Atualmente, o Volkswagen T-Cross se consolidou como o SUV mais vendido no Brasil, e não é de hoje. Desde 2023, o modelo ocupa essa posição de destaque e mantém seu sucesso em 2024. Esse resultado é exatamente o que a Volkswagen buscava quando lançou o T-Cross, em 2019, para enfrentar concorrentes de peso como o Chevrolet Tracker, Hyundai Creta, Nissan Kicks e Jeep Renegade.
Os SUVs compactos caíram no gosto do público por serem práticos para o dia a dia, especialmente em grandes centros urbanos. Fáceis de estacionar, mas sem abrir mão da altura e do formato que a moda dos SUVs pede. Compactos, confortáveis, tecnológicos e econômicos — e o T-Cross entrega tudo isso, e um pouco mais.
Testamos a versão Highline (R$ 180.690), a mais completa, equipada com todos os pacotes disponíveis, que chega a custar R$ 196.250. Mas a questão que fica é: será que o T-Cross, mesmo com o novo facelift introduzido pela Volkswagen em maio, consegue se manter no topo em um mercado tão competitivo?
NOVO DESIGN
O visual do T-Cross vendido no mercado europeu foi em grande parte reproduzido no modelo brasileiro, com algumas diferenças. A dianteira recebeu uma nova grade, com elementos mais abertos em comparação ao modelo anterior. No entanto, o filete de LED, presente em modelos como Taos, Tiguan, Polo GTS e agora Nivus, não foi incluído no T-Cross brasileiro, como acontece na versão europeia.
O para-choque também foi atualizado, agora com apliques pintados na cor da carroceria, substituindo o acabamento em preto fosco anterior. Além disso, o farol auxiliar foi removido, o que resultou em faróis um pouco maiores. Todas as versões do T-Cross agora vêm de fábrica com faróis 100% em LED (Full LED), incluindo a assinatura diurna (DRL).
Nas laterais, como esperado em um facelift de meia-vida, as mudanças foram discretas. Durante o lançamento, foram apresentadas rodas de 17 polegadas com pneus 205/55, que equipam as versões mais caras do modelo. No modelo testado trata-se de um acabamento todo em preto.
Na traseira, as lanternas de LED também ganharam uma nova assinatura, embora diferente do design em “X” encontrado nas versões europeias mais sofisticadas. Elas agora são mais grossas e interligadas. O para-choque traseiro recebeu apenas um novo aplique em preto, mantendo um visual limpo e moderno.
DIMENSÕES
O T-Cross é menor que seus principais concorrentes, o que facilita na hora de estacionar, mas também resulta em um dos menores porta-malas da categoria, com apenas 373 litros de capacidade. Para comparação, um Polo oferece 300 litros.
Com 4,21 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,57 m de altura e um ótimo entre-eixos de 2,65 m, o T-Cross apresenta bom espaço na traseira em relação aos rivais, superando até mesmo o Jeep Compass, um SUV médio, que tem 2,62 m de entre-eixos.
Na prática, isso se reflete positivamente no espaço traseiro. Com o banco ajustado para a minha altura de 1,88 m, ou seja, totalmente recuado, o espaço foi muito bom, sobrando cerca de um dedo de distância entre meus joelhos e o banco da frente. Além disso, há saídas de ar e duas portas USB-C. O túnel central é um pouco elevado, mas não compromete muito o conforto.
Já a posição de dirigir sofreu alguns compromissos para garantir o bom espaço traseiro. Para mim, que sou alto, o banco fica em uma posição bem ereta, elevando a altura, mas em viagens longas senti desconforto na lombar.
O encosto de cabeça, por ser bem recuado, também não favorece o apoio adequado do pescoço, o que gerou cansaço. Demorei a encontrar uma posição realmente confortável. Para pessoas menores, esse desconforto não deve ser sentido.
Os bancos oferecem um conforto razoável, mas a posição poderia ser melhor ajustada para dar uma melhor ergonomia. Por outro lado, o campo de visão é excelente, graças aos amplos vidros dianteiros, laterais e traseiros, que facilitam a condução.
MOTORIZAÇÃO
Sob o capô, nesta versão, o T-Cross é equipado com o motor 1.4 TSI (turbo) flex, que entrega 150 cv a 4.500 rpm e 25,5 kgfm de torque a 1.500 rpm. Esses números garantem boa performance, especialmente porque o SUV não é tão pesado, com 1.305 kg, o que ajuda na condução em diversas situações.
O câmbio, o já conhecido AQ250 automático de seis velocidades, oferece um bom equilíbrio entre rotações baixas e conforto na condução. Ele responde bem às necessidades de quem está conduzindo e se adapta adequadamente ao estilo de direção.
Na estrada, o T-Cross mostrou força suficiente para realizar ultrapassagens com segurança e boas retomadas. Porém, como é comum nos carros da Volkswagen, há um atraso perceptível na resposta do acelerador, o que faz o motor demorar um pouco para reagir. Ainda assim, no geral, é um carro suave de guiar, com boas respostas do câmbio.
Em altas velocidades ou em cruzeiro, o T-Cross se mantém estável, sem oscilações ou balanços excessivos da carroceria. Ele oferece uma condução firme e suave, dentro do esperado para seu porte, embora sem grandes surpresas. O volante é bem responsivo e garante segurança nas curvas, mantendo o carro bem posicionado na trajetória.
Por fim, os freios se mostram bem firmes e sensíveis quando necessário, sendo ótimos para parar os 1.305 kg do T-Cross com segurança. Em nosso teste, o 0 a 100 km/h foi feito em 9,6 segundos, enquanto a Volkswagen divulga 8,7 segundos. São bons números para o modelo.
No consumo, utilizando etanol, obtivemos 7,5 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada. Segundo o Inmetro, ele faz 8,1 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada. Com gasolina, os números são 11,7 km/l no urbano e 14 km/l no rodoviário. O tanque tem capacidade para 49 litros.
Na cidade, o T-Cross se destaca pela condução suave e confortável, típico dos alemãs. O motor 1.4 TSI mantém as rotações e o ruído internos baixos, o que dá uma experiência bem agradável. O volante é leve e bem calibrado, tornando o carro fácil e gostoso de dirigir tanto em vias urbanas quanto em estradas. Um equilíbrio perfeito para quem busca conforto no dia a dia.
A suspensão com eixo de torção surpreende positivamente. A calibragem é mais firme, como todos os VW, e ela absorve bem os impactos, sem transmitir solavancos fortes para dentro da cabine ao passar por buracos. É bem ajustada, e raramente senti o fim de curso da suspensão. É um ponto bem forte e satisfatório do T-Cross.
INTERIOR E EQUIPAMENTOS
O acabamento do T-Cross decepciona muitos consumidores pelo uso de plástico de aparência frágil, semelhante ao de um Polo Track, mesmo que seus rivais também utilizem bastante plástico. Esse material está presente no tabelier, painel inferior, no console central e na parte superior das portas.
Por outro lado, há bons apoios de braço acolchoados nas portas e um apoio central confortável. Na parte traseira, porém, falta um apoio de braço escamoteável.
O interior conta com o painel de instrumentos Active Info Display de 10,25 polegadas, que a VW faz bem desde o início, com boa resolução, informações necessárias e fácil navegação. Também há a central multimídia VW Play de 10,1”, que agora tem uma moldura um pouco mais elevada, facilitando a visualização. Durante os testes, não houve travamentos, e o sistema funcionou muito bem.
O T-Cross, na versão Highline, vem bem equipado com uma série de itens de série. Ele conta com freios ABS, controle de tração e estabilidade, seis airbags, faróis em LED (embora sem função de farol alto automático), faróis automáticos, retrovisores internos com sensor crepuscular, vidros e travas elétricas, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com câmera de ré, alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência, frenagem automática em manobras e assistente de partida em rampas.
Ele ainda conta com ar-condicionado digital automático, direção elétrica, ajuste de volante em altura e profundidade, piloto automático adaptativo (não é o Stop & Go — ele desativa abaixo dos 27 km/h), limitador de velocidade, limpador de para-brisa automático, retrovisores elétricos rebatíveis, rodas de liga leve de 17”, chave presencial, carregador de celular por indução e computador de bordo.
Além desses itens de série, o T-Cross Highline possui a opção de pacotes adicionais que podem fazer o modelo encarecer mais e ficar mais equipado.
Com o pacote ADAS (+ R$3.580), ele recebe alerta de ponto cego com alerta de tráfego cruzado traseiro, que inclui frenagem automática em caso de passagem de veículos, o Park Assist (assistente de estacionamento semi-autônomo), alerta de mudança de faixa com assistente de permanência em faixa e centralização.
Há também um pacote adicional chamado de Sky view (R$ 7.560) que inclui teto solar panorâmico e elétrico. Quando equipado com todos os pacotes, incluído o Pacote Dark e cores especiais, o valor do T-Cross pode chegar a quase R$ 200 mil.
Um dos grandes segredos do sucesso de vendas do Volkswagen T-Cross está na venda direta, principalmente para o público PCD, frotistas e locadoras. Esses grupos representam uma fatia bem grande das vendas do modelo. No varejo, por outro lado, o Creta acaba liderando, mas o T-Cross tem grande aceitação nesse mercado também.
A versão Highline, apesar de muito bem equipada, tem um preço muito alto, o que faz muitos consumidores optarem por outro modelos. Aqueles que consideram a Highline, por exemplo, dentro da gama da VW, podem acabar migrando para o Taos, um SUV médio, mais espaçoso e bem equipado, na versão Comfortline.
RESUMO DA ÓPERA
O T-Cross, o SUV mais vendido do Brasil, tem seus méritos e continua competitivo no mercado. O problema, no entanto, é seu preço elevado. Dentre as versões, a Comfortline se destaca como uma opção equilibrada e oferece um bom pacote de equipamentos por um custo mais justo.
No conjunto, o T-Cross é um SUV compacto gostoso de dirigir, bem equipado e confortável, apesar do porta-malas limitado — que ainda atende bem uma família pequena. O T-Cross cumpre bem seu papel, mas ainda deixa a desejar em alguns pontos. Por exemplo, o modelo carece de freio de estacionamento eletrônico, algo que concorrentes dessa faixa de preço já oferecem.
Além disso, apesar das melhorias prometidas pela Volkswagen, o acabamento poderia ser mais refinado para um veículo que custa R$ 196.250 na versão topo de linha + os pacotes. Esses detalhes podem fazer diferença para o consumidor final nesta versão Highline.
Por isso, a opção Comfortline aparece como a mais sensata, equilibrando bons equipamentos com um custo mais acessível. O diferencial da Highline é o motor mais potente, mas, para quem não exige tanto desempenho, a Comfortline cumpre o papel com competência. O novo visual também contribui para manter o modelo atrativo no mercado, mas a Volkswagen logo precisará considerar uma atualização maior para o modelo.
MOTOR | Dianteiro, quatro cilindros, com 1.395cm³ de cilindrada, turbo, flex, que desenvolve potência de 150 cv a 4.500rpm e torque máximo de 25,5 kgfm a 1.500rpm |
TRANSMISSÃO | Automática de seis marchas com conversor de torque |
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS | Dianteira, independente tipo McPherson; e traseira, barra, eixo de torção/ liga leve de 17 polegadas / 205/55 R17 |
DIREÇÃO | Assistência elétrica progressiva, diâmetro de giro, 10,9 m |
FREIOS | Discos ventilados na frente e disco sólido na traseira, com ABS e ESC |
CAPACIDADES | Do tanque, 49 litros; 373 litros de capacidade |
DIMENSÕES | Comprimento, 4,21 m; largura, 1,76 m; altura, 1,57m; entre-eixos, 2,65m |
PESO | 1.305 quilos |
ÂNGULOS | De entrada: 20,6 graus De saída: 31,5 graus Vão livre do solo: 190 mm |
DESEMPENHO | Velocidade máxima: 202 km/h Aceleração até 100km/h: 8,6 segundos |
CONSUMO |
Cidade – 8,1 km/l (etanol) 11,7 km/l (gasolina) Estrada – 9,8 km/l (etanol) 14 km/l (gasolina) |
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