No início do ano passado, o Honda Civic passou por uma atualização no visual, que não mexeu muito nas linhas do carro, já que elas agradavam bastante e davam um ar mais esportivo ao sedã. Mas, como a concorrência andou turbinando alguns motores e o desempenho passou a pesar na balança na hora da escolha, a marca japonesa resolveu pegar o motor 2.0 do CR-V, adaptá-lo para flex e eliminar o malfadado tanquinho de partida a frio, que era mais um item de manutenção para o motorista se preocupar. Acoplado a um câmbio automático bem acertado e com opções de troca no volante, o novo propulsor melhorou sensivelmente o fôlego e o prazer de dirigir do Civic. Por outro lado, a suspensão com certeza não vai agradar a quem procura conforto, pois privilegia claramente a estabilidade.
De tanquinho, só a barriga
Uma das novidades do novo Honda Civic 2.0 é a eliminação do reservatório de partida a frio, que foi substituído por um conjunto de aquecedores na linha de combustível
O novo motor do sedã da marca japonesa chega mudando também as siglas das versões: a LXL e EXS saem de cena para dar lugar a LXR e EXR, respectivamente, ambas equipadas com câmbio automático de cinco velocidades. Mas a Honda não aposentou o propulsor 1.8, que continua equipando a opção de entrada, a LXS, que ganhou o novo câmbio manual de seis velocidades, com relações mais curtas. Avaliamos a versão LXR 2.0, com transmissão automática, que é a opção mais barata com o novo motor.
FÔLEGO Rodando no trânsito urbano, o motorista provavelmente não vai notar muita diferença de desempenho em relação ao motor 1.8. Os dois são ágeis e econômicos, tanto com gasolina quanto com etanol, especialmente quando se usa o botão ECON (no painel). Mas basta entrar numa estrada e ter um pouco mais de espaço para acelerar para sentir toda a saúde do 2.0, que tem 15cv de potência e quase 2,0kgfm de torque a mais quando abastecido com o combustível derivado da cana. Com ele, o Civic se mostrou bem mais esperto, principalmente nas retomadas de velocidade, fundamental para fazer uma ultrapassagem segura. Com o fim do tanquinho, o motorista não precisa mais se preocupar em enchê-lo com gasolina nos dias mais frios nem com a validade do combustível colocado ali.
SÓ NA BORBOLETA Além do bom fôlego do novo motor, o Civic tem um câmbio automático de cinco velocidades muito bem acertado. As relações estão bem escalonadas e a possibilidade de mudança por meio das alavancas junto ao volante (também chamadas de “borboletas”) possibilita mudanças rápidas, confortáveis, prazerosas e sem trancos. Para quem aprecia uma tocada mais esportiva, o sedã vai agradar muito, pois a suspensão acompanha bem esse ritmo, garantindo um bom equilíbrio mesmo nas curvas mais fechadas e com piso irregular. Mas, para aqueles que procuram um pouco mais de conforto, a suspensão do Civic vai receber nota baixa, pois não absorve bem as irregularidades do piso.
DESIGN As linhas são exatamente as mesmas que estrearam na última reestilização, no fim de 2011, e que conservaram o ar esportivo do design anterior. Na frente, os faróis têm duplo refletor e máscara negra; a grade frontal incorpora uma barra horizontal cromada e duas na cor preta, o para-choque agrega um spoiler do tipo “limpa trilho” e faróis de neblina de desenho ovalado e moldura cromada. De perfil, destaque para os retrovisores externos com repetidores de seta integrados; as rodas de liga com desenho mais sóbrio do que esportivo, maçanetas na cor da carroceria e coluna central e moldura dos vidros na cor preta. Na traseira, as lanternas são mais integradas ao para-lama e “avançam” sobre a tampa do porta-malas.
POR DENTRO O habitáculo continua o mesmo: painel digital em dois andares (o primeiro abriga o conta-giros, o mostrador de marcha engatada e as luzes de advertência; e o segundo, o velocímetro, o marcador do nível de combustível e o econômetro, que mostra o consumo instantâneo), que deixa de fora o marcador de temperatura do motor; bancos revestidos em couro que prendem bem os corpos dos ocupantes, sendo que o do motorista tem regulagem manual de altura; e volante de três raios com boa pega e que abriga os comandos do som, do computador de bordo, do controle automático de velocidade e do sistema Bluetooth (uma novidade na linha 2014), que possibilita ao motorista atender ao celular sem retirar as mãos do volante; entre outros.
CONFORTO O espaço interno é bem razoável e acomoda três adultos no banco traseiro com certo conforto. O porta-malas não é dos mais amplos, mas não faz feio com 449 litros de capacidade. Ele tem alavanca interna para rebatimento do banco traseiro em 1/3 e 2/3 e ganhou revestimento na parte interna da tampa, mas faltam ganchos para amarrar a carga e rede para prender pequenos objetos.
SEGURANÇA A versão LXR tem uma lista muito boa de equipamentos de série de segurança, com airbags, freios ABS, estrutura de deformação progressiva ACE (Advanced Compatibility Enginnering) de última geração etc., mas a da EXR, topo de linha, inclui airbags laterais, sistema de assistência a frenagem de emergência e controles de tração e estabilidade. Mas o que credencia mesmo o Civic nesse quesito são as notas máximas que ele conquistou recentemente em provas de crash test do National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) e do Insurance Institute for Highway Safety (IIHS), dois respeitados institutos norte-americanos.
AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
O acabamento da pintura é bom. As quatro portas têm montagem razoável. A tampa do porta-malas está descentralizada e desnivelada. O capô tem montagem satisfatória. REGULAR
VÃO DO MOTOR
Os itens de verificação constante têm fácil acesso (menos a vareta do nível de óleo do câmbio) e identificação. Esse novo motor dispensa o uso do reservatório de gasolina para a partida a frio. O resultado do isolamento acústico em relação ao habitáculo é discreto e a fixação do isolamento acústico na parte interna do capô está malfeita. O motor preenche todo o vão, que é pequeno, e devido ao projeto da carroceria, ele invade a parte superior do painel de fogo, limitando bastante o acesso à manutenção de vários componentes. Quando aberto, o capô é sustentado por meio de vareta manual e tem ângulo de abertura satisfatório. REGULAR
ALTURA DO SOLO
Existe chapa protetora em aço para o cárter e caixa de marchas. Mesmo com o veículo carregado com carga útil máxima, não foram observadas interferências significativas com o solo numa utilização normal e atenta, quando se trafega sobre piso de terra batida, calçamento, asfalto com quebra-molas normais e saídas de garagem com desnível. REGULAR
CLIMATIZAÇÃO
É automático e digital. O sistema tem sete velocidades na caixa de ar e quatro de direcionamento do fluxo. Apresentou ótimo funcionamento, com nível baixo de ruídos e está bem vedado. Não há opção de temperatura diferenciada para condutor e passageiro nem difusores de ar específicos ajustáveis para os passageiros de trás. POSITIVO
FREIOS
Apresentaram bom comportamento dinâmico no uso misto. O pedal de freio tem boa sensibilidade. Numa utilização bem esportiva, apresentou boa desaceleração, com espaço percorrido até a imobilização coerente com a velocidade, além de manter a trajetória imposta. O ABS tem boa calibração. POSITIVO
CÂMBIO
As relações de marchas/diferencial atendem a dinâmica proposta para a nova motorização, proporcionando uma dirigibilidade agradável na cidade e segura na estrada. Existe a opção “S”, uma reprogramação eletrônica para uso mais esportivo. POSITIVO
MOTOR
A sua curva teve ganhos em potência e torque significativos em relação ao motor 1.8. A dirigibilidade é prazerosa e muito superior, com retomadas de velocidade e aceleração bem eficientes. O nível de ruídos de funcionamento é aceitável e ele tem boa elasticidade. A partida a frio foi imediata com etanol no tanque. Numa condução bem esportiva, o motor satisfaz plenamente. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
Quando o carro trafega sobre piso de paralelepípedo, terra e asfalto malconservados surgem alguns ruídos no habitáculo, principalmente no painel. O efeito aerodinâmico é contido, mesmo em velocidade mais alta. REGULAR
SUSPENSÃO
O conforto de marcha é bem limitado para um sedã com motor de 155cv e incomoda a baixa qualidade da leitura das imperfeições do solo, gerando desconforto a bordo, que piora ainda mais com o veículo carregado. Já a estabilidade é excelente, com notável precisão, rapidez e manutenção da velocidade em curvas de raios variados. Essa versão não tem controles eletrônicos de estabilidade e tração. REGULAR
DIREÇÃO
A precisão na reta e em curvas é muito boa. O nível de ruídos do conjunto em curvas sobre o piso de terra e paralelepípedo é baixo. A assistência é elétrica tem cargas bem definidas para o uso urbano, com leveza e conforto, sendo firme, segura e com boa sensibilidade na estrada. A coluna de direção tem ajuste em altura e distância, com bom curso. O diâmetro de giro é bom em manobras de estacionamento, assim como a velocidade do efeito retorno. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
O grupo óptico dianteiro tem duplo refletor e é eficiente no baixo e no alto, mas não tem regulagem elétrica de altura em função da carga transportada. Os faróis auxiliares de neblina estão embutidos no para-choque. A iluminação do habitáculo é composta por duplo spot fixo na frente e uma lanterna na parte central, com resultado satisfatório. Existe sensor crepuscular e luzes de cortesia no porta-malas, porta-luvas e para-sóis. O quadro de instrumentos e display superior têm iluminação permanente dia/noite. REGULAR
LIMPADOR DE PARA-BRISA
As palhetas trabalham cruzadas, são eficientes e varrem uma boa área. O acesso para reposição de água no reservatório dentro do vão motor é fácil. Os dois esguichos são do tipo spray em “V” e têm boa vazão e abertura. Não tem
sensor de chuva. REGULAR
ESTEPE/MACACO
O estepe está instalado dentro do porta-malas sob o assoalho. A roda é de aço e o pneu é do tipo temporário (solução não é prática nem funcional para o Brasil), para pequenos percursos e com velocidade limitada. O macaco está acondicionado no painel traseiro e a chave de rodas/extensão de acionamento estão encaixadas em base de isopor sobre o aro do estepe. A operação de troca é normal e conta com auxílio de cinco prisioneiros fixos por cubo para o melhor apoio e centralização da roda. NEGATIVO
FERRAMENTAS
Há uma chave de fenda conjugada com Philips. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição tem ótimo acabamento, é codificada e com controle remoto integrado muito bem distribuído
nela com as funções de destravar/travar as portas e abertura do porta-malas. Ao dar comando para travar as portas, os vidros sobem automaticamente com a tecla pressionada. As quatro portas têm a opção de fechamento/abertura dos vidros por um toque. O sistema antiesmagamento funcionou bem. Existe proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem proteção volumétrica contra invasão do habitáculo pela quebra de vidros. REGULAR
VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fabrica é de 449 litros, o que foi confirmado pela nossa medição.
FICHA TÉCNICA
» MOTOR
Dianteiro, transversal, de quatro cilindros em linha, 1.997cm³ de cilindrada, 16 válvulas, que desenvolve potências máximas de 150cv (gasolina) e 155cv (etanol) e torques máximos de 19,3kgfm (gasolina) e 19,5kgfm (etanol)
» TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático de cinco velocidades
» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira, do tipo multilink / 6,5 x 16 polegadas, em liga leve/205/55 R16
» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
» FREIOS
A disco nas quatro rodas, sendo ventilados na dianteira e sólido na traseira, com ABS e EBD
» CAPACIDADES
Do tanque, 57 litros; de carga (passageiros e bagagem), 396 quilos
EQUIPAMENTOS DE SÉRIE
Sensor crepuscular, ar-condicionado automático e digital, câmera de ré, banco do motorista com regulagem de altura, sistema Bluetooth, coluna de direção com ajuste de altura e distância, controle automático de velocidade, bancos revestidos em couro, sistema de áudio com rádio e CD player com MP3 e entradas auxiliar e USB, airbag frontal, freios ABS com EBD, estrutura de deformação progressiva, sistema de fixação de cadeiras infantis e travamento automático das portas a 15 km/h.
» OPCIONAL
Não tem.
QUANTO CUSTA
O Honda Civic com o novo motor 2.0 16V e câmbio automático de cinco marchas é vendido nas versões LXR (R$ 74.290) e EXR (R$ 83.890).
Notas (0 a 10)
Desempenho 9
Espaço interno 8
Porta-malas 8
Suspensão/direção 7
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 7
Segurança 9
Estilo 8
Consumo 9
Tecnologia 9
Acabamento 8
Custo/benefício 8