Quem diria que ainda veríamos rodando pelas ruas um Toyota Corolla realmente sexy? Pois foi esta impressão mais nítida que tivemos quando o modelo chegou à redação "trajando" um exuberante vermelho Granada, que realça as linhas joviais desta 12ª geração. O capô musculoso, uma ampla grade inferior e para-choques recortados agora torcem pescoços, seguidos por uma linha de teto arqueada, traseira mais baixa e um elegante conjunto óptico. As rodas de 17 polegadas calçam pneus de perfil baixo. A “esportividade” foi levada tão a sério, que é preciso tomar cuidado para não raspar o para-choque do veículo em rampas de garagem.
Muitos acharam que o Corolla 2020 ficou mais curto, mas, na verdade, o sedã ganhou um centímetro no comprimento, meio na largura e perdeu dois centímetros na altura. A distância entre-eixos e o volume do porta-malas permaneceram os mesmos. Testamos a versão intermediária XEi, que atualmente responde por 55% das vendas. Não é o caso da unidade testada, mas vale lembrar que esta geração marcou a estreia da motorização híbrida, o que deve agregar um novo perfil de compradores do modelo, que historicamente é mais conservador.
RODANDO Apesar de manter a capacidade volumétrica, o novo motor 2.0 Dynamic Force leva ampla vantagem em relação ao anterior, com ganhos em torque e potência. Aliado ao câmbio automático CVT de 10 marchas virtuais – cuja primeira velocidade traz engrenagem mecânica para eliminar a patinação, comum nas polias –, o sedã demonstra bom fôlego em baixas rotações e capacidade para ganhar velocidade rapidamente. A troca de marchas manual por aletas combina com o novo vigor do modelo, que ficou mais divertido para quem gosta de acelerar. Se quiser chegar lá mais rápido, o câmbio conta com modo esportivo.
Porém, mesmo com o propulsor simulando o ciclo Atkinson, que em tese reduz o consumo de combustível, os números obtidos durante o teste foram bastante desfavoráveis. As suspensões, que na traseira agora traz um surpreendente double-wishbone, ficaram um pouco mais rígidas, podendo causar estranhamento ao cliente mais tradicional, mas são um convite para explorar mais a capacidade do veículo nas curvas. A direção tem assistência elétrica progressiva, sempre com o peso adequado.
DENTRO No interior, o tradicional relógio digital foi retirado do painel. As horas agora podem ser conferidas na tela flutuante de oito polegadas do sistema multimídia, que tem melhor visibilidade. O painel e as portas trazem apliques em couro e plástico de toque macio. Os bancos também são revestidos em couro, e os tapetes são acarpetados. O banco traseiro oferece conforto para duas pessoas, principalmente porque o túnel do assoalho não acomoda bem os pés do passageiro central. Estes passageiros também não contam com climatização e nem tomada USB para recarregar o smartphone. Mesmo abrigando o estepe, o porta-malas tem bom espaço e conta com iluminação, mas fica devendo um acabamento mais caprichado, já que falta revestimento em carpete na parte superior.
CONCORRENTES No conteúdo, a versão intermediária do Corolla ainda traz como destaque chave presencial, ar-condicionado digital e um bom pacote de segurança, com seis airbags e controle eletrônico de tração e estabilidade. As versões intermediárias dos quatro sedãs médios mais vendidos do Brasil trazem um raro equilíbrio de preço e conteúdo. Entre os concorrentes – Honda Civic 2.0 EXL (R$ 112.600), Chevrolet Cruze 1.4 LTZ (R$ 108.990) e Volkswagen Jetta 1.4 Comfortline (R$ 109.990) –, o Corolla XEi é o único que não oferece navegação nativa por GPS. O Civic se destaca pela suspensão traseira multilink, freio de estacionamento com acionamento eletrônico com função brake hold e ar-condicionado de dupla zona. Deste conteúdo, o Jetta fica devendo apenas o brake hold. Vale lembrar que Jetta e Cruze trazem sob o capô motores 1.4 turbo.
CONECTIVIDADE
O sistema multimídia Toyota Play%2b tem tela tátil de oito polegadas, mas peca pelo gráfico pobre de sua interface. A marca vacilou ao não incluir navegação nativa por GPS, o que é um erro grave para o segmento. Se quiser contar com aplicativos de navegação, assim como qualquer outro, é possível espelhar o smartphone pelo Android Auto, Apple CarPlay ou SDL e torcer para que haja sinal de internet. As mídias disponíveis são rádio, USB e Bluetooth.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.987cm³ de cilindrada, 16 válvulas, flex, que desenvolve potências de 169cv (gasolina) e 177cv (etanol) a 6.600rpm e torque de 21,4kgfm (g/e) a 4.400rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio automático CVT com 10 velocidades pré-programadas
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira independente, double-wishbone, com barra estabilizadora/de liga leve com 17 polegadas/225/45 R17
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
FREIOS
A discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e distribuição eletrônica de frenagem (EBD)
CAPACIDADES
Do tanque, 50 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 420 quilos
EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho; controle eletrônico de estabilidade e tração; assistente de subida em rampa; controle de velocidade de cruzeiro; sinal de frenagem de emergência; alarme; acendimento automático de faróis e lanternas; luzes de rodagem diurna; sistema multimídia com tela de oito polegadas; retrovisores com ajustes elétricos e pisca integrado; rodas de liga leve aro 17 polegadas com acabamento na cor prata; bancos revestidos em couro; retrovisor interno com antiofuscamento; computador de bordo com visor multifunção e tela TFT de 4,2 polegadas colorida; chave presencial; ar-condicionado digital; banco do motorista com regulagem em altura.
OPCIONAL
Não tem.
QUANTO CUSTA
O Corolla 2.0 XEi, versão intermediária do sedã, tem preço sugerido de R$ 110.990.
Notas (0 a 10)
Desempenho 9
Espaço interno 8
Porta-malas 8
Suspensão/direção 9
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 7
Segurança 9
Estilo 9
Consumo 7
Tecnologia 8
Acabamento 8
Custo/benefício 8