Quando lançou a nova geração da Montana, em fevereiro deste ano, a própria Chevrolet afirmou que a caminhonete tem foco recreativo: "um SUV de caçamba", nas palavras do fabricante, sendo que a versão RS, que chegou em julho, parece levar essa ideia ainda mais a sério. Mas, se for necessário, a picape pode transportar carga sem "reclamar"? O VRUM fez um teste prático para descobrir a resposta.
A reportagem levou a Chevrolet Montana RS ao parque gráfico do jornal Estado de Minas, onde ela foi carregada com uma bobina de papel de 446kg. Com o peso do motorista (no caso, este jornalista que vos fala), foram cerca de 530kg: ou seja, valor próximo do máximo de 600kg admitido pela picape.
Nesse ponto, vale destacar que o veículo avaliado estava equipado com alguns acessórios homologados pelo fabricante, que estão à venda na rede de concessionárias. Entre eles, estão parafusos-trava nas rodas, ponteira esportiva de escapamento e estribos laterais: esses últimos não têm qualquer utilidade prática e ainda sujam a barra da calça dos ocupantes durante o embarque e o desembarque.
A picape trazia ainda uma capota marítima com abertura elétrica. É um acessório que traz praticidade, mas que, quando aberto, ocupa centímetros preciosos na superfície da caçamba. Por isso, acabou interferindo na acomodação da carga. Caso o veículo não tivesse esse item, teria sido possível acomodar a bobina tranquilamente dentro do compartimento, que tem 874 litros de volume.
Devido à citada perda de espaço, a solução foi posicionar o objeto um tanto para trás (deslocando ainda mais o centro de gravidade) e deixar a tampa aberta. A vantagem é que os oito ganchos presentes na caçamba facilitaram a amarração da carga. Ali, há ainda protetor, tampa com mola alívio de peso e trava elétrica, iluminação, duas entradas USB e tomada 12V.
Carregada, como a Chevrolet Montana RS anda?
O primeiro obstáculo foi a rampa de saída do parque gráfico, que forma uma vala na junção com a sarjeta. Pois a Chevrolet Montana RS passou sem raspar a dianteira ou a traseira e ganhou a rua com facilidade. Outros obstáculos tipicamente urbanos, como quebra-molas, também não causaram problema, já que a picape os transpôs igualmente sem esbarrões: por sua vez, a suspensão não chegou ao fim do curso.
O maior desafio acabou sendo um aclive bastante íngreme, ainda nas proximidades. Para tornar a situação mais difícil, em vez de subir "no embalo", a prova de fogo incluiu uma arrancada bem "ao pé da ladeira". A caminhonete teve dificuldade e derrapou bastante, fazendo os pneus cantarem alto. Porém, o fato é que ela cumpriu o objetivo, alcançando o topo e, consequentemente, a aprovação.
Ficou claro que o motor 1.2 turbo de três cilindros consegue proporcionar bom desempenho mesmo com peso na caçamba. Ele desenvolve 132cv de potência com gasolina e 133cv com etanol. Já o torque é de 19,4kgfm com o primeiro combustível e de 21,4kgfm com o segundo. São números mais que suficientes para os 1.310kg da picape. Durante o teste, o VRUM utilizou o derivado do petróleo.
Vazia, a picape também vai bem
No mais, quando vazia, a Chevrolet Montana RS demonstrou dirigibilidade semelhante à da versão Premier: isso não é surpresa, já que ambas compartilham a mesma mecânica. Na configuração top de linha, a picape traz visual mais esportivo, mas esse apelo é só estético mesmo.
O mesmo conjunto de suspensão que suportou bem aqueles 530kg de carga entrega um rodar confortável, graças à presença de molas helicoidais no eixo traseiro. Quando está leve, a caçamba "pula" um pouco em determinadas situações, mas o resultado é muito satisfatório para uma picape. E, isso, sem prejudicar a estabilidade, que também é boa para um veículo utilitário.
Por sua vez, a direção elétrica, leve em manobras e firme em alta velocidade, também exibe boa calibração. Na versão RS, a Chevrolet Montana vem unicamente com câmbio automático de seis marchas. Ele está bem-casado com o motor e faz trocas suaves, mas não espere por borboletas no volante, já que a operação sequencial se dá por meio de botões na alavanca. Já os freios utilizam tambores no eixo traseiro: em um veículo que pode concentrar muito peso na caçamba, seria conveniente o uso de discos.
Interior da Chevrolet Montana RS
or dentro, a Chevrolet Montana RS traz como diferenciações as costuras e os arremates vermelhos nos bancos e no painel. No mais, o acabamento segue o mesmo padrão das demais versões da gama e do SUV Tracker. Ou seja: os revestimentos internos são majoritariamente em plástico, mas há apliques emborrachados nos apoios de braços das portas dianteiras.
No que diz respeito ao espaço interno, o modelo não escapa de mazelas típicas das concorrentes diretas Fiat Strada e Renault Oroch: o banco traseiro tem encosto muito verticalizado e vão acanhado para as pernas. Porém, é verdade que a área para a cabeça, assim como a largura do assento, não deixam muita margem para reclamações.
Por sua vez, a posição de dirigir elevada, típica de SUV compacto, é ergonômica. O motorista dispõe de coluna de direção com duplo ajuste, em altura e distância. E o banco, que também é regulável em altura, apoia bem o corpo. O painel, que traz instrumentos analógicos, tem leitura fácil e comandos bem posicionados. Por fim, o console central traz muitos porta-objetos, sendo um deles com tampa, sob o apoio de braço.
Conectividade
Na versão RS, a Chevrolet Montana traz uma central multimídia com tela de oito polegadas e conectividade com as plataformas Android Auto e Apple CarPlay. Há ainda WI-Fi nativo,sistema On Star e carregador de celular por indução, além de entradas USB dos tipos A e C para os ocupantes dos bancos dianteiros e traseiro. O sistema mostrou-se intuitivo e fácil de usar. Detalhe interessante é o design, que integra o equipamento ao quadro de instrumentos.
Equipamentos da Chevrolet Montana RS
A versão RS é a mais completa (e cara) da gama da Chevrolet Montana. A caminhonete traz pacote fechado de equipamentos: ao comprador, cabe escolher unicamente a cor ou equipá-la com os tais acessórios homologados. A garantia é de 3 anos, sem limite de quilometragem. Confira os itens de série:
- EQUIPAMENTOS DE SÉRIE: Seis Airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), controles de estabilidade e tração, alarme anti-furto, assistente de partida em rampa, faróis de LED com luz de condução diurna, ar-condicionado digital (mas com com uma só zona de temperatura), central multimídia com tela sensível ao toque de 8 polegadas, integração sem fio com smartphones por meio de Android Auto e Apple Car Play, RadioAM/FM, Função Audio Streaming, Bluetooth para até 2 celulares simultaneamente, Entrada USB dupla – tipo A e tipo C, OnStar com Wi-Fi, acendimento automático dos faróis, protetor de caçamba, capota marítima, rodas de alumínio aro 17 polegadas diamantadas, volante multifuncional, câmera e sensores de ré, retrovisores elétricos, controlador de velocidade de cruzeiro e chave presencial com botão de partida.
- OPCIONAL: Pintura metálica (R$ 1.950).
Vale o preço?
O preço da Chevrolet Montana RS é de R$153.130: não é pouco, definitivamente. Do ponto de vista financeiro, parece mais interessante levar a versão LTZ, que abre mão de alguns equipamentos, mas já vem com câmbio automático e custa significativamente menos: R$142.040. Dinamicamente, ambas são idênticas e mantêm o foco no uso recreativo, mas o teste mostrou que elas são capazes de pegar no pesado se for preciso.
Ficha técnica da Chevrolet Montana RS
FICHA TÉCNICA | Chevrolet Montana RS 2024 |
MOTOR | Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12 válvulas, 75mm de diâmetro e 90,5mm de curso, 1.199cm³ de cilindrada, com turbocompressor, flex (a gasolina e etanol) |
POTÊNCIA | 132cv (gasolina) e 133cv (etanol) a 5.500rpm |
TORQUE | 19,4kgfm (g) e 21,4kgfm (e) a 2.000rpm |
TRANSMISSÃO | Tração dianteira, com câmbio automático de seis marchas |
SUSPENSÃO | Dianteira, independente, tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora; e traseira com eixo de torção e molas helicoidais |
RODAS E PNEUS | 7×17 polegadas (alumínio)/215/55 R17 |
DIREÇÃO | Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica |
FREIOS | A discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD |
CAPACIDADES | Do tanque, 44 litros; caçamba, 874 litros; e de carga útil (passageiros e bagagem), 600 quilos |
DIMENSÕES | Comprimento, 4,72m; largura, 1,80m; altura, 1,66m; e distância entre-eixos, 2,80m; altura em relação ao solo, 19,2cm |
PESO | 1.310 quilos |
PERFORMANCE | Velocidade máxima de 160km/h (e) Aceleração até 100km/h em 10,1 segundos (e) |
CONSUMO* | Cidade: 11,1km/l (g)/7,7km/l (e) Estrada: 13,3km/l (g)/9,3kml (e) |
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