O Bravo demorou um pouco para desembarcar no Brasil. Mesmo com esse atraso, o carro ainda chegou por aqui com um design arrojado, sem perder o equilíbrio das linhas, embora haja quem o veja apenas como uma versão ampliada do Punto. Além do visual moderno, o hatch médio também surgiu como uma referência tecnológica da marca italiana, incorporando alguns equipamentos de conforto e segurança que eram inéditos nesse segmento. E a versão topo de linha, a esportiva T-Jet, que é importada da Itália, quer ser um resumo de todas essas qualidades.
Como o Bravo é um modelo cujas linhas já têm um apelo esportivo, o que a Fiat fez foi realçar essa caracterítisca, sem ter que recorrer a muitos “penduricalhos”. Os faróis de duplo refletor ganharam máscara negra. De perfil, destacam-se as rodas maiores (de 17 polegadas), que têm bonito desenho e são exclusivas e mais vazadas, deixando à mostra as pinças de freio pintadas na cor vermelha, como convém à aparência de uma versão mais apimentada. As maçanetas na cor da carroceria e a coluna central na cor preta ajudam a realçar a linha de cintura ascendente. Na traseira, a saída de escape é dupla e do lado esquerdo. Como a unidade avaliada é vermelha, as lanternas traseiras, que têm lentes da mesma cor, parecem mais integradas. A sigla T-Jet só aparece de forma discreta na grade dianteira e na tampa traseira.
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POR DENTRO
Predominantemente na cor preta, o acabamento interno é de boa qualidade e mistura detalhes que realçam a esportividade, como material que imita fibra de carbono no painel e parte do console; cobertura de alumínio nos pedais; e costuras vermelhas aparentes nos bancos, volante e coifa da alavanca de marchas. Para quebrar esse clima e misturar um pouco de sobriedade, há plásticos na cor cinza nas portas, base da alavanca de câmbio e nos aros das saídas de ar do sistema de ventilação. O couro está presente nos bancos, painéis de porta, volante e coifas das alavancas de marchas e do freio de estacionamento. O painel tem instrumentos de fácil visualização noturna, mas durante o dia são confusos. No centro, a tela do computador de bordo pode ser configurada para informar desde a pressão do turbo até a regulagem de altura dos fachos dos faróis.
TECNOLOGIA
O Bravo T-Jet tem um amplo pacote tecnológico, embora a maioria das boas novidades esteja disponível somente como opcional. De série, destacam-se itens como controles de estabilidade e tração, sistema Hill Holder (que segura o carro enquanto você arranca na subida) e ar-condicionado de duas zonas. Infelizmente, o carro não sai de fábrica com airbags laterais e de cortina, que estão incluídos no Pack Safety, junto com a bolsa inflável para proteger o joelho do motorista. De qualquer forma, se o cliente quiser pode equipar o modelo com sistema de monitoramento da pressão dos pneus (que avisa o motorista quando um deles não está com a pressão adequada), item pouco comum nesse segmento. Outro opcional interessante é o sistema de navegação com comando vocal.
HABITÁCULO
O espaço interno oferece conforto para quatro adultos, sendo que o banco traseiro não acomoda bem pessoas com mais de 1,80m de altura e quem senta no meio é incomodado pelo apoio de braço embutido no encosto. Com as regulagens da coluna de direção (em altura e distância) e do banco, o motorista encontra fácil uma boa posição de dirigir. Os sensores de estacionamento traseiros são muito bem-vindos, pois a visibilidade traseira é ruim. O porta-malas tem capacidade (de 360 litros) compatível com a de um hatch médio e bom acesso, mas falta rede para pequenos objetos.
RODANDO
Depois de dirigir o Bravo T-Jet, descobri porque a Fiat destaca tanto a tecla Overboost na propaganda do carro. É que o comportamento do motor 1.4 muda bastante depois que se aperta essa tecla mágica do lado direito do painel. A pressão do turbo aumenta e o carro se transforma em um esportivo verdadeiro, com volante duro e tudo. É que falta fôlego em baixas rotações. O câmbio tem relações bem escalonadas, mas os engates poderiam ser mais precisos. A suspensão privilegia a estabilidade, pois o carro é grudado no chão. Mas não absorve bem as imperfeições do piso. Também contribuem para o desconforto os pneus de perfil muito baixo, pouco adequados às péssimas condições de nossas vias públicas. Destaque para a eficiência dos freios, em qualquer situação.
PONTO FINAL
A seu favor, essa versão esportiva e topo de linha do Bravo tem o bom nível do acabamento, o desempenho em altas rotações, a estabilidade excelente e o pacote tecnológico, que inclui itens opcionais muito interessantes. Mas se o cliente colocar tudo isso na cesta, vai pagar um preço bem salgado ao passar no caixa. Contra, pesam a falta de fôlego em baixa, o desconforto da suspensão e o espaço no banco traseiro.
O MÉDIO NA MIRA
Conheça os detalhes técnicos da versão esportiva do Bravo e saiba como ela se saiu nas avaliações
AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
O acabamento da pintura não é bom, pois contém alguns pontos com impurezas e imperfeições. As quatro portas têm montagem razoável, em nivelamento entre si e a carroceria, mas têm folgas fixas diferentes entre os dois lados. A tampa traseira está descentralizada. O capô tem montagem aceitável. NEGATIVO
VÃO DO MOTOR
O acesso à manutenção é razoável e a sistematização dos vários componentes está benfeita. Os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. O resultado do isolamento acústico do vão, em relação ao habitáculo, é aceitável. POSITIVO
ALTURA DO SOLO
Mesmo numa condução normal, e mais prudente, ocorreram algumas interferências com o solo, no defletor instalado na base inferior do para-choque dianteiro e na chapa protetora do motopropulsor quando o carro passa sobre piso irregular e em saídas de garagem com desnível. REGULAR
CLIMATIZAÇÃO
Sistema é automático digital e apresentou bom funcionamento. Existe opção de regulagem de temperatura diferenciada para condutor e passageiro e um difusor de ar específico para os passageiros de trás. POSITIVO
FREIOS
Apresentaram bom comportamento dinâmico no uso em geral. Pedal de freio tem boa sensibilidade e reação. O ABS atuou com eficiência e teve boa resposta. Depois de uso severo e bem esportivo, com frenagens fortes antes de curvas sequenciais em longa descida sinuosa, a resistência térmica foi satisfatória. A desaceleração é muito boa, sem afundamento exagerado do eixo dianteiro, e com manutenção da trajetória imposta. Função Hill Holder, que não deixa recuar em pisos inclinados, é muito útil. POSITIVO
CÂMBIO
As relações de marchas/diferencial satisfazem a dirigibilidade no uso urbano e em rodovias, ajudado pela curva plana de torque do motor (de 2.250rpm a 4.500rpm). A velocidade máxima do veiculo se dá em 6ª marcha (206km/h) no plano e com carga média. A qualidade de engate é apenas aceitável, pois ocorre falta de precisão e maciez nas trocas rápidas e em algumas situações no trânsito urbano que incomodam. REGULAR
MOTOR
A performance é apenas razoável para o 1.370 quilos do veículo e cilindrada de 1.4 litro, ajudados pelo turbo/intercooler, que estão bem dimensionados e calibrados, e pelo câmbio com seis marchas. Os valores de potência e torque máximos são iguais aos do Punto e Linea T-JET, mas merecia um upgrade nesta versão do Bravo. Com a atuação eficiente do turbo, sem trancos, a aceleração é rápida e as retomadas de velocidade são boas. Com carga máxima e ar-condicionado ligado, o hatch ainda rende satisfatoriamente, e o uso constante do overbooster tem ganho significativo na dinâmica. REGULAR
VEDAÇÃO
Boa contra água e poeira. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
Ao trafegar sobre piso de paralelepípedo, terra e asfalto ruim, surgem vários pequenos ruídos no habitáculo. O efeito aerodinâmico é razoável até 120km/h, sendo crescente e de fácil percepção auditiva. NEGATIVO
SUSPENSÃO
A estabilidade é boa e o carro contorna curvas de raios variados (asfalto liso/seco), em velocidades elevadas, com precisão e rapidez e inclinação moderada da carroceria. O conforto de marcha é aceitável para a proposta esportiva desta versão, mas as imperfeições do solo são transferidas com intensidade para dentro. E os pneus da série 45 não contribuem para o conforto, além de serem extremamente vulneráveis a buracos, comuns em ruas e rodovias no Brasil. O sistema eletrônico ASR atuou com precisão e até precocemente em algumas situações de início da alteração da estabilidade direcional e lateral. REGULAR
DIREÇÃO
O diâmetro de giro com 10,7 metros é aceitável, favorecido pelo conforto/leveza da assistência elétrica dualdrive. A velocidade do efeito-retorno é boa. Apresentou boa precisão na reta e em curvas, com reações seguras e ótima rapidez de resposta. O volante tem boa pega e a coluna de direção, ajuste manual em altura e distância. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
O quadro de instrumentos deveria ter iluminação permanente e fundo claro, pois é ruim a leitura diurna, principalmente numa condução esportiva. O sistema tem sensor crepuscular. Existe luz de cortesia nos para-sóis, porta-malas e porta-luvas. Na zona do teto, há dupla lanterna/spots fixos em plafonier, junto ao retrovisor, e duas lanternas nas laterais traseiras, com resultado positivo em iluminação. O grupo óptico dianteiro tem construção com duplo refletor (xênon na luz baixa) e conta com auxílio de faróis de neblina embutidos no para-choque, além de regulagem automática de altura, em função da carga transportada, e lavadores das lentes. O conjunto apresentou boa eficiência no baixo e no alto, com boa qualidade em abertura, alcance e claridade, mas ocorre trepidação do facho baixo quando o carro roda sobre piso irregular. Conforme o grau de esterçamento do volante, uma luz adicional ilumina as áreas laterais dianteiras. POSITIVO
LIMPADOR DE PARA-BRISA
A qualidade das palhetas (dianteiras e traseira) é boa, varrem uma ótima área no para-brisa/vidro traseiro, e a vazão dos esguichos satisfaz. O sistema tem sensor de chuva e é fácil o acesso ao reservatório de água, instalado dentro do vão do motor. POSITIVO
ESTEPE/MACACO
O estepe está dentro do porta-malas. A roda é feita em aço e o pneu, diferente dos de uso, em medida e fabricante, e com indicação da fábrica de velocidade máxima de 80km/h. Há porca auto-adaptadora antifurto. A operação de troca é normal, mas essa solução de pneu reserva diferente dos de uso não é prática nem funcional no Brasil, principalmente em viagens mais longas. REGULAR
FERRAMENTAS
Há uma chave de fenda combinada com Philips. POSITIVO
ALARME
O sistema é completo, com chave de ignição do tipo canivete codificada, proteção volumétrica dentro do habitáculo e perimétrica das partes móveis. A função antiesmagamento
dos vidros atuou com precisão. POSITIVO
VOLUME DO PORTA-MALAS
A capacidade declarada é de 400 litros, e a encontrada, de 360 litros, com a tampa do bagagito fechada e triângulo
de segurança dentro do porta-malas. Mas é prejudicada pela caixa de som subwoofer.
(*) Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, a gasolina, 1.368cm³ de cilindrada, 16 válvulas, que desenvolve 152cv de potência máxima a 5.500rom e 23kgfm de torque máximo a 3.000rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio manual de seis velocidades
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
SUSPENSÕES/RODAS/PNEUS
Dianteira, do tipo McPherson, com rodas independentes e braços oscilantes ligados a uma travessa auxiliar, com barra estabilizadora; e traseira, travessa de torção de seção aberta, com rodas semi-independentes e barra estabilizadora / 7 x 17 polegadas, em liga leve / 215/45 R17
FREIOS
A disco nas quatro rodas, sendo ventilado na dianteira e sólido na traseira
CAPACIDADES
Do tanque, 58 litros; de carga (passageiros e bagagem), 400 quilos; e do porta-malas, 360 litros
EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Conforto/conveniência – Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, porta-objetos refrigerado no console central, ar-condicionado automático de duas zonas, regulagem de altura do banco do motorista, sistema Blue&Me (baseado no Windows Mobile, operado por comando de voz, com entrada USB e viva-voz Bluetooth, que inclui volante com cobertura em couro e comandos do rádio e telefone), chave do tipo canivete (com comando para portas, vidros e porta-malas), controle automático de velocidade, sistema que auxilia nas arrancadas em subida, sistema My Car de personalização, CD Player com MP3, sensor de estacionamento traseiro, volante com regulagem de altura e distância e comando elétrico de vidros, trava e retrovisores.
Aparência – Máscara negra nos faróis, pinças de freio na cor vermelha, grade frontal com acabamento cromado, iluminação das maçanetas e no console central com efeito “night design”, maçanetas e minissaias laterais na cor do veículo, painel de instrumentos com detalhes que imitam fibra de carbono, para-brisa degradê, vidros verdes, ponteira de escapamento cromada e rodas em liga leve de 17 polegadas.
Segurança – Freios ABS, airbag frontal duplo, alarme antifurto, terceira luz de freio, cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos ocupantes, controles eletrônicos de tração e estabilidade, faróis de neblina e sistema isofix para cadeira infantil.
OPCIONAIS
Airbags laterais, de cortina e de joelho; apoios de cabeça com efeito antichicote, bancos revestidos em couro, faróis com luzes de xênon com limpador automático, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, teto solar Skydome, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, sensores de chuva e crepuscular, sistema de navegação por satélite (com comando por voz), som hi-fi com subwoofer, sensor de estacionamento dianteiro e kit parafusos antifurto das rodas.
QUANTO CUSTA
O Fiat Bravo T-Jet 1.4 16V Turbo tem preço sugerido de R$ 68.950. Com todos os opcionais, sobe para R$ 88.699.
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NOTAS (0 A 10)
Desempenho 8
Espaço interno 7
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 8
Segurança 9
Estilo 8
Consumo 7
Tecnologia 9
Acabamento 8
Custo/benefício 8
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Não me convenceu, e como foi homologado o conjunto mecânico, não caberia mesmo o adjetivo Abarth. Falta potência e dinâmica no uso misto e só melhora e dá mais prazer na condução com uso constante do Overbooster. Merecia esse mesmo motor, mas com uma nova calibração mecânica e configuração eletrônica, com ganho real de, no mínimo, 15cv; um câmbio com as seis relações de marchas bem próximas; e um diferencial bem estudado para atender melhor no uso urbano e em rodovias. O Bravo T-Jet fica devendo em rendimento.
(Daniel Ribeiro Filho, engenheiro mecânico)