torque com ambos os combustíveis. São números quase superlativos para um veículo leve como o Citroën C4 Cactus, que pesa só 1.214 quilos.
Apesar de o câmbio automático de seis marchas não proporcionar trocas das mais rápidas, mesmo em modo Sport (ele tampouco inclui borboletas para trocas sequenciais no volante), o resultado é um desempenho realmente muito bom, comparável até ao de modelos com proposta mais esportiva, como Pulse e Fastback Abarth, ou ainda ao de SUVs bem mais caros, como o Volkswagen T-Cross Highline 250 TSI (R$175 mil) ou ao de um Honda HR-V Advance, (R$186.600).
Mesmo carregado, o modelo ultrapassa e sobe serras com facilidade na estrada. Outro ponto positivo fica por conta dos freios, com discos nas quatro rodas, que, assim como o motor, entregam excelente performance. A direção elétrica é que poderia ser mais direta, mas ao menos o efeito regressivo é bom e mantém o volante firme em alta velocidade.
Altinho, mas estável
A suspensão, por sua vez, consegue conter a rolagem da carroceria em curvas, proporcionando boa estabilidade, mas também entrega conforto de rodagem adequado, absorvendo bem as imperfeições do piso. A altura do solo é generosa, totalizando 22,5 cm, e permite passar despreocupado por lombadas e outros obstáculos típicos dos trajetos urbanos, como convém a um dito SUV.
Interior do Citroën C4 Cactus 2024
E, por falar em SUV e em trajetos urbanos, o Citroën C4 Cactus 2024 tem dimensões realmente compactas, o que o torna muito prático em deslocamentos pelas grandes cidades. O comprimento de 4,17m e a largura de 1,71m são medidas dignas de hatch: bom para manobrar em garagens estreitas e para fazer baliza naquela vaga mais apertada. Nesse ponto, o modelo está próximo ao Fiat Pulse e ao novo Renault Kardian, que, na prática, são hatches com suspensão elevada.
A contrapartida é que o porta-malas, com 320 litros de volume, também é digno de hatch compacto. O vão de abertura com base muito alta, que dificulta as operações de carga e descarga, piora ainda mais as coisas. Para os ocupantes, porém, o espaço é adequado, graças ao entre-eixos mais generoso, de 2,60m. No assento traseiro, dois adultos conseguem se acomodar com conforto, sem raspar os joelhos nos bancos dianteiros ou a cabeça no teto.
Por sua vez, o motorista dirige em posição ergonômica, graças ao volante de boa pegada e duplamente ajustável (em altura e profundidade) e ao banco que apoia bem o corpo. Dois inconvenientes, porém, permanecem: o quadro de instrumentos digital de leitura pouco precisa, com marcador de combustível e conta-giros em formato de barrinhas; e o ar-condicionado sem botões físicos, com operação por meio de submenus na tela da central multimídia, resultando em desvios de atenção do motorista.
Quanto ao acabamento, há uma única alteração: a supressão de um retalho de tecido que ficava posicionado à direita do painel. Nem fez grande diferença, uma vez que o plástico duro já dominava o habitáculo. O capricho fica por conta do acolchoamento nos apoios de braços das quatro portas. Os bancos são forrados em material que imita couro e mantêm a mesma padronagem desde o lançamento. De qualquer modo, o acabamento do Citroën C4 Cactus 2024, apesar de simples, não foge ao padrão do segmento.
Consumo do Citroën C4 Cactus 2024
Além do desempenho de gente grande, o Citroën C4 Cactus 2024 apresentou bons números de consumo durante a avaliação. O VRUM aferiu 10,1km/l na cidade e 14,7km/l na estrada, com gasolina (veja os dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, do Inmetro, na ficha técnica).
E então, vale a pena?
O preço do Citroën C4 Cactus 2024 na versão top de linha Shine Pack é de R$ 139.990. Não é pouco, em especial para um carro que tem só mais alguns meses de vida pela frente. Nessa faixa de preço, o diferencial do modelo é realmente o desempenho, já que os SUVs com valores semelhantes têm motores 1.0 turbo, de performance inferior.
Se essa for a prioridade do aspirante a comprador, a compra até pode valer a pena, desde que o concessionário ofereça um bom desconto, ou uma ótima condição de negócio. O C4 Cactus 2024 também pode ser interessante para consumidores mais fiéis à Citroën. Afinal, o substituto dele, um SUV cupê inédito baseado no atual C3, deverá ser inferior em termos de qualidade de construção, ao menos a julgar pelos atuais pelo Aircross e pelo hatch que compõem a gama.
Entretanto, quem tem um perfil mais tradicional e não faz questão de tanto desempenho, mas exige maior espaço interno e não abre-mão de boa liquidez na hora da revenda, fará melhor negócio optando por algum dos concorrentes.
Equipamentos do Citroën C4 Cactus Shine Pack 2024
DE SÉRIE | Alertas e saída de faixa, de fadiga, de colisão e sistema de frenagem automática, seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa, bancos revestidos em material que imita couro, banco do motorista com ajuste de altura, chave presencial com botão de partida, ar-condicionado digital, rodas de liga leve de 17 polegadas, controlador de velocidade, Grip Control (seletor que configura os controles de tração e estabilidade para pisos de asfalto, terra, areia e lama), central multimídia com tela de 10 polegadas, conectividade sem fio às plataformas Apple CarPlay e Android Auto e Bluetooth, câmera e sensores de ré, faróis e limpadores de para-brisa com acendimento automático, faróis de neblina, volante multifuncional revestido em couro com ajustem em altura e distância, vidros, travas e retrovisores elétricos e carregador de celular por indução. |
OPCIONAIS | Pintura metálica (R$ 1.500) e pintura bicolor com o teto preto (de R$ 1.800 a R$ 1.950) |
Ficha técnica*: Citroën C4 Cactus Shine Pack 2024
MOTOR | Dianteiro, transversal, flex, quatro cilindros em linha com 77 mm de diâmetro e 85,8 mm de curso, 16 válvulas, 1.598cm³ de cilindrada, com turbo e injeção direta de combustível |
POTÊNCIA | 166cv (gasolina) e 173cv (etanol) a 6.000rpm |
TORQUE | 24,5kgfm (g/e) a 1.400rpm |
TRANSMISSÃO | Tração dianteira, e câmbio automático de seis marchas |
SUSPENSÃO | Dianteira, independente, tipo McPherson, barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, barra estabilizadora |
RODAS/PNEUS | 17 polegadas (liga leve) / 205/55 R17 |
DIREÇÃO | Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica |
FREIOS | A discos ventilados na frente e discos sólidos na traseira, com ABS e EBD |
CAPACIDADES | Tanque, 55 litros; porta-malas, 320 litros; capacidade de carga (passageiros e bagagem), 400 quilos |
DIMENSÕES | Comprimento, 4,17m; largura, 1,71m; altura, 1,56m; e distância entre-eixos, 2,60m |
MEDIDAS OFF-ROAD | Altura em relação ao solo, 22,5cm; ângulo de ataque, 22 graus; ângulo de saída, 32 graus |
PESO | 1.214 quilos |
PERFORMANCE | Velocidade máxima de 212 km/h (e) Aceleração até 100km/h em 7,7 segundos (e) |
CONSUMO** |
Cidade: 8,2km/l (e)/11,7km/l (g) Estrada: 9,5 (e)/13,4 (g) |
*Dados do fabricante; **Dados do Inmetro
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