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Mercedes-Benz CLC 200 K - Chucrute com torresmo

Cupê de duas portas tem estilo que sugere esportividade e relativo conforto para quatro passageiros. Visibilidade traseira é ruim e as suspensões são mais duras

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Quando ela passa ninguém imagina que, por trás da pompa germânica, essa mineira esconde seus segredos. Tem jeitinho faceiro e agrada pelo visual, que não revela todas as suas virtudes. É moça de família nobre, com dotes que encantam qualquer pretendente. Às vezes parece recatada, mas quando cutucada fica fogosa, cheia de querer. Tem nome de dama e é caprichosa nos detalhes. Assim é a Mercedes-Benz CLC 200 K, modelo produzido na fábrica de Juiz de Fora com componentes vindos da Alemanha e outros feitos no Brasil. O cupê de duas portas tem conjunto mecânico eficiente, com bom desempenho e muito equilíbrio quando é exigido em curvas. Mas tem alguns pontos que desagradam, como as colunas traseiras largas, que prejudicam a visibilidade e as suspensões ásperas.

Estilo

Um cupê de duas portas é por natureza um esportivo, pelo menos no visual. Com a Mercedes CLC não é diferente. O modelo tem linhas robustas, com os vincos do capô funcionando como um prolongamento do desenho da grade dianteira, que tem barras paralelas com detalhes cromados. No centro dela, o peso da responsabilidade: a estrela de três pontas, símbolo da marca alemã. Os faróis de duplo refletor e a entrada de ar com tela tipo colmeia na parte inferior do para-choque dianteiro dão um toque de esportividade.

Os retrovisores externos têm um detalhe interessante: luzes de seta incorporadas, com fendas que cortam quase toda a carcaça. Visto de lado, o cupê tem linha de cintura elevada, com teto arqueado, que enfatizam o aspecto aerodinâmico. A traseira alta e as colunas largas atrás prejudicam a visibilidade do motorista nas manobras de ré. O visual esportivo é complementado pela grande saída de escapamento cromada e as rodas aro 17 polegadas.

Espaço

Quem procura um carro de características esportivas normalmente não se preocupa muito com a questão de espaço. Geralmente, quer um carro para se vestir. Na Mercedes CLC, o espaço é suficiente para quatro pessoas, sendo que no banco traseiro é mais limitado, pois o teto baixo incomoda pessoas com mais de 1,75m de altura e o assento não apoia bem as pernas. Os bancos dianteiros, com desenho esportivo e apoio nas laterais, não contam com ajustes elétricos, fato estranho para um automóvel dessa categoria. A regulagem dos encostos dos bancos dianteiros é feita em um botão giratório que está mal localizado, dificultando a operação. O porta-malas, para um veículo dessa categoria, tem bom volume.

Tudo à mão

Painel tem comandos bem localizados e acabamento de qualidade

É fácil se acomodar no cupê e encontrar a melhor posição de dirigir. O volante, com boa pega, tem ajuste de altura e distância e conta com comandos de som e telefonia. O painel tem comandos bem localizados e instrumentos de fundo preto com números em branco, de fácil visualização. Um computador de bordo e mostrador de marchas engatadas fornecem as informações necessárias.

Segurança

Neste quesito, o modelo não peca. Tem airbags dianteiros e de cortina, além de apoios de cabeça e cintos de segurança de três pontos retráteis para os quatro ocupantes. Para manter o cupê firme no chão, controle de estabilidade e de tração, além de sistemas auxiliares de frenagem. Pode pisar fundo que a eletrônica garante a segurança.

Desempenho

Para um pretenso esportivo, o motor 1.8 com compressor pode parecer pouco. Realmente, o carro merecia mais. Pelo menos mais alguns centímetros cúbicos de cilindrada. Só para pregar as costas do motorista no encosto do banco quando se pisa fundo no acelerador. De qualquer forma, o propulsor não decepciona. Associado ao câmbio automático de cinco velocidades, com direito a trocas manuais e teclas S (sport) e C (comfort – que aumenta a tração em pisos escorregadios) e tração traseira, o motor proporciona bom desempenho, com retomadas de velocidade seguras. No kick down, reage rápido, tornando o ato de dirigir mais divertido. Só é um pouco lento na arrancada, mas nada que comprometa. O escalonamento das marchas contribui para o bom aproveitamento da força do motor.

Dureza

Outra característica esportiva do cupê CLC são as suspensões mais compromissadas com a estabilidade. O carro faz curvas com toda a segurança, transmitindo muita confiança em velocidades mais elevadas. Mas, com os pneus de perfil baixo, o modelo se torna ainda mais duro e, assim, as suspensões não conseguem filtrar as irregularidades do solo, causando desconforto aos ocupantes. A direção foi bem calibrada e o diâmetro de giro não é dos piores, apesar das rodas grandes. O sistema de freios atuou de forma precisa, sem desvios de rota, mesmo depois de acelerações mais entusiasmadas. Por fim, a Mercedes-Benz CLC 200 K é um carro para quem quer um esportivo um pouco mais discreto, tanto no visual quanto no desempenho.