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Chevrolet Prisma 1.0 LT - Nome velho, cara nova

Sedã compacto difere do hatch Onix, do qual é derivado, na traseira e agrada pelo desenho harmônico e bom espaço interno, mas o motor sofre quando o carro está pesado. Confira teste com o Chevrolet Prisma 1.0

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Foto:

Linha de cintura elevada proporciona discreto toque de esportividade


A General Motors garante que o novo seda compacto Prisma “passa longe da ideia de ser mero modelo três volumes do hatch Onix”, mas não há como negar as semelhanças entre os dois, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos. Desenvolvido no Brasil, o sedã não lembra em quase nada o seu antecessor, que já sofria com o peso dos anos. Com desenho moderno e equilibrado, seguindo as características da nova família Chevrolet, o Prisma traz ainda como atrativos um pacote de itens de série que tem airbags e freios ABS, mas faltam alguns equipamentos básicos. O conjunto mecânico é bom, porém o motor 1.0 é pouco para um carro com proposta familiar.

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DUPLA PERSONALIDADE?
A GM quer conferir ao novo modelo a ideia de que se trata de um esportivo com espaço de sedã. Muita calma, pois de esportivo o Prisma não tem quase nada. Se a montadora está se referindo ao visual, concordamos que está mais para moderninho do que esportivo. O seda compacto tem a mesma frente do Onix, com grade dividida em duas seções e faróis espichados nas laterais. Vincos no capô e formas musculosas garantem o aspecto robusto. A versão LT, de entrada, não traz faróis de neblina. O modelo tem a linha de cintura ascendente, que culmina em uma traseira mais elevada, com lanternas triangulares invadindo as laterais. No geral, o desenho é harmônico e agrada.

Painel é feito de plástico duro e os encaixes das peças são razoáveis



ESPAÇO Mas quem quer sedã quer espaço, e nisso o novo Prisma não decepciona. Apesar de ser derivado de um hatch compacto, o modelo oferece relativo conforto para quatro pessoas, além de um porta-malas que é um dos maiores da categoria. No banco traseiro fica ruim só para quem vai no meio, pois o túnel no assoalho rouba espaço para as pernas e ali falta o apoio de cabeça e o cinto de segurança é abdominal. O porta-malas é todo revestido com carpete, porém a tampa, apesar de ser leve, não tem acabamento pelo lado de dentro e se o motorista resolver puxá-la para fechar colocando os dedos nos buracos da estrutura de lata pode até se ferir. Além disso, a tampa usa o ultrapassado sistema de sustentação de alças, conhecido como pescoço de ganso, que rouba espaço quando fechada.

ACABAMENTO Por dentro, o novo Prisma segue o mesmo padrão do Onix, com plástico duro no painel, encaixes razoáveis e algumas folgas. A GM chama a atenção para a tecnologia aplicada no modelo, se referindo ao sistema multimídia MyLink, porém o painel de instrumentos esbanja simplicidade, já que conta apenas com velocímetro digital e conta-giros, sem computador de bordo (nem como opcional). Os bancos são relativamente confortáveis, revestidos com tecido, sendo o do motorista com regulagem de altura. O volante só tem ajuste de altura. A posição de dirigir é elevada e garante boa visibilidade.



PACOTÃO A GM quer atrair os consumidores para o Prisma chamando a atenção pelo pacote de itens de série. Porém, a isca é o sistema multimídia MyLink, opcional, que funciona por meio de uma tela sensível ao toque no painel, mas que se mostra confuso no primeiro momento. Ele dá a opção de GPS e atua em conjunto com o celular, caso haja compatibilidade, ampliando as opções de acesso. De série mesmo, o Prisma LT traz direção hidráulica, airbag duplo frontal, freios ABS com EBD, sensor de estacionamento, sistema que trava as portas ao atingir 15km/h, acendimento de luzes depois do destravamento das portas e chave canivete com abertura automática do porta-malas. O detalhe é que a tampa do compartimento de bagagem só abre com chave e com controle remoto. Não tem abertura interna. Os vidros dianteiros são elétricos e os traseiros na manivela. As rodas são de aço, com calotas de plástico.


DESEMPENHO O problema do Prisma 1.0 é realmente o motor. Para quem mora em uma cidade com topografia semelhante à de Belo Horizonte fica complicado. O motor, que já não agrada no Onix, que é mais leve, se mostra fraco em subidas, exigindo constantes trocas de marchas. Com quatro ocupantes, porta-malas cheio e ar-condicionado ligado, o desempenho é sofrível. Ele só esboça reação depois das 3.000rpm e nessa condição se torna muito ruidoso. Funciona bem com gasolina ou etanol e embalado na estrada até que anda bem, com retomadas de velocidade discretas. O câmbio tem bons engates e as marchas estão bem escalonadas. A direção foi bem calibrada e tem bom diâmetro de giro. As suspensões garantem boa estabilidade ao sedã, mas transferem as irregularidades do solo, causando desconforto. O sistema de freios com ABS e distribuição eletrônica de frenagem (EBD) funcionou de forma segura.

Painel de instrumentos é simples e não tem computador de bordo

Ficha técnica
Motor

Dianteiro, transversal, de quatro cilindros em linha, 999cm³ de cilindrada, oito válvulas, com potências máximas de 78cv (gasolina) e 80cv (etanol) a 6.400 rpm e torques de 9,5kgfm (gasolina) e 9,8kgfm (etanol) a 5.200rpm

Transmissão

Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

Suspensão/Rodas/Pneus

Dianteira independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira semi-independente, eixo de torção; 5 x 14 em aço; 185/70 R14

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Direção

Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

Freios

Discos sólidos na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD

Capacidades

Do tanque, 54 litros; de carga (passageiros e bagagem), 426kg

EQUIPAMENTOS:
DE SÉRIE
- Airbag duplo frontal, freios ABS com EBD, sensor de estacionamento traseiro, desembaçador do vidro traseiro, rodas de aço aro 14 polegadas com calotas integrais, maçanetas externas e cobertura dos retrovisores externos na cor do veículo, banco do motorista com ajuste de altura, direção hidráulica, coluna de direção com ajuste de altura, travas elétricas das portas e porta-malas, vidros dianteiros elétricos, alarme e chave canivete.

OPCIONAIS
- Ar-condicionado e sistema MyLink

Porta-malas tem capacidade maior que a declarada pelo fabricante



Quanto custa

O Chevrolet Prisma LT 1.0 tem preços que vão de R$ 34.990 a R$ 39.490.

Notas (0 a 10)

Desempenho    7
Espaço interno    8
Porta-malas    9
Suspensão/direção    8
Conforto/ergonomia    7
Itens de série/opcionais    7
Segurança    8
Estilo    8
Tecnologia    7
Acabamento    7
Custo/benefício    7


AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA

A pintura contém impurezas e imperfeições. O capô está desalinhado em relação às bases das colunas A (dianteira) e prolongamento do para-choque. As quatro portas estão desniveladas entre si e a carroceria, além das folgas fixas diferentes entre os dois lados. A tampa do porta-malas está descentralizada e desalinhada. NEGATIVO

VÃO DO MOTOR

O acesso à manutenção é limitado na parte posterior do motopropulsor. Tem proteção acústica somente no painel de fogo, com resultado em insonorização aceitável em relação ao habitáculo. O vão tem aspecto limpo e organizado. Os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. O capô é sustentado aberto por vareta manual e o ângulo de abertura satisfatório. REGULAR

ALTURA DO SOLO

Toda a parte inferior do motopropulsor tem proteção em aço vazada. Não ocorreram interferências com o solo em uma utilização mista do automóvel e, com carga útil de 420kg, ainda passa bem numa condução mais prudente. POSITIVO

CLIMATIZAÇÃO

Apresentou um bom funcionamento em geral. É por comando manual. Está bem vedado e a rumorosidade de funcionamento é satisfatória. No painel são quatro os difusores de ar, que têm boa angulação e vazão. São quatro as velocidades da caixa de ar e cinco as opções de direcionamento do fluxo. POSITIVO

FREIOS

Apresentaram bom comportamento dinâmico no uso misto. A desaceleração é eficiente, além de balanceada nos dois eixos. O ABS está bem calibrado e atuou com eficiência quando exigido, além de boa sensibilidade sobre piso de baixo atrito. O pedal de freio tem boa relação e sensibilidade. O freio de estacionamento atuou normal. POSITIVO

CÂMBIO

Apresentou bom funcionamento e as relações de marchas/diferencial são razoáveis para uma dirigibilidade normal no uso urbano e em rodovias, mas as trocas são constantes para ter uma dinâmica aceitável em uma topografia mais irregular. A qualidade de engate é ótima. Tem inibidor de marcha a ré e a rumorosidade de funcionamento do trambulador é aceitável. POSITIVO

Falta apoio de cabeça central e cinto do meio não é de três pontos



MOTOR

Não tem brilho dinâmico e a performance é discreta, mas as retomadas de velocidade e aceleração são razoáveis para a sua cilindrada. Com o veículo carregado, o ar-condicionado ligado e trafegando em uma topografia mais irregular, a perda no rendimento é grande, sendo necessário manter a rotação acima de 3.500rpm e usar constantemente o câmbio. Nas arrancadas em subida forte, deve-se manter a rotação na faixa de torque máximo (5.200rpm), e com o veículo carregado consegue-se sair da inércia, mas lentamente. O motor gira até 6.800rpm e só tem 80cv (etanol) aos 6.400rpm, e o torque máximo é de 9,8kgfm, o que lembra um cabeçote com arquitetura 16V, e não 8V como nesse motor. POSITIVO

VEDAÇÃO

Boa contra água e poeira. POSITIVO

NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS

O efeito aerodinâmico é contido até 110km/h, passando a crescente em um nível aceitável. Os ruídos no habitáculo são significativos e surgem ao trafegar sobre pisos irregulares. REGULAR

SUSPENSÃO

Mesmo utilizando pneus da série 70, o conforto de marcha não tem um bom acerto, devido à transferência evidente das imperfeições do solo para dentro. Um melhor estudo da calibragem dos pneus, indicada pela fábrica de 35 libras nas quatro rodas (vazio ou carregado), teria ganhos significativos. A estabilidade é boa, com ótima precisão em curvas de raios variados e com pouca inclinação da carroceria. REGULAR

DIREÇÃO

As cargas do sistema assistido estão bem definidas para o uso misto, mas em rodovias, com o veículo carregado e em velocidade, tornam-se mais sensíveis e mais leves as suas reações, mas em nível aceitável. A coluna de direção tem ajuste somente em altura, com bom curso, e o volante boa pega. O diâmetro de giro é bom e a velocidade do efeito retorno agrada. A precisão na reta e em curvas é muito boa. A rumorosidade do conjunto é baixa. POSITIVO

ILUMINAÇÃO

O quadro de instrumentos tem iluminação permanente e os interruptores elétricos nos painéis de porta são de fácil identificação noturna. No teto há pequena lanterna retangular próxima ao retrovisor, com resultado discreto em iluminação. Há luz de cortesia no porta-malas e porta-luvas. O grupo óptico dianteiro é com parábola simples e apresentou eficiência normal no baixo/alto. Não tem o auxílio de faróis de neblina. Não tem regulagem elétrica de altura do facho em função da carga transportada nem sensor crepuscular. POSITIVO

Modelo tem desempenho harmônico entre a frente e a parte traseira



ESTEPE/MACACO

O estepe é do tipo temporário e com velocidade máxima limitada a 80km/h. Está instalado no assoalho, dentro do porta-malas. A operação de troca é normal, mas a funcionalidade e a praticidade são negativas. As calotas integrais são fixadas no aro pelos parafusos de roda, o que inibe o furto. NEGATIVO

LIMPADOR DO PARA-BRISA

Não tem sensor de chuva. Os esguichos no para-brisa, que têm boa vazão, são do tipo spray em V e atingem uma boa área. As palhetas apresentaram boa qualidade. É fácil o acesso ao reservatório de água instalado dentro do vão do motor. POSITIVO

FERRAMENTAS

Tem uma chave de fenda combinada com Phillips. POSITIVO

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ALARME

Ao dar comando por controle remoto inserido na chave de ignição, que é codificada para travar as portas, os vidros das portas dianteiras sobem automaticamente e o sistema antiesmagamento funcionou com precisão. Tem proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica contra a invasão do habitáculo pela quebra dos vidros. POSITIVO

VOLUME DO PORTA-MALAS

O declarado pela fabrica é de 500 litros e o encontrado na nossa medição foi de 520 litros, mesmo prejudicado pelo sistema de suportes laterais que invadem o vão de carga.

Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan
(www.danieltecnodan.wordpress.com)