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AVALIAÇÃO

Honda City é uma escolha certeira entre os sedãs, há várias razões

Sedã compacto quer preencher lacuna deixada pelo Civic e tem preço salgado, mas condizente com o mercado; Faz jus ao que entrega?

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Honda City
Honda City Foto: Luiz Forelli/Vrum

O Honda City evoluiu muito desde sua chegada ao Brasil em 2009, quando era um sedã compacto voltado para disputar espaço nesse segmento. Hoje, o modelo busca preencher a lacuna deixada pelo Civic, que saiu da faixa dos R$ 150 mil e agora ultrapassa os R$ 260 mil. Assim, o City assume o papel mais de um sedã intermediário, enquanto a versão hatchback ocupa o espaço deixado pelo Fit.

Testamos o modelo sedã, que é o mais caro entre seus rivais, mas oferece diversos equipamentos que os concorrentes não têm. A versão avaliada foi a Touring, de R$ 142.400, que também busca conquistar os “órfãos” do antigo Civic. Mas será que ele consegue cumprir esse papel?

DESIGN

A Honda realizou o primeiro facelift do City nesta geração, lançada no Brasil em 2021. O modelo recebeu um design ainda mais refinado na configuração sedã, enquanto a versão hatch aposta em uma aparência mais esportiva. Na dianteira, os para-choques foram redesenhados, ganhando curvaturas mais robustas e ao mesmo tempo mais elegantes. 


Os faróis de milha receberam novos formatos, assim como a grade, que perdeu a peça cromada grossa que conectava os faróis em LED. Agora, a grade está posicionada mais próxima do capô e conta com novos detalhes, conferindo ao sedã uma aparência mais sofisticada.

Na versão hatchback, as mudanças seguem a mesma linha, mas com um toque mais esportivo. A peça cromada, por exemplo, foi substituída por um acabamento pintado em preto, a grade frontal ficou maior e outros detalhes reforçam o estilo mais dinâmico.

Honda City
Honda City Foto: Luiz Forelli/Vrum

Já na traseira, as alterações são mais sutis e focadas principalmente no para-choque. No sedã, os refletores agora são horizontais em vez de verticais. As rodas de 16 polegadas também receberam novos detalhes, e na versão hatch, são pintadas de preto para realçar a esportividade. Essas mudanças fizeram os modelos crescerem cerca de 2 cm. 

DIMENSÕES 

Voltando para o sedã, modelo testado, a Honda sempre foi referência em espaço interno, e o City mantém essa tradição. Com 4,57 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,47 m de altura e 2,60 m de entre-eixos, ele oferece uma ótima opção para famílias grandes. 

Seu porta-malas de 519 litros é um dos maiores da categoria, superando até mesmo sedãs médios como o Civic (495 l), o Volkswagen Jetta GLI (510 l) e o Toyota Corolla (470 l). O espaço é muito bem aproveitado, mas o “pescoço de ganso” da tampa do porta-malas continua sendo um problema grave: atrapalha ao fechar com o compartimento cheio e pode danificar bagagens. Já passou da hora de resolver isso.

Na fileira traseira, o espaço para as pernas é excelente. Com o banco dianteiro ajustado para a minha posição de dirigir (tenho 1,88 m), sobra quase um palmo entre meus joelhos e o encosto. A altura do teto, porém, é limitada pela curvatura, o que pode ser desconfortável para pessoas mais altas. No geral, o aproveitamento do espaço impressiona. O City ainda oferece duas saídas de ar, tomadas USB, ótima posição para os pés e um apoio de braço escamoteável.

Por outro lado, para motoristas mais altos, o banco dianteiro não recua tanto, algo comum em diversos modelos da Honda. Isso faz com que os pés fiquem próximos aos pedais e as pernas não possam se esticar, o que pode ser cansativo em viagens longas. Por outro lado, a ergonomia compensa: o ajuste do volante e a posição dos comandos são muito bem pensados, e assim garante praticidade no dia a dia.

MOTORIZAÇÃO 

O casamento do City com o motor 1.5 é uma parceria duradoura e estável. Desde sua estreia no Brasil, o sedã sempre foi equipado com o propulsor 1.5 aspirado flex, que está em nova geração. Trata-se de um quatro cilindros de 16 válvulas que entrega 126 cv a 6.200 rpm e 15,5/15,8 kgfm de torque a 4.800 rpm (gasolina/etanol), sempre combinado com o câmbio CVT que simula até sete marchas.

Honda City
Honda City Foto: Luiz Forelli/Vrum

Os números de desempenho do City estão bem abaixo dos rivais com motor 1.0 turbo, especialmente no torque. No entanto, o grande destaque do modelo é o consumo. Em nossos testes com gasolina, ele fez 13,1 km/l na cidade e 16,5 km/l na estrada, alcançando facilmente mais de 17 km/l em algumas ocasiões. Mesmo em trânsito pesado, ainda manteve bons 8,3 km/l. É um resultado digno de tirar o chapéu, como diria Raul Gil.

Para quem busca um carro econômico, o City atende muito bem a essa expectativa. Porém, poderia ser ainda melhor se o tanque de combustível fosse maior, já que sua capacidade é de apenas 44 litros. Apesar de estar dentro da média do segmento, com números semelhantes aos concorrentes, isso significa que será necessário parar com certa frequência para reabastecer.

No asfalto paulistano, a suspensão McPherson na dianteira e o eixo de torção na traseira mostraram uma calibração muito boa e oferece um rodar bem agradável, mesmo em pavimentos mais desgastados. Apesar da sensação firme, a suspensão absorve bem os impactos com certa maciez e garante um bom nível de conforto na cabine. Porém, em buracos ou valetas maiores, o curso limitado da suspensão fica evidente e resulta em batidas secas.

E mesmo com ângulos de entrada baixos de 16,3º, o City não raspa com tanta facilidade. Consegue suprir bem valetas nesses casos. Outro destaque na cidade é o conforto a bordo, com um excelente isolamento acústico, não se ouve praticamente nada ao redor, nem as motos passando do lado. O ajuste elétrico do volante também mantém boa firmeza, tudo que já era visto no modelo passado. 

Honda City
Honda City Foto: Luiz Forelli/Vrum

Na estrada, o City não é ideal para quem gosta de respostas rápidas. Ele demora para reagir, e as ultrapassagens exigem paciência, algo condizente com o nome do carro, que traduzido significa “cidade”. Ou seja, em rodovias, a situação em ultrapassagens complica. O câmbio CVT também faz o motor gritar ao acelerar fundo, o que é de costume.

Por outro lado, a Honda aprimorou a harmonia e a resposta do câmbio CVT nessa geração. Em velocidades mais altas, o City desenvolve bem melhor, com o câmbio colaborando para embalar o carro. Isso é complementado pelo bom coeficiente aerodinâmico, que ajuda o fluxo de ar e melhora a performance.

Nos nossos testes, ele alcançou os 0 a 100 km/h em 10,1 segundos, o que ainda é aceitável para o segmento. Além disso, com 144 mm de altura do solo, o City demonstra boa estabilidade, sem oscilações da carroceria em velocidades altas. Já em velocidades de cruzeiro é um carro extremamente confortável, gostoso de guiar, volante possui o peso ideal e é silencioso. 

Em curvas ele se mantém firme. Dentro do seu porte, ele executa mudanças de direção com segurança, algo que a Honda sabe fazer bem. O volante, por sua vez, privilegia o conforto e apresenta uma resposta menos imediata. Já os freios têm uma sensibilidade precisa e executam o trabalho com eficiência.

EQUIPAMENTOS E INTERIOR 

O Honda City possui um interior bem-acabado, mantendo o padrão de qualidade que a marca costuma oferecer. Os materiais utilizados possuem boa montagem e encaixes precisos, sem falhas aparentes. 

Honda City
Honda City Foto: Luiz Forelli/Vrum

Apesar disso, o tabelier, o painel e o topo das portas são feitos de plástico rígido, o que pode desapontar os viúvos e viúvas do Civic. Ainda assim, a área inferior do painel, no lado do passageiro, conta com um detalhe em tecido e acabamento em preto brilhante, conferindo um toque de sofisticação.

A principal novidade desta linha está no freio de estacionamento eletrônico com função Brake Hold, um diferencial muito bem recebido, especialmente porque o City é o único sedã compacto da categoria a oferecer esse recurso. 

Honda City
Honda City Foto: Luiz Forelli/Vrum

Outra adição é o carregador de celular por indução. Os bancos merecem destaques, são bem acolchoados, confortáveis e oferecem ótimo suporte ao corpo.

O sistema multimídia, com tela de oito polegadas, também foi atualizado, embora as mudanças sejam sutis. Ele conta com conectividade sem fio para Apple CarPlay e Android Auto, possui um grafismo moderno e responde rapidamente aos comandos. Mesmo não oferecendo muitas funções adicionais, cumpre bem sua proposta para o dia a dia.

O ar-condicionado varia de acordo com a versão. Nesta configuração Touring, ele é digital de duas zonas, enquanto na versão LX não é automática, e nas versões EX e EXL é digital, mas ainda em uma única zona.

O painel de instrumentos, com tela TFT de sete polegadas, é parcialmente digital, algo que poderia ser a tela toda já. Porém, mesmo assim, a tela está localizada no lado esquerdo, é intuitiva, rápida e exibe informações essenciais de forma prática.

O volante, com assistência elétrica progressiva, tem uma boa empunhadura e peso adequado, entregando conforto e controle em diferentes condições de uso. Por fim, o sistema de som apresenta uma qualidade apenas razoável, sem grandes destaques.

O Honda City também oferece o sistema LaneWatch, uma câmera posicionada no retrovisor externo direito que amplia a visão do ponto cego quando a seta é acionada. Porém essa função pode atrapalhar muitos por conta da imagem da câmera parecer no multimídia, por isso pode ser desativado e ser acionado só quando o motorista preferir pela haste de seta. 

Entre os equipamentos de série desta versão, o modelo conta com freios ABS, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, alerta de pressão dos pneus, câmera de ré com sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, faróis em LED, rodas de liga leve de 16 polegadas e chave presencial com acionamento do motor à distância. Além disso, o volante multifuncional possui ajuste de altura e profundidade.

A versão Touring também traz o sistema Honda Sensing, presente a partir da opção EX (novidade incluída no facelift). Esse pacote inclui piloto automático adaptativo Stop & Go, assistente de permanência em faixa com centralização, alerta de colisão com frenagem automática, e ajuste automático de farol alto. Vale dizer que a versão LX, voltada ao público PCD, não possui o Honda Sensing.

As opções de cores disponíveis para o Honda City são: Branco Tafetá Sólido, Branco Topázio Perolizado, Prata Platinum Metálico, Cinza Basalto Metálico, Preto Cristal Perolizado e Azul Cósmico Metálico. 

RESUMO DA ÓPERA 

O Honda City é um sedã compacto que preza pela confiabilidade, como já é tradição da marca Honda. Seu consumo impressiona, digno de híbridos, combinado com um nível de conforto e refinamento superior ao de seus concorrentes, faz dele uma escolha atraente no segmento. 

O modelo se destaca ainda mais pelo espaço interno generoso, porta-malas amplo, e pela oferta de equipamentos que o tornam o mais completo da categoria. Ele é eficiente, econômico, confortável e entrega aquilo que promete, ainda que não alcance o patamar de sofisticação do Civic. 

Apesar de todos os seus méritos, o Honda City esbarra no preço de R$ 142.400, um valor considerável para a categoria. No entanto, quando comparado a rivais como o Toyota Corolla GLi, que parte de quase R$ 160 mil, ou do Volkswagen Virtus Highline, que custa R$ 145.990 mas peca em acabamento e consumo, o City consegue se posicionar bem. 

Ele equilibra tecnologia, economia e confiabilidade, fazendo jus ao que promete entregar. Para quem busca um sedã compacto bem equipado, econômico e com o padrão de qualidade da Honda, o City é uma escolha certeira, ainda que não arrisque em termos de uma motorização turbo que poderia ser mais atraente para perder um pouco de consumo. 

Ficha técnica
Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16V, injeção direta, flex
Potência: 126 cv a 6.200 rpm (E e G)
Torque: 15,8/15,5 kgfm a 4.000 rpm (E e G)
Câmbio: Automático, CVT, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Indep., McPherson (D); dependente por eixo de torção (T)
Freios: Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.)
Pneus: 185/55 R16
Tanque: 44 litros
Porta-malas: 519 litros
Peso: 1.135 kg


 
DIMENSÕES
Comprimento: 4,55 metros
Largura: 1,75 m
Altura: 1,48 m
Entre-eixos: 2,60 m