Para não ficar de fora da 'onda dos flex', a Honda adota o sistema em seu monovolume compacto. Mas teve o bom senso de conservar a versão movida apenas a gasolina. Por quê? Porque a opção flex custa R$ 1.350 a mais, tem praticamente o mesmo desempenho da versão 1.4 movida apenas com o combustível derivado do petróleo - nem usando apenas álcool, a performance muda de forma significativa. Em vários estados, o preço do álcool, atualmente, não é vantagem em relação ao da gasolina (é sempre acima dos 70%), em termos de consumo. Resta apenas a vantagem estratégica de poder contar com duas opções de combustíveis.
De qualquer forma, os japoneses da Honda resolveram fazer diferente dos outros e o sistema deles adota um bocal a mais de abastecimento: além daquele destinado ao tanque (que fica do lado esquerdo da carroceria), existe outro (do lado direito), que ‘engole’ somente gasolina, que vai para o sistema de partida a frio, usado em dias mais frios, quando o carro está abastecido apenas com álcool, sendo que os dois têm abertura interna. Uma luz (espia) no painel indica quando o tanquinho (com capacidade para apenas 0,7 ml) está vazio. A montadora alega que esse sistema é mais seguro, por deslocar o reservatório da partida a frio para o lado de fora do compartimento do motor, onde ele fica em outros carros flex, evitando riscos de incêndio (existe uma chapa de aço protegendo o tanquinho). Mas a mudança representa uma boa parte do custo a mais da versão flex.
Força
Quem espera um desempenho bem melhor, pode ficar decepcionado, pois, embora a potência do motor tenha aumentado em 3 cv e o torque em 0,4 mkgf, com apenas álcool, a diferença, na prática, não é sensível. As acelerações e retomadas de velocidade continuam deixando a desejar, principalmente com quatro adultos e ar-condicionado ligado. Quer desempenho? Então compre a versão com motor 1.5. Talvez a única coisa perceptível quando se usa o combustível derivado da cana, além do consumo, seja a aspereza, que se torna mais elevada. Mas o consumo (seja com álcool ou gasolina, ou a mistura dos dois) do Fit 1.4 Flex continua sendo um dos pontos positivos do carro, que é muito econômico (o computador do carro chegou a registrar 9,2 km/l na cidade, com álcool).
Fora o sistema flex, o Fit continua com as mesmas qualidades e defeitos. Suas linhas são bastante modernas e continuam agradando. O espaço interno é bem amplo, permitindo acomodar bem três adultos no banco traseiro. A capacidade de 380 litros do porta-malas é suficiente para o proposta do veículo, mas o compacto da Honda pode se transformar em um verdadeiro furgão, com o rebatimento dos bancos traseiros (sobe para 1.321 litros). Além disso, o compartimento é bem forrado e tem quatro ganchos para fixar cargas. O painel tem instrumentos bem visíveis, com números grandes, mas deixa de fora o mostrador de temperatura do motor. O motorista somente é alertado para um superaquecimento por uma luz vermelha no painel.
Entre os pontos negativos, é importante destacar: a visibilidade traseira, que é prejudicada pelo pequeno tamanho do vidro traseiro e o pacote de segurança da versão avaliada (LX), que é incompleto, pois falta airbag para passageiro, freios ABS e terceiro apoio de cabeça no banco de trás (isso é mais grave no Fit, pois há espaço suficiente para três adultos). Finalmente, foi colocada tela protetora para a tomada de ar frontal, já houve casos de pedras que furaram o radiador.
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