x
UAI
Vale a pena?

Citroën Basalt tem potencial para revolucionar os sedãs, mas não esconde suas falhas

SUV-Cupê se destaca pelo espaço interno e preços competitivos, mas poderia ser melhor

Publicidade
Basalt é a aposta da Citroën no mundo dos SUVs cupês e foi o carro mais vendido da marca em janeiro de 2025
Basalt é a aposta da Citroën no mundo dos SUVs cupês e foi o carro mais vendido da marca em janeiro de 2025 Foto: Maurício Campelo/Vrum

A Citroën tem um histórico de revoluções no mundo automotivo. Modelos como Traction Avant, 2CV, CX e o lendário DS com sua suspensão hidropneumática, marcaram época em tempos distantes. Esses modelos ajudaram a construir os mais de 100 anos da fabricante francesa, que teve no Basalt seu lançamento mais recente no Brasil.

Terceiro e último dos 3 carros planejados para o projeto C-Cubed, o Basalt chega após os criticados C3 e Aircross e cumpre o prometido pela Citroën de lançar três novos modelos para atualizar sua linha no Brasil.

O sedã dos anos 2020

Citroën Basalt First Edition
Citroën Basalt First Edition Foto: Maurício Campelo/EM/D.A Press

Em todo o planeta, os SUVs estão se tornando cada vez mais populares. Por aqui, a impressão pode ser de que todos os carros estão passando por essa “SUVização”. Com o perdão do neologismo, a Citroën não é a responsável por inventar o novo segmento, mas surfa na nova onda.

É possível considerar o Basalt um SUV-cupê, até porque atende quase todos os requisitos de SUV segundo o Inmetro, mas acredito que o modelo produzido em Porto Real está mais para um sedã que passou por esse processo de “SUVização”.

Até a Coluna C, o Basalt é praticamente o mesmo de C3 e Aircross. A diferença para o C3, por exemplo, está somente no para-choque frontal, que leva um detalhe pronunciado à frente, igual ao visto no Aircross.

Vale lembrar que carros com essa mescla de SUV-cupê com sedã não são novidades para a Citroën. Na Europa, modelos como C4X e C5 X abriram o caminho para a existência do Basalt.

Espaço de sobra

Para quem precisa de um carro espaçoso, o Basalt se destaca, lembrando justamente os…. Sedãs. São 2,64 metros de distância entre os eixos, ou seja, 16 cm a mais do que no C3. Esse espaço é crucial para que pessoas que usam o banco traseiro se sintam mais confortáveis em viagens.

O porta-malas tem 490 litros de capacidade no padrão VDA, número similar ao apresentado por diversos sedãs do mercado nacional.

Para efeito de comparação, o Fiat Cronos mede 2,52 m de entre-eixos e conta com 525 litros de porta-malas. No Chevrolet Onix Plus são 2,6 metros e 500 litros de capacidade, no Hyundai HB20S a distância entre os eixos é de 2,53 metros, enquanto o porta-malas comporta 475 litros. Mais caros que os rivais, o Volkswagen Virtus oferece 2,65 metros de entre-eixos e porta–malas para 521 litros.

Porta-malas conta com 490 litros; é menor que sedãs, mas supera outros SUVs
Porta-malas conta com 490 litros; é menor que sedãs, mas supera outros SUVs Foto: Maurício Campelo/Vrum

Portanto, o Basalt combina espaço de sedã, com altura e porte de SUV, uma combinação que tem bastante potencial no mercado. É bem verdade que o Fiat Fastback também usa uma receita parecida.

Em novembro, o Basalt vendeu 912 unidades. No mês seguinte o número cresceu para 962 unidades, e em janeiro de 2025, foi o Citroën mais vendido do país, com 1.206 unidades.

É importante ressaltar que 98,6% de unidades do Basalt foram comercializadas através da modalidade venda direta, ou seja, para quem possui CNPJ, taxistas, frotistas e PCDs. Considerando somente esta forma de negócios, o Basalt superou justamente o Fiat Fastback (1.190).

Espaço interno é um dos pontos fortes do Basalt
Espaço interno é um dos pontos fortes do Basalt Foto: Maurício Campelo/Vrum

Os números do mercado mostram que existe a demanda por um carro alto com muito espaço interno, mesclando o que os SUVs e os sedãs conseguem oferecer.

Equipamentos de série

Desde a versão Feel, o Basalt é equipado com 4 airbags, duas portas USB, ar-condicionado, multimídia de 10” com conexão sem fio, direção elétrica, câmera de ré, painel de instrumentos de 7”, volante com ajuste de altura, retrovisor elétrico, comando de som pelo volante e alarme.

Citroën Basalt
Ar-condicionado digital é um dos grandes diferenciais do Citroën Basalt Foto: Divulgação/Citroën

A versão intermediária Feel Turbo traz, obviamente, o motor 1.0 Turbo e a transmissão automática de 7 velocidades do tipo CVT.

A opção topo de linha é a Shine, que adiciona ar-condicionado automático e digital, controlador de velocidade, rodas de 17 polegadas com acabamento diamantado, sensor de estacionamento traseiro e bancos com revestimento premium.

Como anda o Citroën Basalt?

Equipado com motor 1.0 turbo de até 130 cv e 20,4 kgfm de torque, o Basalt topo de linha não decepciona em termos de desempenho. A transmissão casa bem com o motor e só deixa a desejar em algumas situações de retomada quando o carro não se mostra “atento”, entretanto, basta acionar o modo Sport que o comportamento se modifica completamente.

Citroën C3 You!
Motor 1.0 Turbo200 da Stellantis equipa modelos da Citroën, Peugeot e Fiat Foto: Luiz Forelli/Vrum

Com o modo esportivo acionado, o Basalt fica muito mais sensível aos toques no acelerador, e é ideal para realizar ultrapassagens, ainda que não necessário, afinal, o motor não é fraco.

Não o trate como esportivo

Se você quer um esportivo, está na marca errada. Procure um BMW X6 M Competition, ou até mesmo um Fastback Abarth se seu orçamento estiver curto. Se o desempenho em linha reta do Basalt é legal, o mesmo não se pode dizer em curvas.

A rolagem da carroceria nas curvas é acentuada e pode assustar motoristas que não estão acostumados. É sempre importante lembrar que o Basalt é alto e possui um elevado curso de suspensão, o que aumenta a rolagem de carroceria.

Citroën Basalt
Citroën Basalt Foto: Luiz Forelli/Vrum

Não passe dos limites da rodovia e o Basalt se comporta dentro do esperado, somente, talvez, com objetos atravessando a cabine de um lado para o outro.

Na cidade, o comportamento também é o esperado para um carro do segmento mais acessível. A suspensão é extremamente mole e busca um acerto tendendo para o lado do conforto, apesar da cabine balançar bastante.

A multimídia de 10 polegadas apresenta conexão sem fios e faz o esperado. Um ponto de crítica pode ser o sistema que compensa o ruído do motor elevando o som da multimídia. A ideia é boa, afinal, o motor é ruidoso em algumas situações, mas o volume demora para ficar mais elevado, e também demora para ser reduzido.

Citroën Basalt
Citroën Basalt Foto: Luiz Forelli/Vrum

O painel de instrumentos de 7” é bem simples, mas oferece tudo o que o motorista precisa. A versão topo de linha traz o ar-condicionado digital, que dá um toque de sofisticação extra ao Basalt.

Seria interessante se o pacote da versão Shine oferecesse itens como sensor de estacionamento dianteiro carregador de celular por indução, dois itens vendidos como acessórios para o Basalt, que custam R$ 596,78 e R$ 599, respectivamente.

Não espere consumo baixo

Segundo a ficha técnica, quando abastecido com etanol, o Basalt com motor turbo consegue percorrer 8,3 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada. Com gasolina, os números sobem para 11,9 km/l no ciclo urbano e 13,7 km/l no ciclo rodoviário.

Em nossos testes, o consumo urbano ficou na casa dos 6 km/l, sempre com ar-condicionado ligado.

Ruído excessivo e economias desnecessárias

Basalt abusa de acabamentos plásticos
Basalt abusa de acabamentos plásticos Foto: Mauricio Campelo/Vrum

O principal ponto do projeto C-Cubed desde seu lançamento é o ruído alto realizado pela ventoinha do motor, especialmente quando o ar-condicionado está em funcionamento. No Basalt, apesar do isolamento acústico um pouco melhor do que de C3 e Aircross, o som ainda é bem notável na cabine.

Outro ponto que pode incomodar é o excesso de plástico nas portas e no painel, mas é sempre importante lembrar que a ideia da nova família da Citroën é ser mais acessível.

Posição do comando dos vidros elétricos é ruim para motorista e ocupantes traseiros
Posição do comando dos vidros elétricos é ruim para motorista e ocupantes traseiros Foto: Mauricio Campelo/Vrum

O que na minha opinião poderia fazer o valor agregado do carro ser muito superior é o comando de vidro elétrico na porta e não no túnel central. Além de esquisito e contra-intuitivo, tanto para o motorista quanto para os ocupantes traseiros. Outro motivo para esta mudança é que, na Índia, o Basalt foi lançado com os comandos de vidros elétricos na porta, e o Brasil ficou “excluído” dessa atualização.

Preços e Rivais:

Citroën Basalt Feel 1.0 - R$ 99.490
Citroën Basalt Feel Turbo 200 - R$ 115.700
Citroën Basalt Shine Turbo 200 - R$ 117.100

*Segundo o configurador da Citroën, o modelo pode ser encontrado por R$ 91.990, R$ 99.990 e R$ 105.899, respectivamente.

Fiat Cronos Drive 1.0 - R$ 98.990
Hyundai HB20S Comfort Plus - R$ 103.010
Chevrolet Onix Plus 1.0 LT - R$ 105.490
Volkswagen Virtus Sense Manual - R$ 105.990

Fiat Cronos Drive 1.3 Automático - R$ 107.990
Chevrolet Onix Plus AT Turbo - R$ 116.070
Volkswagen Virtus TSI Automático - R$ 119.990
Hyundai HB20S Comfort Plus Tech Turbo - R$ 123.010


Vale a pena?

Independente da versão, acredito que o Basalt seja uma opção interessante para quem realiza transporte de passageiros, especialmente taxistas e motoristas de aplicativos. O porta-malas é bem generoso, assim como o espaço para passageiros.

A versão aspirada pode entregar o baixo consumo de combustível esperado por esses profissionais, apesar de ficar devendo alguns equipamentos mais rebuscados que fazem diferença no caso do Basalt, como os bancos com revestimento premium.

Quem não compra carro com emoção, terá no Basalt um ótimo custo-benefício, especialmente se esperar as promoções certas na hora de comprar.

O argumento do preço mais em conta, mecânica relativamente confiável e compartilhada com diversos outros carros da linha Fiat e Peugeot, além, claro, do espaço interno como trunfo.

Ficha Técnica Citroën Basalt Shine T200

Motor: 999 cm3, dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, turbo, injeção direta, 130 cv de potência a 5.750 rpm, 20,4 kgfm de torque a 20,4 kgfm, flex

Câmbio: automático do tipo CVT de sete marchas simuladas, tração dianteira

Direção: elétrica

Suspensão: McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira

Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira

Pneus: 205/60 R16

Dimensões: 4,34 metros de comprimento; 1,82 m de largura; 1,58 m de altura; 2,64 m de distância entre-eixos; porta-malas de 490 litros; e tanque de 47 litros


Consumo PBEV: Urbano: 11,9 km/l (gasolina) / 8,3 km/l (etanol) Estrada: 13,7 km/l (gasolina) / 9,6 km/l (etanol)