É estranho para um modelo que liderou o segmento, mas até o último mês de abril a Chevrolet S10 não oferecia uma opção para o consumidor que quisesse combinar motor flex e câmbio automático, forçando o interessado a ficar com uma configuração diferente ou ir para a concorrência. E, neste caso, apenas a Toyota Hilux, até então o único modelo a oferecer esta combinação. Os tempos são outros, a S10 já não lidera o segmento das picapes médias, mas o certo é que o fabricante se cansou de perder vendas e resolveu preencher essa lacuna. Recebemos para teste uma unidade dotada de motor flex, câmbio automático e tração 4x4.
Ela pode não ter todo o torque da versão a diesel (“ignorantes” 51kgfm), mas a S10 flex mostra fôlego. Carregando pouco peso e rodando em relevo menos acidentado, o conjunto mecânico formado pelo motor 2.5 aspirado e uma caixa automática de seis marchas consegue levar o veículo com agilidade e giro reduzido (não mais que 2.000rpm), favorecendo o baixo consumo de combustível. Outro mérito deste câmbio é perceber rapidamente a necessidade de trocar as marchas, seja para poupar combustível ou para buscar melhor desempenho. Vale deixar claro que, quando falamos que o câmbio busca por um melhor consumo, não significa que na prática a picape “beba” pouco combustível.
Claro que, para quem for colocar a picape na lida pesada, melhor optar pela motorização a diesel. O mesmo é válido para quem tem o hábito de rodar grandes distâncias, quando o fator consumo de combustível ganha relevância. A versão testada adiciona tração 4x4 e reduzida, facilmente selecionadas por um botão giratório no console. É possível acionar a tração nas quatro rodas com o veículo em movimento, porém a reduzida só pode ser engatada com o veículo parado. Para as aventuras no fora de estrada, o modelo vem equipado com assistente de descida. A suspensão da S10 está longe de ser a mais confortável da categoria. Com a caçamba vazia, a picape pula bastante, oscilando conforme o pavimento. Mas com um pouco de lastro a situação melhora bastante.
CONTEÚDO Testamos a versão topo de linha LTZ (com preço sugerido de R$ 129.990), com ajustes elétricos para o banco do motorista, faróis e lanternas de neblina, acendimento automático e ajuste elétrico dos faróis, alerta de pressão dos pneus, controle eletrônico de tração e estabilidade e até partida remota do veículo. No quesito segurança, destaque para o alerta de permanência na faixa – que adverte e corrige a trajetória do veículo em caso de saída involuntária –, e o alerta de colisão frontal. Mas a Chevrolet vacilou em alguns itens de segurança, como a falta do apoio de cabeça central no banco traseiro e a oferta somente de airbags frontais, muito pouco para um veículo tão caro. As dimensões avantajadas são amenizadas com o auxílio de câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e retrovisor eletricamente rebatível. Os estribos (disponíveis como acessórios) e as alças facilitam o acesso ao interior do veículo.
Para dar um toque de sofisticação ao interior da picape, o acabamento tem apliques de couro no painel, no descanso de braço e nas portas. Mas os tapetes são de borracha. O acabamento leva plástico de boa qualidade. Os bancos são revestidos de couro em dois tons, cinza e preto. No centro do painel, a tela tátil de oito polegadas comanda todo o sistema de informação e entretenimento. Os destaques do sistema MyLink – com telefonia, navegação e mídias – são o comando por voz e o sistema OnStar, que agrega funções de concierge, segurança e conveniência. Já a telinha do painel de instrumentos exibe informações como o velocímetro digital e o computador de bordo.
CONCORRENTES O único concorrente que reúne as mesmas características desta S10 é a Toyota Hilux 2.7 Flex SRV, vendida por R$ 134.410. As picapes da Toyota e Chevrolet se valem da condição de líderes do segmento para carregar no preço. Veja que a Volkswagen oferece a versão SE a diesel da Amarok, com tração integral e câmbio automático de seis marchas, por R$ 134.990, uma diferença muito pequena. Uma opção para quem não precisa de toda a valentia e robustez de uma picape média tracionada pode estar nos modelos intermediários. A Fiat Toro tem versão com motor 1.8 flex e câmbio automático de seis marchas a partir de R$ 87.490. Já a Renault Duster Oroch combina motor 2.0 flex com câmbio automático de quatro marchas a partir de R$ 82.090.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, injeção direta de combustível, 2.457cm³ de cilindrada, 16 válvulas, flex, que desenvolve potências de 197cv (gasolina) a 6.300rpm e 206cv (etanol) a 6.000rpm, e torques de 26,3kgfm (g) a 4.400rpme 27,3kgfm (e) a 4.400rpm
TRANSMISSÃO
Tração 4x4 com reduzida; câmbio automático de seis marchas
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, com braços articulados e barra estabilizadora; e traseira com feixe de molas semielípticas de dois estágios/de liga leve de 7,5x18 polegadas/265/60 R18
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
A discos na dianteira e tambores na traseira
CAPACIDADES
Peso, 1.911 quilos; do tanque, 76 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 816 quilos
DIMENSÕES (metros)
5,36 x 1,87 x 1,83 x 3,09 (comprimento x largura x altura x entre-eixos)
CONSUMO (Inmetro)
Urbano, 7,9 km/l (gasolina) e 5,3 km/l (etanol); rodoviário, 9,4 km/l (g) e 6,4 km/l (e)