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Fiat Fastback: equilíbrio acima de tudo

SUV mais vendido da Fiat se destaca pelo equilíbrio, mas ainda fica bem abaixo de rivais em vendas

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Fiat Fastback produzidos a partir de abril já contarão com o equipamento instalado
Fiat Fastback produzidos a partir de abril já contarão com o equipamento instalado Foto: Luiz Forelli/Vrum

O Fiat Fastback foi lançado sob muita polêmica, muito por conta de “semelhanças visuais” com o BMW X6. Até hoje, o SUV da Fiat ainda chama a atenção por conta de sua silhueta e rende piadas nas redes sociais. Só que ele é bem mais do que isso, muito mais. 

O elefante na sala

O Fastback é bem fiel ao conceito homônimo apresentado em 2018 pela fabricante no Salão do Automóvel. O visual já é bem conhecido do público brasileiro e a dianteira é bem acertada, sendo uma evolução do design do Pulse. Para quem não gosta, ou está cansado, o modelo será atualizado em breve.

O caimento de teto é o principal destaque do Fastback, mas particularmente não me agrada, parece desproporcional. Porém, como diz o lema da escola alemã de design Bauhaus, a forma segue a função.

Fiat Fastback modelo 2023 cinza escuro porta-malas aberto e com malas dentro estático no gramado
Com 516 litros de capacidade, o porta-malas é um dos destaques do Fiat Fastback Foto: Fiat/Divulgação

Mas qual função é essa? Ser um SUV compacto, mas extremamente espaçoso, pelo menos para bagagens. O comprimento superior ao do Pulse e o caimento de teto do Fastback proporcionam justamente um porta-malas amplo. Segundo a Fiat, são 516 litros de capacidade volumétrica, embora a marca prefira divulgar 600 litros, o valor atingido com medição líquida. Esse é talvez o principal ponto de destaque do Fastback em comparação com seus principais rivais. 

VW T-Cross (420 litros) VW Nivus (415 litros), Chevrolet Tracker (393 litros), Hyundai Creta (422 litros), Renault Duster (475 litros) e Toyota Corolla Cross (440 litros), todos medidos em VDA, perdem para o SUV da Fiat. Na verdade, o Fastack supera até mesmo sedãs médios como o Nissan Sentra (466 litros), Toyota Corolla (470) e Volkswagen Jetta (510 litros).

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Caimento de teto é digno de um Fastback (o tipo de carroceria), mas modelo tem altura de SUV Foto: Estado de Minas

Apesar do destaque para o porta-malas, o Fastback fica devendo mesmo é no entre-eixos, que tem 2,53 metros, mesma distância que o Pulse, com quem divide plataforma. Os rivais vencem o Fastback neste quesito: T-Cross (2,65 m), Nivus (2,56 m), Creta (2,61 m), Corolla Cross (2,64 m), Duster (2,67 m), Tracker (2,57 m). 

Logo, a matemática é simples, quem precisa de mais espaço para passageiros, terá dificuldades no Fastback, enquanto quem precisa transportar muita bagagem, será melhor correspondido.

Versão intermediária

A versão cedida pela Fiat para nosso teste foi a intermediária Audace, que parte de R$ 155.990, mas na configuração apresentava custava R$ 160.570. Esse aumento de preço se dava por conta da cor Azul Amalfi (R$ 1.990) e pelo revestimento em couro ecológico dos bancos, que adicionam R$ 2.590 ao preço final.

Entre os principais itens de série estão: 

Ar-condicionado digital, multimídia de 10,1” com conexão sem fio, quatro airbags, frenagem automática de emergência, câmera de ré, direção elétrica, partida por botão, controle de cruzeiro, sensor de estacionamento traseiro, carregador de celular sem fio.

Como anda o Fastback Audace?

Fiat Fastback Hybrid
Cor Azul Amalfi estreou na linha 2025 do Fastback Foto: Luiz Forelli/Vrum

Para quem já teve experiências com o Fiat Pulse, por exemplo, o contato com o Fastback será muito semelhante. A cabine dos dois modelos é exatamente a mesma.

A principal diferença ao dirigir o fastback passa por se acostumar com as dimensões do SUV, que são um pouco maiores. Por conta do caimento do teto e do formato da carroceria, a visualização traseira é extremamente prejudicada. A câmera de ré ajuda, mas uma câmera 360° seria muito bem-vinda.

O comportamento dinâmico é interessante e bem justinho, mas nada que remeta à esportividade, essa é a pretensão da versão Abarth. A suspensão traseira, apesar de eixo de torção, consegue filtrar bem as imperfeições do solo, e tem comportamento à altura do esperado no segmento.

Apesar de mais comprido que o Pulse, o Fastback só denuncia essa dimensão exagerada em manobras. 

interior Fiat Fastback Hybrid Audace
Apesar de intermediária, versão traz ar-condicionado digital, partida por botão e remota e outros itens Foto: Maurício Campelo/Vrum

Um detalhe muito interessante do Fastback é o acionamento automático do freio de estacionamento quando o câmbio entra na posição P. Pode parecer besteira e perfumaria extra, mas essa função ajuda muito no dia-a-dia. 

A versão Audace traz painel de instrumentos analógico com o diferencial de dos ponteiros azuis, que fazem alusão à motorização híbrida e são um belo toque de design. Todavia, é curioso tentar observar o funcionamento da parte híbrida do sistema de propulsão pela pequena tela de LCD. Nesse ponto, o equipamento digital das versões Impetus fazem a diferença.

Motorização 

Fiat Pulse Hybrid
Motor T200 Hybrid Foto: Luiz Forelli/Vrum

Equipado com motor T200 Hybrid, uma evolução do conhecido 1.0 turbo T200, o Fastback é um híbrido-leve. Na prática, o impulso elétrico só atua em acelerações até 3 mil giros. Não espere números de consumos excelentes por ser híbrido. Na prática, esse conjunto é idêntico ao T200 tradicional. 

São 130 cv de potência no etanol, mas quando abastecido com gasolina os números caem para 125 cv. Independente do combustível, o torque será sempre de 20,4 kgfm. A transmissão é automática do tipo CVT, que cumpre bem o papel de simular 7 velocidades e permitir conforto ao rodar.

Fiat Pulse Hybrid
Bateria auxiliar fica abaixo do banco do motorista Foto: Luiz Forelli/Vrum

A aceleração não fica devendo e o Fastback alcança os 100 km/h em 9,4s no etanol, com o tempo utilizando gasolina sendo 0,3s mais lento.

Por ser um híbrido-leve, o não espere um consumo de combustível de outro mundo, somente um híbrido pleno ou plug-in poderá proporcionar esses números. Apesar disso, o Fastback Hybrid apresenta consumos interessantes.

Combustível Cidade Estrada
Etanol 8,9 km/l 9,8 km/l
Gasolina 12,6 km/l 13,9 km/l

Em nossos testes, o consumo foi de 12,1 km/l de média de gasolina em circuito misto, sempre com o ar-condicionado ligado.

Sabendo da parte técnica do motor, ou seja, que o conjunto híbrido-leve não será muito econômico, a única crítica ao conjunto é o fato do sistema sempre cortar o funcionamento do motor a combustão em paradas. A ideia é reduzir a emissão de poluentes e esse sistema colabora com isso, entretanto, em dias quentes, o ar-condicionado será desligado ao parar. Ao menos, basta mexer o volante para o motor voltar a funcionar. 

Conclusão

Fiat Fastback Hybrid
Fiat Fastback Hybrid Foto: Luiz Forelli/Vrum

O Fiat Fastback é um SUV excelente para quem precisa de muito espaço para bagagem, mas ainda consegue levar cinco passageiros com certo aperto, é bem verdade. O propulsor 1.0 turbo é mais do que suficiente para o uso urbano e para o uso em estradas e dependendo do pé do motorista, terá um consumo de combustível superior aos anunciados pelo Inmetro. 

O ponto de decisão entre o Fastback e seus concorrentes fica por conta de equipamentos de série e outros gostos peculiares como posição de dirigir, acabamento interno, entre outros. 

Com quase 50 mil unidades vendidas em 2024, o Fastback liderou a Fiat nesse quesito, mas foi apenas o 8º no segmento de SUVs. O comprador desse tipo de veículo é extremamente exigente e algumas simplicidades como o excesso de plástico simples no interior e ausência de um teto solar nas versões mais caras, pode pesar contra o Fastback.

Há opções melhores que o Fastback, é bem verdade, mas o SUV da Fiat não decepciona, talvez somente na tecnologia híbrida. Com um segmento com cada vez mais opções, a Fiat mostra que consegue entregar sim um produto interessante, mas talvez a versão que mais compense seja a de entrada, que custa R$ 120 mil.