A versão Blackhawk é a top da linha do Jeep Compass (sem contar apenas a configuração híbrida 4xe, que é importada e tem posicionamento de nicho): custa R$ 279.990, exatos R$ 100 mil a mais que a opção de entrada Sport. Mas o que o SUV tem para justificar tamanha diferença de valor?
A história começa pelo conjunto mecânico, capitaneado pelo motor Hurricane, um 2.0 turbo com bloco e cabeçote em alumínio, injeção direta e duplo comando variável de válvulas. Ele desenvolve nada menos que 272 cv de potência e 40,1 kgfm de torque. Acoplado a ele, há um câmbio automático de nove marchas com sistema de tração integral.
Graças a essa mecânica, o Jeep Compass Blackhawk é um caro realmente rápido. O desempenho é até esportivo: em acelerações fortes, o corpo chega a "colar" no banco. O câmbio faz trocas rápidas e ainda traz borboletas no volante para que o motorista possa operá-lo de modo sequencial.
Apesar disso, a atmosfera ao volante é mais voltada ao conforto. Ainda que a direção e a suspensão tenham sido recalibradas, o SUV ainda passa com suavidade por pisos irregulares. Apenas os pneus de perfil baixo transmitem alguns solavancos em impactos contra emendas no asfalto. E, mesmo que o modelo exiba duas saídas de escape na traseira, o ronco do motor mal é ouvido a bordo, graças ao bom isolamento acústico.
Mesmo com foco no conforto, a estabilidade em curvas é boa para um veículos de altura elevada. Mérito, em grande parte, da tração integral, que tem três programas de atuação: Auto/Standard, Snow e Sand/Mud. Um pacote completo de assistentes à direção, de nível 2, também tem papel importante na manutenção do controle do SUV.
Já a direção tem grande efeito regressivo, mas, para a proposta do modelo, poderia ser mais direta e responsiva. Os freios, com discos nas quatro rodas, estão á altura do desempenho e imobilizam o veículo com competência.
Só gasolina
Consumo não é o forte do Jeep Compass Blackhawk, que, por sinal, não têm esse tipo de proposta. Porém, era de se esperar que o motor tivesse tecnologia flex, já que o etanol costuma ter preços mais vantajosos em boa parte do país. Com gasolina, único combustível que o SUV consome, a reportagem aferiu 7,8km/l na cidade e 9,8km/l na estrada (veja os números do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular na ficha técnica).
Motor Hurricane tem 272cv de potência
Foto: Jeep/Divulgação
Interior do Jeep Compass Blackhawk
A atmosfera interior do Jeep Compass Blackhawk está de acordo com o comportamento dinâmico confortável, ainda que rápido. A atmosfera a bordo é de luxo, não de esportividade: o volante é o mesmo das demais versões, bem como os bancos de abas largas, que apoiam bem o corpo, mas não contêm o tronco em curvas rápidas.. Até os pedais são os mesmos, sem a superfície de alumínio que costuma estar presente em veículos de performance mais elevada.
Não há, porém, o que reclamar da ergonomia, que é correta. O motorista se senta em posição bem verticalizada, típica de SUV, e conta com amplos ajustes da coluna de direção e do banco, esse último elétrico, assim como o do passageiro. Todos os comandos têm boa acessibilidade e há muito espaço para pequenos objetos no console central.
O luxo fica por conta dos ótimos revestimentos dos bancos, em couro e suede. Além disso, o Blackhawk traz todos os caprichos já presentes nas demais versões do Jeep Compass, como emborrachamento e acolchoamento no painel e nas portas dianteiras. Só não é prefeito porque as forrações das portas traseiras têm apenas os apoios de braço estofados, mas abrem mão do emborrachamento na parte superior: é um detalhem mas destoa em um carro que custa quase R$ 300 mil.
O espaço interno é bom. No banco traseiro, dois adultos conseguem se acomodar com folga, mas o caso é que os vãos para as pernas e a cabeça são apenas razoáveis para um SUV médio. Vale lembrar que o entre-eixos de 2.636 mm, não é dos maiores. Além disso, o banco traseiro não tem largura suficiente para que um terceiro ocupante tenha conforto. Pelo menos o ressalto central do assoalho não é dos mais pronunciados, e há entradas USB com carregamento e difusores de ar dedicados.
O porta-malas do Jeep Compass Blackhawk também é não mais que razoável para a categoria. São 410 litros no padrão VDA, com blocos: volume suficiente para acomodar a bagagem de uma família, mas sem folga.
Porta-malas tem abertura elétrica na versão de topo
Foto: Jeep/Divulgação
Vale a pena?
O Jeep Compass Blackhawk aposta em desempenho, na contramão de outros SUVs médios, que tentam atrair compradores com mecânicas híbridas, com apelo à sustentabilidade. Isso não é, necessariamente, um defeito: para quem gosta de acelerar, o SUV é uma boa opção. O visual discreto também pode ser tanto positivo quanto negativo: agrada àqueles que não gostam de chamar a atenção, mas tende a espantar os consumidores mais ostensivos, para os quais o carro não deve deixar dúvidas quanto ao preço de R$ 300 mil .
Equipamentos
DE SÉRIE
Abertura eletrônica do porta-malas com sensor de presença; banco do motorista com memória; bancos em couro e suede na cor marrom; central Multimídia de 10,1" com Alexa in vehicle; pintura das partes plásticas na cor da carroceria; pneus com tecnologia Seal Inside; teto solar elétrico e panorâmico; acendimento automático dos faróis; ajuste do volante em altura e profundidade; aletas para trocas de marcha; Apple Carplay e Android Auto com espelhamento sem fio; ar-condicionado dual zone e ajuste de intensidade para as fileiras traseiras; assistente ativo de direcão; aviso de colisão frontal com frenagem de emergência; aviso de mudança de faixas; banco do passageiro rebatível; banco elétrico para o motorista; câmera de estacionamento traseira; centralizador de faixa; chave presencial; comutação automática de faróis; controle de estabilidade e tração; controle eletrônico anti-capotamento; detector de fadiga do motorista; estepe de uso emergencial; faróis de neblina em LED; faróis dianteiros full-LED; freio de estacionamento eletrônico; controle de descida e de subida; Isofix; monitoramento de pontos cegos; painel de instrumentos digital de 10,25"; Assistente de frenagem; para-sol com espelhos cortesia; piloto automático adaptativo; rack do teto; reconhecimento de placas de trânsito; partida remota; retrovisor interno eletrocrômico; retrovisores com rebatimento automático; retrovisores elétricos; seletor de terrenos; sensor de chuva; sensores de estacionamento dianteiro e traseiro; sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista); sistema Auto Hold; sistema de estacionamento semiautônomo; monitoramento da pressão dos pneus; navegação GPS; sistema de som Premium de 450W (9 alto-falantes + subwoofer); tampa de cobertura do porta-malas; teto pintado em preto; tração 4x4 Jeep Active Drive Low; vidros elétricos nas 4 portas com one touch; volante com acabamento em couro; carregador do celular por indução.
OPCIONAL
Pintura perolizada (R$ 3 mil).
Rodas de 19 polegadas são escurecidas
Foto: Jeep/Divulgação
Ficha técnica: Jeep Compass Blackhawk
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, com pistões de 84mm de diâmetro e 90mm de curso, 1.995cm³ de cilindrada, 16 válvulas, com injeção direta e turbocompressor, a gasolina
POTÊNCIA
272cv a 5.200rpm
TORQUE
40,8kgfm a 3.000rpm
TRANSMISSÃO
Tração integral, e câmbio automático de nove marchas
SUSPENSÃO
Dianteira e traseira independente, do tipo McPherson com barra estabilizadora
RODAS/PNEUS
7,5 x 19 polegadas (em liga de alumínio) / 235/45 R19
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica; diâmetro de giro de 11,3m
FREIOS
A discos ventilados na dianteira e a discos sólidos na traseira, com ABS
CAPACIDADES
Tanque, 55 litros; carga (passageiros e bagagem), 400 quilos
DIMENSÕES
Comprimento, 4,404m; largura, 1,819m; altura, 1,640m; distância entre-eixos, 2,636m; e altura em relação ao solo, 198mm
PORTA-MALAS
410 litros
PESO
1.720 quilos
DESEMPENHO
Aceleração (0 a 100km/h): 6,3 segundos Velocidade máxima: 228 km/h