Antes denominada Trail, a versão aventureira do Ford Ka passou a se chamar Freestyle a partir de sua reestilização, em agosto. Como vários fabricantes vêm fazendo com seus compactos aventureiros, a Ford teve a infelicidade de chamar o Ka Freestyle de SUV, o que, além de ser propaganda enganosa, decepciona quem vê o modelo franzino. Apesar dos para-choques encorpados, molduras plásticas nas caixas de roda, suspensão elevada e rack de teto que caracterizam a versão, o modelo em teste tem porte mirrado. Mas, tirando a pretensão de utilitário-esportivo, o visual do Ka Freestyle ficou caprichado.
O interior traz painel todo em plástico de duas cores, preto e marrom, esta última um pouco exagerada para um carro tão compacto. Os bancos mesclam tecido e couro. Os tapetes de borracha tipo bandeja são práticos para proteger o carpete de um calçado cheio de lama. O revestimento das colunas e o tecido do teto em preto podem até deixar o interior esportivo, mas dificultam a visualização de objetos durante a noite. Em compensação, todos os comandos são iluminados. No painel de instrumentos falta a opção de velocímetro digital. Também fazem falta vidros elétricos tipo um toque para todas janelas (disponível apenas para o motorista) e a função de fechar os vidros quando se tranca o veículo. O interior traz bons porta-trecos.
O espaço interno é bom para um compacto, mas sem sobrar nada para excessos. O banco traseiro leva com conforto apenas dois passageiros, mas existem apoios de cabeça e cintos de segurança de três pontos para todos. O porta-malas tem espaço condizente com um compacto, abrigando o estepe de uso temporário. Ali também existe tapete de borracha tipo bandeja, além de bom acabamento e iluminação. Para carregar mais coisas, o encosto do banco rebate fracionado.
RODANDO O motor 1.5 de três cilindros tem bom fôlego mesmo em baixas rotações, o que melhora o consumo de combustível. Se quiser optar por uma direção mais dinâmica, basta pisar fundo e “trabalhar” com rotações mais altas. Se for adotar este perfil de condução, o modo esportivo do câmbio é o ideal, mas vale lembrar que o consumo aumentará e o motor será bem mais ruidoso.
A gestão do câmbio é eficiente e logo reconhece a vontade do motorista, mas a opção de trocas manuais deixa desejar. É que as mudanças só podem ser feitas por um botão na alavanca de câmbio, o que é impreciso. Se equipar o veículo com aletas for pedir demais, ao menos deveriam ter deixado “cambiar” por movimentos da alavanca.
Com a suspensão elevada, o modelo tem 18,8cm de altura em relação ao solo, que mais ajuda a transpôr obstáculos típicos da cidade, como quebra-molas, buracos e entradas de rampa. Apesar de ser mais alta, a suspensão dá confiança nas curvas, mas repassa as irregularidades para o habitáculo um pouco além da média.
SEGURANÇA Dos compactos aventureiros, o Ka Freestyle é o que tem o pacote mais completo, com destaque para os seis airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, rodas de liga leve de 15 polegadas e sistema multimídia. Nesta reestilização, o modelo recebeu melhorias em sua estrutura que subiu sua nota no teste de impacto do Latin NCAP de nenhuma para três estrelas quanto à proteção aos adultos, desempenho que ainda pode melhorar. Com tantos itens de segurança a mais que a versão básica testada pelo programa de avaliação, este aventureiro certamente teria uma performance superior.
CONCORRENTES Não resta dúvida que pagar quase R$ 70 mil em um hatch compacto, ainda que bem equipado, não é o que podemos chamar de um bom negócio, mas o preço do Ka Freestyle está na média dos concorrentes diretos: o HB20X 1.6 AT Premium (R$ 71.700) é um pouco mais caro, levando vantagem nas rodas de 16 polegadas e ar-condicionado digital, mas devendo muito em itens segurança; já o Chevrolet Onix Activ 1.4 AT (R$ 68.490) tem o mesmo preço do Ka, porém não traz nada a mais que se destaque; por fim, o Renault (Sandero) Stepway Dynamique 1.6 Easy'R (R$ 66.190) é um pouco mais barato, mas traz a grande desvantagem do câmbio automatizado de uma embreagem (com trocas de marcha desconfortáveis e enorme custo de manutenção), que está com os dias contados, além de rodas de aço de 16 polegadas com calotas, ar-condicionado digital e controle de estabilidade.
CONECTIVIDADE
Versão aventureira traz a central multimídia Sync 3, com tela flutuante de 6,5 polegadas. O sistema espelha o smartphone no display do veículo (compatível com Android Auto e Apple CarPlay), permitindo o uso de aplicativos como o Waze, usado para navegação. Não há GPS nativo. As mídias disponíveis são rádio, Bluetooth e duas entradas USB. Tanto as mídias quanto a telefonia podem ser comandadas por voz.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 1.497cm³ de cilindrada, com potências máximas de 128cv (gasolina) e 136cv (etanol) a 6.500rpm e torques máximos de 15,6kgfm (gasolina) e 16,1kgfm (etanol) a 4.750rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio automático de seis marchas
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson, com amortecedor com stop hidráulico; e traseira, twist-beam, com eixo de torção/ liga leve de 6 x15 polegadas / 195/55 R15
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS
CAPACIDADES
Peso, 1.135 quilos; tanque, 51,6 litros; de carga (passageiros e bagagem), 405kg
EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Airbags frontais, laterais e de cortina; controle eletrônico de estabilidade e tração; assistente de partida em rampa; assistente em frenagem de emergência; barras de proteção laterais; cintos de segurança traseiros laterais e central de três pontos; faróis com temporizador; faróis de neblina dianteiros; freios ABS com EBD; Isofix; retrovisores com ajuste elétrico; sensor de estacionamento traseiro; sistema anticapotamento; aerofólio traseiro; faróis e lanternas escurecidos; Kit Freestyle (apliques exclusivos e molduras de rodas); lavador e limpador do vidro traseiro; rack de teto; ajuste de altura do banco do motorista; ajuste de altura do volante; aquecedor; ar-condicionado; bancos parcialmente revestidos em couro; banco traseiro bipartido; desembaçador do vidro traseiro; para-sóis com espelho de cortesia; porta-malas com abertura elétrica; tapetes de borracha; vidro elétrico do motorista com sistema um toque; vidros elétricos dianteiros e traseiros; quatro alto-falantes; computador de bordo; sistema multimídia Sync 3.
OPCIONAIS
Pintura perolizada
QUANTO CUSTA?
O Ford Ka Freestyle 1.5 automático é vendido a partir de R$ 68.490. Com a pintura perolizada (R$ 1.350), unidade testada custa R$ 69.840.
NOTAS
Desempenho 8
Espaço interno 7
Porta-malas 7
Suspensão/direção 7
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 8
Segurança 9
Estilo 8
Consumo 8
Tecnologia 8
Acabamento 7
Custo/benefício 7