O segmento de hatches compactos premium continua com boa participação no mercado brasileiro, com disputa acirrada entre modelos de marca de peso. A Toyota não quis ficar de fora e em junho lançou o Yaris, que desde então tem mantido um volume médio de 3 mil unidades vendidas por mês. O modelo tem linhas mais modernas do que o Etios e o Corolla, mas não traz sofisticação no acabamento e fica devendo alguns itens na lista de equipamentos. Testamos a versão XLS, topo de linha, equipada com motor 1.5 e câmbio automático do tipo CVT que simula sete marchas. O desempenho não é primoroso, mas agrada, e o espaço interno é ideal para quatro pessoas. Pelo preço, o carro deveria oferecer mais.
Quem vê o Toyota Yaris circulando pelas ruas acaba se impressionando com as linhas rebuscadas do hatch compacto, que aparenta até ser de segmento superior. Mas não é. O modelo tem estilo moderno, com faróis invadindo as laterais e assinatura de LED. A parte superior da grade é estreita, com apenas um friso e a logomarca ao centro. Já a parte inferior é do tipo bocão, com grande entrada de ar no estilo colmeia, invadindo o para-choque e chegando até o spoiler. Os faróis de neblina ficam envoltos em moldura preta.
As laterais são lisas, com linha de cintura ascendente, e trazem maçanetas cromadas nessa versão. O teto tem forte descaída na parte traseira, dificultando o acesso e acomodação de pessoas mais altas no banco traseiro. O desenho da traseira é imponente e robusto, com lanternas horizontais com LEDs invadindo as laterais, e o defletor de ar na parte alta da tampa do porta-malas proporciona um discreto toque de esportividade. As rodas são de liga leve de 15 polegadas.
A visibilidade traseira fica comprometida pelo vidro estreito e colunas C mais largas. A tampa do porta-malas tem apenas um puxador interno para auxiliar no fechamento. Mas o compartimento de bagagem tem luz interna e é todo revestido com carpete, além de abrigar o estepe de uso temporário. O volume do porta-malas é compatível com o segmento.
ACABAMENTO Por dentro, o Yaris tem acabamento sem luxo, com muito plástico duro por todos os lados. No painel, o plástico imita couro, trazendo até falsa costura nas bordas. Tem ainda detalhes em Black Piano no entorno da central multimídia e no console. Os bancos são revestidos com couro perfurado. Já o volante e os puxadores das portas trazem couro liso. Na frente, os bancos são confortáveis, com abas laterais no encosto e no assento, que ajudam a firmar o corpo.
O banco do motorista tem ajuste manual de altura, mas não conta com a regulagem lombar, que faz falta. Mas os demais comandos estão bem localizados, bem à mão do motorista, inclusive no volante, por onde é possível acessar o som, o computador de bordo, a central multimídia e o controlador de velocidade. A falha ali é que o volante só tem regulagem de altura. Não tem a de distância, providencial para encontrar a posição ideal de dirigir. As aletas para trocas manuais de marchas também ficaram escondidas, um pouco fora da posição correta para se pegar no volante.
ESPAÇO No banco traseiro, como na maioria dos hatches compactos, o espaço proporciona conforto apenas para dois passageiros. Apesar do assoalho ser praticamente plano, sem o túnel central, o console invade o espaço e o apoia-braço que fica embutido no encosto do banco traseiro deixam o assento do meio desconfortável. Além disso, o revestimento do teto teve que ser rebaixado para abrigar o teto solar, criando uma ondulação. É preciso ter cuidado para não esbarrar a cabeça ali. Mas o banco traseiro tem assento que apoia bem as pernas, além de cintos de segurança retráteis e apoios de cabeça para três passageiros. Traz ainda Isofix com Top Tether para fixação de cadeiras infantis.
O painel tem instrumentos analógicos (velocímetro e conta-giros) com fundo escuro, de fácil visualização, e na lateral direita uma tela com computador de bordo, que informa consumo médio e instantâneo, velocidade média e autonomia, além do sistema Eco, que ajuda o motorista a encontrar uma maneira mais econômica de dirigir. Do lado esquerdo do painel, é possível desabilitar o controle de estabilidade.
DIRIGINDO O motor que equipa o Yaris nesta versão é o mesmo 1.5 flex também encontrado no Etios. Ele proporciona desempenho satisfatório, apesar de não ter potência e torque elevados. Na condição do carro mais leve, só com o motorista, o motor responde mais rápido às acelerações, mostrando agilidade no trânsito urbano e na estrada, com retomadas de velocidade seguras. Mas com o carro mais pesado, a performance se modifica, com reações mais lentas.
O câmbio do tipo CVT não compromete o desempenho, embora em algumas situações faça trocas de marcha elevando o giro do motor, que nesta condição demonstra um funcionamento extremamente áspero. O ruído chega a incomodar. Mas se o motorista quiser o carro mais na mão, pode optar pelas trocas manuais na alavanca do câmbio ou nas aletas no volante. São sete marchas virtuais e as mudanças são feitas sem trancos. No percurso de teste, o computador de bordo registrou consumo médio de 6,2km/l na cidade e 10km/l na estrada, ambos com etanol.
A direção com assistência elétrica tem boa calibragem e bom diâmetro de giro, facilitando as manobras de estacionamento e garantindo firmeza em velocidades mais elevadas. As suspensões proporcionam um rodar mais macio, com estabilidade razoável. Durante o teste, em curvas de alta, o hatch manifestou “desejo” de sair de traseira, exigindo maior cuidado. O modelo conta com controles de tração e estabilidade, que ajudam a mantê-lo firme na trajetória. Mas não é recomendável abusar. Os freios com discos na dianteira, tambores na traseira e a eletrônica habitual funcionaram de forma eficiente.
Na prática, o Toyota Yaris é um hatch interessante, mas cobra caro pelo que oferece. Deveria ter acabamento melhor e motor mais eficiente. Seus principais concorrentes ganham nesses quesitos. Além disso, são mais baratos.
CONECTIVIDADE Para um hatch que custa cerca de R$ 80 mil, o Toyota Yaris 1.5 XLS fica devendo em modernidade. A central multimídia é simples e prática, com tela tátil de sete polegadas e fácil pareamento com smartphones. O sistema conta com Bluetooth, Wi-Fi, rádio AM/FM e MP3, e pode ser acessado por toques na tela, botões físicos e comandos no volante. Mas não tem comando de voz e nem navegador nativo. Para se ter acesso ao GPS (Waze) por meio dos sistemas IOS e Android é preciso conectar o celular na única entrada USB, que fica dentro do console, consumindo seu pacote de internet. Pelo preço, o carro merecia uma central multimídia melhor.
FICHA TÉCNICA
MOTOR (*)
Dianteiro, transversal, quatro-cilindros em linha, 16 válvulas, 1.496cm³ de cilindrada, flex, que desenvolve potências máximas de 105cv (gasolina) e 110cv (etanol) a 5.600rpm e torques máximos de 14,3kgfm (g)/14,9kgfm (e) a 4.000rpm
TRANSMISSÃO (*)
Tração dianteira e câmbio automático tipo CVT com modo sequencial de sete velocidades
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS (*)
Dianteira, independente tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira, interdependente, com braços longitudinais/ de liga leve de 6,0 x 15 polegadas (opcional) / 185/60 R15
DIREÇÃO (*)
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS (*)
Com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com assistência ABS/EBD
CAPACIDADES (*)
Do tanque, 45 litros; porta-malas, 310 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 400 quilos
DIMENSÕES (*)
comprimento, 4,14m; largura, 1,73m; altura, 1,49m; entre-eixos, 2,55m
PESO (*)
1.150 quilos
PERFORMANCE (*)
Velocidade máxima de 173km/h (e) e aceleração até 100km/h em 11,8 segundos (e)
CONSUMO (**)
Cidade: 12,6km/l(g) e 8,8km/l(e)
Estrada: 13,8km/l(g) e 10km/l(e)
(*) Dados do fabricante
(**) Dados do Inmetro
(g) gasolina; (e) etanol
ND: Não disponível
EQUIPAMENTOS:
DE SÉRIE - Computador de bordo com tela de 4.2 polegadas com tecnologia TFT, volante multifuncional, descansa-braços dianteiro e traseiro, controles de estabilidade (VSC) e tração (TRC), assistente de partida em rampa (HAC), direção eletroassistida progressiva (EPS), ar-condicionado automático e digital, vidros dianteiros e traseiros com acionamento elétrico por um toque, travas elétricas, faróis e lanterna de neblina, retrovisor interno eletrocrômico, banco traseiro rebatido 40/60 (sedã), freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD) e assistente de frenagem (BAS), controle de velocidade de cruzeiro e função Eco Driving, chave inteligente presencial, sistema de partida sem chave, multimídia com tela tátil de sete polegadas com funções de rádio AM/FM, MP3, entrada USB, conexão auxiliar Bluetooth, Toyota Play%2b, sistemas IOS e Android, volante, manopla do câmbio revestidos em couro, rodas de liga leve de 15 polegadas, bancos revestidos em couro, retrovisores com rebatimento elétrico, câmera de ré, teto solar, sensor de chuva, faróis projetores com lâmpadas halógenas e regulagem elétrica, lanternas em LED, sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois de cortina e um de joelhos para o motorista), Isofix com ancoragem Top Tether de cadeiras infantis, função “Siga-me” e alarme volumétrico com monitoramento dos vidros e janelas.
OPCIONAL - Pintura metálica e perolizada.
QUANTO CUSTA
O Toyota Yaris 1.5 com câmbio automatizado é vendido na versão XS por R$ 75.890. A versão testada, a topo de linha XLS, tem preço de R$ 79.390, mas com pintura perolizada vai a R$ 80.590
CONCORRENTES
Esta versão do Toyota Yaris 1.5 XLS com câmbio automático tem como principais concorrentes:
Volkswagen Polo Highline 200 TSI, com motor 1.0 turbo de 116cv(g)/128cv(e) e 20,4kgfm de torque(g/e), porta-malas de 300 litros, velocidade máxima de 187km/h(g)/192km/h(e), aceleração até 100km/h em 10,1s(g)/9,6s(e), consumo da cidade de 11,6km/l(g)/8km/l(e) e na estrada de 14,1km/l(g)/9,8km/l(e), por R$ 73.250.
Fiat Argo Precision 1.8 AT6, com potências de 135cv(g) e 139cv(e), torques de 18,8kgfm(g) e 19,3kgfm(e), porta-malas de 300 litros, velocidade máxima de 189km/h(g)/191km/h(e), aceleração até 100km/h em 11,1s(g)/10,4s(e), consumo na cidade de 10,1km/l(g)/7,1km/l(e) e na estrada 13,2km/l(g)/9,5km/l(e), por R$ 68.990.
Ford Fiesta 1.6 Titanium, com potências de 125cv(g) e 128cv(e), torques de 15,8kgfm(g) e 16kgfm(e), porta-malas de 281 litros, velocidade máxima de 190km/h(e), aceleração até 100km/h em 12,1s(e), consumo na cidade de 11,2km/l(g)/7,8km/l(e) e na estrada de 14,9km/l(g)/10,3km/l(e), por R$ R$ 71.190.
Notas (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 8
Porta-malas 8
Suspensão/direção 7
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 7
Segurança 8
Estilo 8
Consumo 7
Tecnologia 7
Acabamento 7
Custo/benefício 7