O BYD Dolphin Mini chegou como o carro elétrico que iria desbancar os compactos convencionais (com motores a combustão interna). O lançamento do modelo foi como um balde de água fria, já que a marca chinesa deixou correr solto que o veículo seria vendido a menos de R$ 100 mil, mas o elétrico chegou por R$ 116 mil.
Mesmo mais caro, o BYD Dolphin Mini é capaz de enfrentar hatches compactos convencionais - como Volkswagen Polo, Hyundai HB20 e Chevrolet Onix - da sua faixa de preço?
Motor elétrico de 75cv dá conta do recado?
Vamos começar 'atacando' o que parece ser a grande incógnita sobre o BYD Dolphin Mini, o desempenho. O modelo usa um motor elétrico de apenas 75cv de potência, algo pouco inspirador. Para se ter ideia, essa é a potência do motor 1.0 Firefly que equipa um Fiat Argo de entrada.
Outra questão em aberto era como o torque de 13,8kgfm, semelhante ao de um Argo, mas com o motor 1.3 Firefly, iria se manifestar, já que os carros elétricos podem transmitir toda essa força sem precisar subir rotações. Bom, vamos às respostas.
O Dolphin Mini tem desempenho bom para rodar na cidade, que é o seu habitat. O trânsito lento não exige muita potência, e a vantagem em torque ajuda a vencer subidas íngremes e dar pequenas 'esticadas', mas nada que impressione, como os carros elétricos com motores mais potentes.
Mas na estrada o pequeno elétrico mostra sua limitação. Em longos trechos de aclive, a velocidade não passa dos 100km/h, mesmo com o veículo totalmente descarregado, obrigando o motorista a jogar o carro para as faixas lentas. No plano, o BYD Dolphin Mini até consegue se desenvolver até a velocidade máxima de 130 km/h, mas aí entra um segundo problema: a estabilidade.
Suspensão não transmite confiança
Em curvas mais acentuadas, a carroceria do BYD Dolphin Mini inclina muito, tirando a confiança do motorista. Outro ponto complicado e que os amortecedores não conseguem interromper o movimento das molas, fazendo com que o carro fique oscilando.
O curso da suspensão também é curto, com a ocorrência de batidas secas. Enfim, essa é uma falha na segurança e carece de uma revisão urgente por parte da BYD.
Com 3,78 metros de comprimento e 2,50m de entre-eixos, o Mini Dolphin é um carrinho ágil no trânsito e em manobras. Com assistência elétrica, a direção tem pesos adequados.
Outro destaque do modelo é o peso reduzido para um elétrico, apenas 1.239 quilos.
Bateria e consumo do BYD Dolphin Mini
A bateria de 38,8 kWh fornece autonomia de 280 quilômetros, pelo ciclo do Inmetro. A capacidade é boa para um elétrico compacto que roda na cidade, onde o proprietário terá um ponto de recarga. No entanto, a falta de infraestrutura pública de recarga ainda é um problema para pegar estrada, ainda que em curtas distâncias.
Em uma breve deslocamento de 100 quilômetros com o BYD Dolphin Mini, preponderantemente rodoviário, foi consumido 36% da bateria, gastos da seguinte forma:
- Até chegar na rodovia, rodamos 7 quilômetros na cidade, quando foram gastos nada menos que 5% de bateria. A explicação desse elevado consumo é que o carro estava estacionado ao sol em um dia muito quente, e a maioria dessa energia provavelmente foi gasta com climatização;
- Seguimos na rodovia por mais 32 quilômetros, quando foram gastos 13% de bateria. Aqui a velocidade elevada e a falta de frenagem foram os responsáveis pelo gasto energético;
- Entramos para uma estrada secundária por mais 10 quilômetros. Como a maior parte desse trecho era uma descida, o carro recuperou 2% de bateria com desaceleração e frenagem;
- Porém, voltamos pelo mesmo trecho, agora com longas subidas, o que nos custou 9% de bateria até voltar à rodovia;
- Na volta, os 32 quilômetros pela rodovia consumiram 11% de bateria, de novo com velocidade alta e pouca regeneração;
- Por fim os 8 quilômetros na cidade foram compensados pelas desacelerações, e não 'custaram' nada para a bateria.
Acabamento e espaço interno
O interior do BYD Dolphin Mini tem acabamento bom para a categoria, com apliques em material sintético no painel, portas, volante, apoio de braço e nos bancos, que têm um desenho esportivo.
O painel foi desenhado para levando em consideração que a grande maioria dos comandos estejam na tela de 10 polegadas. O problema é que fica até difícil achar rapidamente alguns comandos que deveriam estar mais à mão.
O quadro de instrumentos digital tem 7 polegadas, mas a parte configurável mesmo é bem pequena. No console central, o espaço privilegiado foi destinado ao carregador sem fio do celular, deixando o motorista do BYD Dolphin Mini cercado de telas.
O espaço interno é apenas ok, sendo necessária a velha negociação entre os passageiros da frente e os de trás. Lembrando que o BYD Dolphin Mini foi homologado apenas para 4 ocupantes. O entre-eixos é melhor que o do Fiat Mobi e Renault Kwid, mas não supera nenhum outro hatch compacto.
O porta-malas de 230 litros está ok para a proposta urbana do BYD Dolphin Mini, mas aqui nós temos dois problemas:
- O mais grave é não trazer estepe, que ocuparia boa parte do espaço, mas um selante, o que não funciona para todos os casos de avaria m um pneu;
- A segunda mancada é não ter bagagito, deixando o conteúdo do porta-malas aos olhos dos espertalhões.
Para ampliar o porta-malas, o banco traseiro pode ser rebatido apenas integralmente.
Equipamentos
No pacote de equipamentos do BYD Dolphin Mini, destaque para:
- Faróis em LED;
- Rodas de 16 polegadas;
- Ar-condicionado digital;
- 6 airbags;
- Chave presencial;
- Multimídia com tela rotativa de 10 polegadas;
- Freio de estacionamento acionado por botão.
BYD Dolphin Mini X Concorrentes
Devido a seu preço, muito se falou que o BYD Dolphin Mini bateria de frente contra os hatches compactos convencionais. Pois bem, por R$ 115.800, comparamos o elétrico com Volkswagen Polo (Highline - R$ 18.990), Hyundai HB20 (Platinum Safety - R$ 114.590)e Chevrolet Onix (Premier - R$ 117.480).
Quanto ao conteúdo, o BYD Dolphin Mini leva a melhor por trazer freio de estacionamento por botão e banco do motorista com ajustes elétricos. No entanto, isso não compensa a falta do limpador do vidro traseiro (uma questão de segurança) e a ausência de um estepe.
Do ponto de vista do desempenho, todos os concorrentes são equipados com motor 1.0 turbo que fornecem uma performance bem superior à do BYD Dolphin Mini, principalmente na estrada.
Outra vantagem dos competidores com motores a combustão interna frente ao BYD Dolphin Mini é que já existe uma boa infraestrutura de reabastecimento montada, não obrigando o proprietário a se aborrecer para tentar instalar um carregador doméstico em um condomínio (o que pode ser muito complicado!), programar recargas na estrada, etc.
Resumindo, quando confrontado com os hatches compactos, o BYD Dolphin Mini perde em design, espaço interno e desempenho. Os modelos empatam no pacote de conteúdos, e o elétrico só leva a melhor no acabamento interno.
Com diversas limitações o Dolphin Mini não é a melhor forma de entrar para o mundo dos carros elétricos, abrindo a possibilidade de quem faz um teste drive desistir da compra e optar por um carro convencional.
Ficha técnica: BYD Dolphin Mini
MOTOR |
Potência: 75cv Torque: 13,8kgfm |
PERFORMANCE |
Velocidade máxima: 130 km/h Aceleração: 14,9 s |
BATERIA |
38,8 kWh |
AUTONOMIA |
280 km |
SUSPENSÕES |
Dianteira: McPherson Traseira: Eixo de torção |
FREIOS |
Dianteiro: Discos ventilados Traseiro: Discos sólidos |
DIMENSÕES |
Comprimento: 3,78m Largura: 1,71m Altura: 1,58m Entre-eixos: 2,50m Altura do solo: 11cm |
PORTA-MALAS |
230 litros |
PESO |
1.239 |
PNEUS |
175/55 R16 |
Lista de equipamentos - BYD Dolphin Mini
DE SÉRIE |
Faróis de LED com ajuste de altura; lanterna de neblina; faróis automáticos; luz de rodagem diurna em LED; desembaçador do vidro traseiro; vidros elétricos; retrovisores com ajustes elétricos; quadro de instrumentos digital de 7"; carregamento de smartphone sem fio; para-sol do motorista e do passageiro com espelho e iluminação; 2 entradas USB; bancos em couro; ajuste elétrico do banco do motorista; ISOFIX; multimídia com tela flutuante de 10.1" e rotacão elétrica; sistema de navegação GPS; ar-condicionado digital; freio de estacionamento eletrônico com função auto-hold; chave presencial; controle de tração; controle de dinâmico do veiculo; assistente de partida em subida; freios regenerativos; controle de cruzeiro; sensores de estacionamento traseiros; monitoramento da pressão dos pneus; airbags dianteiros, laterais e de cortina; modo de condução em terrenos de baixa aderência; modo de condução Sport e Eco; direção elétrica; volante com ajuste de altura e distância. |
OPCIONAIS |
Não há. |
- Confira os vídeos do VRUM nos canais do YouTube e Dailymotion!