Dois dos segmentos que mais ganham espaço no mercado automotivo são os hatches médios e os compactos premium e a justificativa é o poder de compra do consumidor brasileiro, que aumentou nos últimos anos. Geralmente, quem opta por um hatch mais caro, como os Fiat Bravo Sporting e Punto T-Jet, são jovens em ascensão na vida profissional e podem desembolsar uma quantia maior para ter o carro que mais se encaixa com seu perfil.
Bravo Sporting e Punto T-Jet são modelos com propostas distintas um do outro, o que pode fazer pensar que alguém que esteja interessado no Bravo, não procure o Punto ou vice-versa. Mas a dúvida entre eles é algo bem mais comum. O motivo: preço.
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Os dois modelos custam na faixa dos R$ 60 mil, se considerar o preço básico, custam um pouco menos, mas podem passar dos R$ 65 mil se forem equipados com todos os opcionais disponíveis.
Enquanto um oferece desempenho esportivo de verdade em uma carroceria mais compacta, o outro tem rendimento mediano, porém, já está em uma categoria superior e oferece mais luxo e conforto.
Apesar de levar a nomenclatura 'Sporting', o Bravo aposta muito mais no luxo para conquistar o consumidor do que na 'bravura'. O Punto T-Jet já se garante por diversos motivos, a começar pela exclusividade. Enquanto na concessionária o vendedor faz malabarismo para te convencer a levar o Bravo – chega a oferecer mega descontos -, o Punto T-Jet raramente está disponível em uma revenda a pronta entrega e quando isso acontece, esqueça qualquer desconto. Se você não pagar o que a loja pede, não demora muito, vem outro e compra sem pechinchar e ainda sai de lá feliz da vida por não ter de ficar esperando a encomenda por 120 dias.
Motor
O propulsor E.torQ 1.8 16V do Bravo, que rende até 132 cv, satisfaz muito bem tanto na cidade quanto na estrada. Já o 1.4 16V Turbo do Punto, de 152 cv, dispensa comentários. Esse motor é o responsável pelo prazer em dirigir o carro e torna seus deslocamentos diários uma diversão, fazendo você ir de 0 a 100 km/h em apenas 8,3 segundos, 1,7 segundo mais rápido que o Bravo. Mas nem tudo são flores. O carro tem muito fôlego acima de 2.000rpm e é de fato um esportivo. Porém, abaixo disso o desempenho é semelhante ao de motor 1.4 comum. O único hatch compacto esportivo nacional empolga bastante com o som grave do escape e a firmeza nas curvas.
O hatch apimentado conta ainda com um seletor denominado de DNA – Dinâmico, Normal e Autonomia –, o comando está colocado no console central à frente da alavanca de marchas e atua sobre a curva do pedal do acelerador, que é eletrônico, determinando se a aceleração será suave, normal ou abrupta. O modo autonomia visa diminuir o consumo de combustível e no quadro de instrumentos são indicados os momentos de troca ideal, além da indicação do consumo em barras, enquanto o dinâmico otimiza o desempenho por meio de acelerações mais bruscas porque a proporção entre o curso do pedal do acelerador e a abertura da borboleta é aumentada. À menor pressão no acelerador, o motor responde imediatamente. Um gráfico no painel, te mostra o trabalho da turbina. E no modo normal, nada muda e o comportamento fica no meio-termo.
Bravo 7,0
Punto 9,5
Câmbio
Aqui, ponto para o Bravo. Não que seu câmbio seja perfeito, pelo contrário. Os engates são normais, nada que impressione, mas o curso é longo demais. Já o Punto tem um câmbio muito pesado, muitas vezes parece que estamos dirigindo um antigo veículo à diesel. A 1ª não entra com facilidade e a ré geralmente arranha. Na estrada, o motor pede a sexta marcha, que no Punto não existe, mas curiosamente a versão T-Jet do Bravo possui câmbio de seis velocidades. O câmbio é uma das queixas frequentes dos proprietários do Punto Turbo.
Bravo 7,5
Punto 4,0
Direção
Mais um ponto para o Bravo. O hatch médio possui direção elétrica, bem equilibrada entre conforto e segurança em velocidades mais altas. O sistem Dual Drive pode te deixar mal acostumado em balizas, pois a direção fica tão leve, que você pode manobrar usando apenas o dedo mínimo. A hidráulica do Punto é bem pesada e extrapola a margem da esportividade.
Bravo 9,0
Punto 7,0
Conforto e espaço interno
Mais um quesito que o Bravo ganha com folga. Ajuste correto da suspensão não deixa que as irregularidades da via sejam transferidas para o interior do carro. O habitáculo é bem aconchegante e a sensação de espaço é boa. Quem vai atrás, percebe que o espaço é limitado, mas quatro adultos andam com relativo conforto.
O Punto reservou todo seu conforto para o motorista e o carona. Atrás, só é possível transportar crianças com folga. Adultos vão bem apertados e possivelmente com a cabeça esbarrando no teto. Já a suspensão com acerto bem esportivo traz segurança nas curvas e sua rigidez não chega a ser desconfortável. A estabilidade é simplesmente brilhante, mas o pneu poderia ser de medida 215, como no Bravo, além de colar mais no chão, a estética ficaria melhor.
Bravo 8,0
Punto 7,0
Ergonomia
O volante do Bravo tem boa pega e conta ainda com regulagem de distância e altura e comandos para o som. Os principais equipamentos estão facilmente ao alcance das mãos.
Assim como no Bravo, a alavanca de câmbio do Punto está bem localizada e os cintos de segurança possuem ajuste de altura. Nos dois modelos, o ajuste de altura e profundidade do volante junto com a regulagem de altura do banco, encontra-se facilmente a melhor posição para dirigir.
Bravo 9,0
Punto 9,0
Consumo
O consumo do motor 1.4 do Punto depende fundamentalmente do ritmo imposto pelo motorista. Na cidade pode variar de 10km/l a 5km/l dependendo da topografia e principalmente do peso do pé sobre o pedal do acelerador. Na estrada é possível atingir tranquilamente a marca de 15km/l dentro dos limites estabelecidos por lei, mas se o entusiasmo do motorista prevalecer, o consumo fica até abaixo de 10km/l. Carro equipado com motor turbo de baixa cilindrada consome e emite pouco. Em nosso teste, a média foi de 8,5 km/l de gasolina, o único combustível para o T-Jet.
O 1.8 16V do Bravo possui um consumo mais linear e nem por isso é melhor. O interessante nesse caso é que a diferença no consumo entre gasolina e etanol foi bem pequeno. Enquanto no combustível derivado da cana o consumo médio foi de 7,0, com gasolina foi de 8km/l.
Bravo 7,5
Punto 8,0
Estilo
Este é um quesito bem subjetivo, mas é inegável que o novo Punto T-Jet esteja com o visual mais atual. O Bravo ainda é um modelo moderno e está em dia no design, mas logo logo esse visual vai começar a ficar cansado, pedindo ao menos um leve tapa. A esportividade do Punto agrada mais aos jovens, enquanto o estilo mais requintado do Bravo chama mais a atenção dos mais experientes.
O desenho das rodas e o desenho moldado pelas saias esportivas do T-Jet fazem toda a diferença, assim como as charmosas luzes de posição traseira em LED´s. No Bravo, a traseira é mais contida porém, a dianteira é mais agressiva do que a do Punto, que é de gosto duvidoso, sendo apelidada de bagre, por causa do 'bocão'.
Bravo 8,0
Punto 9,0
Segurança
Em um veículo de tamanha esportividade quanto o Punto T-Jet, faltou o controle de estabilidade, item já disponível na versão turbo do Bravo e até no 500 Cult, a versão de entrada que custa cerca de R$ 40 mil. Tanto o Punto T-Jet quanto o Bravo Sporting possuem airbag duplo frontal e freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD de série. Em um kit, é possível adicionar mais dois arbags laterais e outros dois de cortina pelo valor de R$ 2.638. Investir em segurança é sempre um bom negócio.
Bravo 8,0
Punto 7,5
Porta-malas
Aqui o Bravo dá uma lavada no Punto. São 400 litros contra 280. Mas nos dois modelos, o porta-malas está de acordo com a proposta do veículo, mas o Bravo ainda sai ganhando por oferecer quase o mesmo espaço para as bagagens do que um sedã médio.
Bravo 9,5
Punto 7,5
Acabamento
Estamos comparando dois dos modelos mais bem acabados da Fiat. O T-jet se diferencia pela pelo aplique em material 'soft' da mesma cor da carroceria no painel. As costuras do couro nos bancos, manopla de câmbio, freio de mão, portas e volante, são corretos. Alguns detalhes deixam a desejar, como o encaixe do bagagito e do encosto do banco traseiro, que acabam fazendo um ruído em ruas de calçamento. O plástico do console central passa a impressão de fragilidade por causa do encaixe mal feito. A maçaneta interna de abertura as portas é feira em plástico e pintada na cor cinza, imitando metal, mas merecia ser verdadeiramente em metal, como no Bravo.
O Bravo Sporting tem um acabamento melhor e o revestimento em veludo da versão testada pode não ser tão nobre quanto o couro, mas o toque é agradável, especialmente nos dias mais frios, além de ser bonito e casar bem com o conjunto.
Bravo 9,0
Punto 8,5
Relação custo/benefício
O T-Jet é um carro bem específico e o Bravo Sporting, pelo preço, acaba sendo também. Considerando que o Punto mais barato (Attractive 1.4 8V) é vendido por menos de R$ 40 mil, pagar R$ 60 mil pode parecer desperdício de dinheiro para quem não se interessa pelos detalhes que só a versão T-Jet oferece. É uma compra muito emocional. Na comparação, fica claro que a escolha do Bravo é a mais racional, pois ele pertence a um segmento superior ao Punto, além de ser mais confortável e maior. Apesar de ser ligeiramente mais caro que o Punto T-Jet (sem opcionais), o Bravo Sporting já vem com o teto solar panorâmico de série e na concessionária, os descontos para ele são bons, mas devemos considerar que o Punto atual deverá durar bem mais no mercado do que o Bravo de hoje.
Bravo 7,5
Punto 7,0
Resultado:
Bravo 90
Punto 84