Lançado há dois anos, o Fiat Cronos ajudou a inaugurar uma nova geração de sedãs compactos premium no mercado nacional. Mesmo saindo à frente da maioria dos atuais concorrentes do segmento, o modelo não se transformou em um queridinho, sendo o 33º automóvel mais vendido do país em 2019, com 24.080 emplacamentos. Para comparar, o Volkswagen Virtus teve 46.876 unidades vendidas nesse mesmo período. O Toyota Yaris Sedã, cuja versão de entrada é R$ 9 mil mais cara em relação ao Cronos mais simples, vendeu 29.759 unidades. Até o Chevrolet Onix Plus, com apenas três meses de vendas e um histórico precoce de recall, registrou 26.852 emplacamentos.
Para entender por que o sedã fabricado na Argentina não está no topo desta lista, testamos a versão Drive com motor 1.8, oferecido apenas em parceria com câmbio automático, que custa R$ 69.990. Cabe registrar que o Cronos é o único modelo da Fiat que ainda oferece o câmbio automatizado de uma embreagem GSR (favor não confundir o câmbio automático da unidade testada!), em versão equipada com motor 1.3 Firefly (por R$ 66.690). Logo, a iminente retirada desse câmbio do mercado reforça as ressalvas que sempre fizemos a seu respeito: desconforto das trocas de marcha, manutenção dispendiosa e dificuldade na revenda.
A BORDO De todos os concorrentes do segmento, o Cronos é o que tem menor comprimento e entre-eixos, medida intimamente ligada ao espaço interno. Para ceder espaço para as pernas, a solução foi encurtar os assentos. Mas quem paga por isso são os passageiros, que sofrem com o desconforto. O banco traseiro só acomoda sem aperto dois passageiro, o que é comum em um compacto. Nem o motorista é poupado. Como o volante não tem regulagem em distância (apenas de altura), é difícil encontrar uma boa posição de pilotagem. Já o porta-malas é dos maiores, com volume de 525 litros, abrigando ainda o estepe. Mas falta acabamento na parte de cima do compartimento. Outra mancada é que, na versão testada, não há opção de rebater o banco traseiro para estender o porta-malas.
O acabamento abusa do uso do plástico, mas sempre com aspecto e toque agradáveis. Os bancos são revestidos em tecido, mesmo material presente em um aplique nos painéis de porta dianteiros. Já a forração do teto tem tecido com aspecto pobre. Tapetes são de borracha. Já a montagem deixa a desejar. O aplique horizontal que quebra a monotonia do painel tem uma pequena fenda. A unidade testada também apresentava muito ruído emitido pela vibração dos componentes do acabamento interno, característica apresentada por vários modelos da marca.
CONECTIVIDADE A central multimídia Uconnect com tela tátil de sete polegadas é item de série na versão testada. A principal função é o espelhamento com smartphones no display do veículo pelos sistemas Android Auto e Apple CarPlay, que permite o uso de aplicativos como o Waze, o que compensa um pouco a falta de navegação nativa. A telefonia oferece leitura de mensagens SMS. As mídias disponíveis são rádio, Bluetooth (com streaming), duas entradas USB (sendo que uma está acessível para os passageiros do banco traseiro) e auxiliar. Além de sistema de reconhecimento de voz para várias funções, existem comando de áudio e telefone no volante. A câmera de ré é um opcional.
RODANDO Na cidade, pisando leve no acelerador, o modelo desenvolve gradualmente. O velho motor 1.8 E.torQ até fornece bons números de potência e torque, mas a gestão do câmbio tenta segurar um pouco seu desempenho. Ainda assim, o consumo de combustível é elevado. Porém, se o objetivo é uma tocada mais dinâmica, basta pisar fundo no pedal da direita para que o câmbio desça uma ou duas marchas, subindo o giro e entregando mais performance.
Na estrada, o Cronos não demora a ganhar ritmo, explorando toda a linha do conta-giros até atingir a velocidade de cruzeiro e se acomodar em um ponto onde o consumo é menor. Por este motivo, o câmbio deveria ter a opção do modo esportivo para manter as rotações elevadas. De qualquer forma, sempre há opção de trocas manuais, nesta versão na própria alavanca de câmbio. Sobre piso irregular, o conforto da suspensão é notável. A direção tem assistência elétrica, com pesos adequados para cada situação.
CONCORRENTES O nível de equipamentos de série da versão Drive 1.8 AT6 é bem básico, se destacando pelos controles de tração e estabilidade. Por outro lado, rodas de aço e vidros elétricos apenas nas portas dianteiras são um excesso de simplicidade para um veículo que custa R$ 69.990. Outros itens como airbags frontais, assistente de partida em rampa, ar-condicionado e sistema multimídia estão na média. Mas, de forma geral, a concorrência oferece mais itens. Quem “quebrou” o segmento foi o Chevrolet Onix Plus, que, na versão LTZ 1.0 Turbo AT (R$ 71.590), se diferencia com itens como seis airbags, chave presencial, assistente de frenagem de emergência e sensor crepuscular.
O VW Virtus Comfortline 200 TSI é bem mais caro (R$ 78.590), e traz quatro airbags, bloqueio do diferencial, rodas de liga leve de 15 polegadas, faróis de neblina, volante com ajuste em altura e distância. Já o Honda City LX 1.5 CVT (R$ 75.600) é o único a dever controle de tração e estabilidade, além de outros itens, e ainda precisa de uma renovação urgente para tentar continuar no páreo. O Toyota Yaris Sedã XL 1.5 CVT tem preço (R$ 69.990) e pacote muito parecido com o do Cronos testado, se abstendo do sistema multimídia, mas adotando rodas de liga leve de 15 polegadas.
FICHA TÉCNICA
MOTOR (*)
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.747cm³ de cilindrada, flex, que desenvolve potências máximas de 135cv (com gasolina) e 139cv (com etanol) a 5.750rpm e torques máximos de 18,7kgfm (g) e 19,2 (e) a 3.750rpm
TRANSMISSÃO (*)
Tração dianteira, com câmbio automático de seis velocidades
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS (*)
Dianteira, independente tipo McPherson, com braços oscilantes inferiores transversais e barra
estabilizadora; e traseira tipo eixo de torção, com rodas semi-independentes/ de aço estampado 6 x 15 polegadas/185/60 R15
DIREÇÃO (*)
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS (*)
Com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com assistência ABS
CAPACIDADES (*)
Do tanque, 48 litros; porta-malas, 525 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 400 quilos
PESO (*)
1.243 quilos
DIMENSÕES (*)
comprimento, 4,36m; largura, 1,72m; altura, 1,51m; distância entre-eixos, 2,52m
DESEMPENHO (*)
Velocidade máxima - 194km/h(g)/196km/h(e)
Aceleração até 100km/h (segundos) - 10,8(g)/9,9(e)
CONSUMO (**)
Cidade - 10,3km/l(g)/7,2km/l(e)
Estrada - 13,3km/l(g)/9,6km/l(e)
(*) Dados dos fabricantes
(**) Dados do Inmetro
(g) gasolina; (e) etanol
EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Airbags frontais; freios ABS com EBD; controle eletrônico de tração e estabilidade; sinalização de frenagem de emergência; Isofix; assistente de partida em aclive; sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico; monitoramento de pressão dos pneus; travas elétricas; vidros elétricos dianteiros; ar-condicionado; banco do motorista com regulagem de altura; volante com comandos de rádio e telefone e regulagem de altura; chave canivete; desembaçador do vidro traseiro; iluminação do porta-malas; alarme; computador de bordo; quadro de instrumentos com tela de 3,5 polegadas; predisposição para rádio (dois alto-falantes dianteiros, dois traseiros, dois tweeters e antena); tomada de 12V; central multimídia Uconnect.
OPCIONAIS
Kit Convenience (R$ 2.950), com vidros elétricos traseiros, ar-condicionado digital, ajustes elétricos nos retrovisores com luzes de direção integradas e função Tilt Down e câmera de ré; pintura metálica (R$ 1.750).
QUANTO CUSTA
O Fiat Cronos 1.8 AT6 Drive tem preço sugerido de R$ 69.990. Com os equipamentos descritos, a unidade testada custa R$ 74.690.
Notas (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 7
Porta-malas 8
Suspensão/direção 9
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 7
Segurança 8
Estilo 8
Consumo 7
Tecnologia 8
Acabamento 8
Custo/benefício 8