UAI

Kwid elétrico: testamos o elétrico "popular" do Brasil

Confira nossa experiência a bordo do carro elétrico mais barato do Brasil. Motor de 65cv dá bom desempenho ao compacto?

Publicidade
Kwid E-Tech tem 65cv de potência e 186 quilômetros de autonomia
Kwid E-Tech tem 65cv de potência e 186 quilômetros de autonomia Foto: Kwid E-Tech tem 65cv de potência e 186 quilômetros de autonomia
NOTA DO VRUM:
7 Nota VRUM

Apresentado em abril, o Kwid elétrico é o carro a bateria mais barato do Brasil, vendido a partir de R$ 146.990. Por mais que o preço possa parecer assustador, o modelo é um autêntico popular nessa categoria, muito diferente dos demais elétricos testados pelo VRUM, que tinham grande oferta de conforto e desempenho.

O Kwid elétrico é fabricado na China, e é quase idêntico ao nacional. A maior diferença na grade fechada, já que os elétricos não têm uma demanda tão grande de arrefecimento. Uma pequena-grande diferença são as rodas (com calotas!) presas por quatro parafusos, e não as três do Kwid “normal”.

Para arrematar o visual do Kwid elétrico, os retrovisores são pintados em preto. A traseira também tem diferenças sutis, como o formato dos refletores e a lanterna de neblina integrada ao extrator. O visual do modelo não foi valorizado pela carroceria branca, e uma boa pedida seria o verde Noronha, que custa mais R$ 3 mil.

Kwid elétrico foi homologado apenas para 4 passageiros

O interior se parece muito com o Kwid “normal”, e isso é uma pena, já que o acabamento é bem “pobrinho”. Com excesso de plástico, o interior não se salva nem pelos bancos que mesclam couro e tecido, já que o material não aparenta qualidade, e nem pelos tapetes acarpetados. Porém, aqui temos um agravante: o carro custa R$ 150 mil.

O painel tem algumas diferenças, sendo a principal o quadro de instrumentos que traz informações básicas para um carro elétrico, como a carga da bateria, a autonomia, o consumo instantâneo e o consumo médio. Naturalmente, não existe alavanca de câmbio, mas um botão giratório para selecionar se o carro vai para a frente ou para trás.

Outro mostrador interessante é o econômetro, que indica quando o veículo está regenerando a bateria, em uma frenagem ou desaceleração, quando o carro está neutro, ou seja, não gasta e nem recupera energia, as faixas mais econômicas e quando a demanda de energia está elevada.

O banco traseiro está homologado apenas para dois ocupantes, e o espaço para as pernas é ruim. Também falta até iluminação para esses passageiros. O porta-malas ganhou uma maçaneta elétrica, e não exige ter as chaves à mão para abrir. O compartimento tem o mesmo volume do Kwid nacional, 290 litros, e ainda guarda o estepe. O acabamento é bom, mas falta iluminação.

Motor elétrico tem apenas 65cv de potência

Motor do Renault Kwid elétrico (E-Tech).
Motor elétrico fornece apenas 65cv de potência e 11,5kgfm de torque

Diferente dos carros elétricos mais caros que nós já testamos, o Kwid elétrico tem um motor fraquinho, com apenas 65cv de potência e 11,5kgfm de torque. Para comparar, o motor 1.0 das versões comuns tem até 71cv e 10kgfm. Logo, o desempenho dessa versão elétrica é muito parecida com um carro 1.0 a combustão, a não ser pelo torque mais imediato, mas que também não impressiona.

É o bastante para rodar na cidade sem problemas, já que essa é a proposta de veículo. Se quiser poupar bateria, o motorista pode optar pelo modo ECO, onde a potência é reduzida para 45cv, a máxima é de 100km/h e a regeneração é potencializada.

Mas, na estrada o Kwid elétrico é “manco”. Para se ter ideia, sua aceleração até os 100km/h é em 14,6 segundos (inferior até ao modelo a combustão!). Para complicar, quando se pisa fundo o consumo é alto. O limite de velocidade é de 130km/h.

Em uma instalação residencial recarga dura 3 horas

Tampa das tomadas de recarga do Renault Kwid elétrico (E-Tech).
Tomadas de recarga foram colocadas na dianteira, protegidas por uma tampa

A bateria do Kwid elétrico é de 26,8 kWh, considerada pequena. A autonomia na cidade é de 298 quilômetros. Um fator que ajuda é o baixo peso do modelo, apenas 977 quilos, sendo que a bateria corresponde a 188 quilos.

Para a recarga, o Kwid elétrico tem uma tomada de corrente contínua, voltada para postos de carregamento rápido. Nessa condição, a recarga dos 15 aos 80%, que é um percentual que preserva a vida útil da bateria, pode ser feito em até 40 minutos

Já a tomada de corrente alternada pode ser usada nos wallbox residenciais. Em um carregador de 7 kW, a recarga de 15 a 80% é feita em 3 horas. Mas, também é possível recarregar o Kwid elétrico em uma tomada convencional de 220V, onde o carregamento dura 9 horas.

Ficha técnica do Renault Kwid elétrico (E-Tech)

MOTORElétrico, síncrono de imãs permanentes com redutor integrado, dianteiro, que desenvolve potência máxima de 65cv a partir de 4.000rpm e torque máximo de 11,5kgfm entre 0 e 4.000rpm
TRANSMISSÃOTração dianteira, com uma marcha à frente e uma à ré
DIREÇÃOTipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica variável
SUSPENSÕES/RODAS/PNEUSDianteira, independente do tipo McPherson, com triângulos inferiores; e traseira de eixo rígido / 14 polegadas em aço /175/70 R14
FREIOSDiscos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com assistência ABS
DIMENSÕESComprimento,3,73m; largura, 1,77m; altura, 1,50m; entre-eixos, 2,42m
PORTA-MALAS290 litros
PESO977 quilos
PERFORMANCEVelocidade máxima: 130km/h
Aceleração (0 a 100km/h): 14,6 segundos
BATERIA26,8 kWh (íon-lítio)
AUTONOMIA*Cidade: 298 km
Misto: 265 km
TEMPO DE RECARGARecarga rápida DC 30 kW (15-80%) - 40 min
Wallbox AC 7,4 kW (15-80%) - 2h54
Carregador portátil 220V 10A (15-80%) - 8h57

Por R$ 150 mil, faltam mimos para os ocupantes

O Kwid elétrico tem um bom pacote de segurança, com seis airbags, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa e câmera de ré. O sistema multimídia tem tela de 7 polegadas, e só se salva porque tem espelhamento com o smartphone.

Mesmo custando R$ 150 mil, o modelo tem chave convencional, enquanto o esperado seria um sistema presencial, e freio de estacionamento por alavanca, nada de acionamento por botão. Os vidros elétricos não oferecem sistema um toque, e, na frente, não existem comandos dos vidros traseiros. Por fim, o para-sol do motorista também não tem espelho.

Vale a pena comprar o Kwid elétrico?

No quesito preço, o grande rival do Kwid E-Tech é o Caoa Chery iCar, vendido por R$ 149.990. O mais comum de se ouvir quando estamos em um compacto elétrico nessa faixa de preço é que ele oferece muito pouco para o que custa.

Logo, não é a simplicidade do modelo – seja na motorização, no acabamento ou na lista de equipamentos – que atrapalha. Mesmo com essas limitações, a experiência elétrica com o Kwid é legal. O que dói é gastar R$ 150 mil e levar tão pouco pra casa, já que com essa quantia é possível escolher um carro a combustão interna bem mais vistoso e confortável.

Lista de equipamentos do Renault Kwid elétrico (E-Tech)

DE SÉRIEAirbags frontais, laterais e de cortina; Isofix; assistente de partida em rampa; controle de estabilidade; limitador de velocidade; luzes de circulação diurna em LED; lanterna de neblina; monitoramento da pressão dos pneus; retrovisores elétricos com indicador de direção, sensor de estacionamento traseiro; regulagem de altura dos faróis; câmera de ré; carregador portátil para tomada doméstica; computador de bordo; função ECO; frenagem regenerativa; Media Evolution 7", com espelhamento do smartphone; portas de carregamento AC e DC; ar-condicionado; vidros elétricos dianteiros e traseiros; travas elétricas das portas; retrovisores na cor preto brilhante; calotas Flex Wheel; e barras de teto.
OPCIONALNão há
Fonte: Renault