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AVALIAÇÃO

Ford Mustang GT custa meio milhão a menos que um Porsche 911 e entrega pura diversão

Esportivo de R$ 529 mil é o único muscle car disponível no mercado e está melhor do que nunca

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Ford Mustang GT 2024
Ford Mustang GT 2024 Foto: Foto: Luiz Forelli/Vrum/EM

A eletrificação está ganhando cada vez mais espaço no mercado global, e os Muscle Cars não ficaram de fora dessa tendência. A Chevrolet retirou o Camaro de linha, planejando um futuro retorno elétrico, talvez. O Dodge Charger, mesmo com uma versão a combustão ainda disponível, já não é mais V8, e o destaque agora é o modelo elétrico. A Ford nos assustou quando lançou o Mustang Mach-E, uma versão elétrica em SUV do clássico.

Mas, em março deste ano, a marca trouxe ao Brasil a nova geração do Mustang, batizado de GT, que não deixou a desejar. Custando R$ 529.000, o esportivo já vendeu 435 unidades desde o lançamento. A versão única, batizada de GT, vai agradar os puristas com força, potência e um ronco estrondecedor, além de muita tecnologia embarcada. É, sem dúvida, um verdadeiro remédio antidepressivo.

DIMENSÕES E ERGONOMIA 

O Ford Mustang cresceu em relação ao seu antecessor e agora apresenta uma aparência mais musculosa. Isso não é por acaso: a Ford melhorou em 30% a rigidez torcional do esportivo, o que resultou em um leve aumento de tamanho. O modelo agora possui 4,81 metros de comprimento, 1,95 m de largura, 1,39 m de altura e uma distância entre eixos de 2,71 m.

Essas dimensões tornam o Mustang difícil de estacionar em certos lugares, devido ao seu porte. A falta de sensores dianteiros ou de uma câmera adicional complica ainda mais a vida de quem não está acostumado com carros grandes.

Raspar a parte inferior ou a traseira do Mustang é algo comum para quem o dirige. É necessário passar por obstáculos com muito cuidado para evitar danos, mas em alguns casos, é praticamente inevitável. O modelo tem 144 mm de altura mínima do solo, quase o mesmo que um Honda Fit da última geração.

O espaço para o motorista é típico de um esportivo: quem dirige se sente próximo ao chão, com a sensação de estar praticamente deitado, como é comum nesse tipo de carro. O ajuste elétrico do banco e o volante com regulagem de altura e profundidade oferecem bastante flexibilidade, algo típico dos modelos americanos. O banco é confortável, oferece bom suporte e ainda conta com ventilação.

Já o espaço traseiro é limitado, dependendo de quem está à frente. Com meus 1,88 m de altura, ajustei o banco do motorista para trás e não sobrou espaço algum no banco traseiro. No entanto, o lado do passageiro oferece mais flexibilidade, já que o espaço entre o banco e o painel é generoso. 

Se a pessoa à frente não for muito alta, o banco pode ser ajustado mais para frente, liberando algum espaço para quem está atrás. O carro também conta com sistema ISOFIX para cadeirinhas no banco traseiro.

O porta-malas, por outro lado, é bastante espaçoso, com 382 litros de capacidade — apenas 11 litros a menos que um Chevrolet Tracker. Infelizmente, o Mustang não oferece estepe, apenas um kit de reparo para pneus furados.

MOTORIZAÇÃO

“Enquanto houver clientes interessados, o Coyote continua.” Essa é a frase da Ford sobre o Mustang, justificando a permanência do V8 5.0 sob o capô. O motor passou por alguns ajustes na reprogramação da central eletrônica e na TCU, além de melhorias na transmissão, o que o deixou mais forte e elástico, sem precisar atingir rotações máximas para liberar todo o seu potencial.

Ford Mustang GT 2024
Ford Mustang GT 2024 Foto: Foto: Luiz Forelli/Vrum/EM

Com essas mudanças, o novo Mustang agora entrega 488 cv a 7.250 rpm (5 cv a mais) e 57,5 kgfm de torque a 5.000 rpm (um aumento de 0,8 kgfm). Esses números são muito bem percebidos ao volante. O câmbio é o novo de dez marchas, o mesmo utilizado nas picapes Ranger V6 e F-150, trabalhando em perfeita sintonia com a plataforma da geração anterior, que foi muito bem ajustada e calibrada.

O resultado é pura diversão ao dirigir, com um carro mais controlável que a versão anterior. Embora não tenha se tornado dócil, o novo Mustang é mais fácil de conduzir, tornando-o mais previsível e menos arisco do que o Mach 1.

CIDADE 

Na cidade, o Mustang se comporta bem graças à suspensão independente nas quatro rodas (McPherson na frente e Multilink atrás). Os impactos são absorvidos de forma competente, e os solavancos são bastante aceitáveis para um carro baixo com rodas de 19 polegadas e pneus 255/40 de perfil baixo. Ele está mais macio e confortável em comparação com seu antecessor.

Caso prefira uma condução mais firme, é possível endurecer a suspensão com o ajuste inteligente, que permite alternar entre uma configuração esportiva (mais dura) e outra mais suave (normal). Esse conforto aprimorado vem da suspensão Magneride, que foi recalibrada e faz leituras do terreno 1.000 vezes por segundo. 

Ela usa um fluido magnético viscoso que se adapta ao solo e por isso gera uma condução confortável sem o fim de curso da suspensão. 

ESTRADA

Na estrada, não há muito o que dizer: é sentar, acelerar e aproveitar o que o esportivo tem a oferecer. O Mustang GT é uma verdadeira máquina sobre rodas, por isso oferece uma condução suave e estável, mesmo em altas velocidades. A sensação de controle é tamanha que mal se percebe o que acontece lá fora, graças ao refinamento do conjunto.

Ao acelerar fundo, o ronco do motor e a vibração são pura emoção. É o tipo de sensação que faz qualquer dia nublado parecer ensolarado e arranca sorrisos facilmente. O Mustang GT ganha velocidade com extrema facilidade — basta uma leve pressão no acelerador para atingir altas velocidades. É uma verdadeira potência, o que exige cautela ao dirigir.

É disso que o Mustang gosta: estrada livre. Quando tive a oportunidade, ficou claro como os controles eletrônicos fazem toda a diferença. Com um toque no lado esquerdo do volante, mudei do modo "Normal" (mais dócil) para o modo "Esporte", e a diferença foi imediata: o acelerador ficou mais sensível, o ronco do motor se intensificou e a suspensão ficou mais firme.

Ford Mustang GT Performance vermelho acelera em rodovia vazia com mato e árvores de folhagem verde escura ao lado e céu claro com poucas nuvens de fundo.
Ford Mustang GT Foto: Ford/Divulgação

Para elevar ainda mais a experiência, basta trocar o câmbio para o modo manual, e o Mustang praticamente te convida a assumir o controle total. Com as aletas atrás do volante, você tem a liberdade de trocar as marchas, e quanto mais você acelera, mais o carro responde, e mais potência ele pede.

O ronco do V8 é simplesmente fascinante, puro e agradável de ouvir. Prepare-se para sorrir ao volante, pois o Mustang atrai olhares e câmeras por onde passa. Não falta quem vire a cabeça ou até mesmo estique o pescoço para admirar a máquina — neste caso, uma vermelha.

Se quiser algo mais versátil, o Mustang oferece outros modos de condução além do “Normal” e “Esportivo”. Há o modo “Escorregadio”, “Pista” e “Pista Drag”. Cada um ajusta parâmetros como a assistência da direção elétrica, o som do escapamento, a rigidez da suspensão, a sensibilidade do acelerador, as rotações e velocidade das trocas de marcha, além do controle de estabilidade e tração e a aparência do painel.

O Mustang também oferece o modo “Personalizado”, onde você pode ajustar os parâmetros de cada modo de condução e escolher entre seis perfis. Configurei tudo no nível máximo e ainda desliguei o controle de tração, o que deixou o carro mais agressivo, mas ainda controlável. É nesses ajustes que transforma o máximo do veículo.

Em termos de desempenho, o Mustang faz de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos, conforme a Ford, e nossos testes confirmaram esse tempo, com o modo “Esportivo”. A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 250 km/h. O coeficiente aerodinâmico, de 0,354, também é excelente para um esportivo dessa categoria.

Nas curvas, o Mustang se destaca graças às suas rodas largas, à maior rigidez torcional e a uma plataforma bem estável. Claro, não é surpresa que ele execute as curvas com segurança, mesmo quando você entra mais forte. A suspensão equilibra bem o peso e garante estabilidade correta. 

Ford Mustang GT 2024
Ford Mustang GT 2024 Foto: Foto: Luiz Forelli/Vrum/EM

O volante desempenha um papel crucial nesses momentos também, e ele consegue se comunicar perfeitamente com o carro. Extremamente responsivo e preciso, ele torna a condução mais previsível e controlada, e desta forma aumenta a confiança do motorista em curvas mais desafiadoras.

Já os freios, agora Brembo nas quatro rodas (antes apenas na frente), cumprem seu papel com precisão. Eles oferecem frenagens bem eficientes e a sensibilidade adequada para parar os 1.836 kg do Mustang. Como em todo bom esportivo, os freios são ventilados tanto na dianteira quanto na traseira.

CONSUMO 

É até curioso mencionar esse tópico, já que consumo provavelmente é a última preocupação de quem compra um Mustang. Mas vamos aos números: na cidade, consegui uma média de 4 km/l, com picos de até 6 km/l em alguns momentos. Já na estrada, o consumo ficou em 10,3 km/l. Pronto, assunto encerrado.

INTERIOR E TECNOLOGIA 

A nova cabine do Mustang está muito mais sofisticada, alinhada com o visual contemporâneo dos carros atuais. O painel de instrumentos tem 12,4 polegadas, e a central multimídia, 13,2 polegadas. Segundo a Ford, o design das telas foi inspirado no cockpit de um caça.

O sistema é o já conhecido Sync, presente em outros modelos da marca. Funciona de maneira prática, intuitiva e com ótima resolução, permitindo ajustes em diversas configurações do carro. No entanto, tive alguns problemas ao tentar conectar o Apple CarPlay, que é sem fio, mas consegui resolver após um tempo. 

Também notei um atalho que mostrava o consumo que causava um bug, ocultando parcialmente a visão do Waze completo do mapa, mas consegui resolver. Vale lembrar que o Android Auto sem fio também está disponível.

O acabamento é de alta qualidade em todos os sentidos. O tabelier recebe revestimentos macios ao toque Na parte mais abaixo, no painel, uma parte plástica que imita, talvez, fibra de carbono, mas há também áreas revestidas. As portas seguem o mesmo padrão, com materiais macios.

O console central, elevado como nos modelos antigos, mantém o charme clássico, mas percebi que, após um tempo de uso, ele esquenta moderadamente na região onde fica a caixa de transmissão.

O freio de estacionamento é eletrônico e bastante simples de usar, basta dar uma leve puxada para ativá-lo. No entanto, há um modo chamado Drift Brake, que você ativa pela central. Esse modo trava as rodas completamente com um simples acionamento do freio de mão, perfeito para realizar drifts, e funciona muito bem.

Outro recurso interessante é o Remote Rev, que permite ligar o carro e acelerar remotamente pela chave. Basta apertar os botões de abrir e fechar o veículo, e ele gasta mais alguns litros de gasolina enquanto está ligado.

O Mustang GT também apresenta sistema ADAS completo, com piloto automático adaptativo Stop & Go, alerta e frenagem de emergencia, assistente de ponto cego, assistente de tráfego cruzado, assistente de permanência de faixa, com correção, farol automático, assistente de partida em rampa, monitoramento da pressão dos pneus, entre outros recursos. 

São sete airbags para os ocupantes, sendo eles frontais, laterais, de cortina e um para os joelhos do passageiro. Em termos de cores, o esportivo possui Branco Ártico, Vermelho Arizona, Preto Astúrias, Cinza Torres, Cinza Catalunha, Azul Estoril, Vermelho Zadar, Azul Algarve.