De Los Angeles, EUA - A diversão de verdade começa ao dar a partida no carro, um ronco que nem de longe lembra o Veloster vendido até o mês passado no Brasil. A versão Turbo do cupê é aquilo que você espera de um carro como o Veloster. Antes de falarmos mais sobre o Veloster Turbo, entenda o porquê ele não decolou no Brasil.
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O Hyundai Veloster foi um dos lançamentos mais esperados de 2011 no Brasil e também umas das maiores frustrações da indústria. Os brasileiros esperavam pelo menos a versão 1.6 16V com injeção direta de combustível e 140 cv de potência, mas o que veio pra cá, era equipado com um modesto bloco 1.6 de 128 cv, o mesmo que equipa o compacto HB20 e que não condiz em nada com o estilo esportivo do Veloster. Bem procurado no início por causa de suas linhas arrojadas, o modelo chegou a ter fila de espera nas concessionárias, que cobravam ágio para entregar o carro para o consumidor. As vendas seguiram em ritmo razoável, mas numa linha ligeiramente decrescente, abaixo dos planos da Hyundai/Caoa e o grupo resolveu interromper a importação do Veloster para o Brasil por um período indeterminado.
De setembro de 2011 até o mês passado, foram vendidos 13.321 unidades do Veloster segundo a Federação dos Distribuidores de Veículos (Fenabrave). A Hyundai quer voltar a importar o Veloster para o Brasil, mas a Caoa diz que ainda não tem previsão de quando isso irá acontecer. Enquanto isso, a montadora continua com os testes da versão Turbo pelas estradas brasileiras, o que indica que seu lançamento no Brasil não está longe.
O Vrum procurou a Hyundai dos Estados Unidos, país onde o Veloster é vendido em três versões, sendo duas delas com o motor turbo, o mesmo que deverá equipar o modelo no Brasil. A divisão americana da montadora apenas informou que o Veloster Turbo é um modelo pronto para vender em todo o mundo, inclusive no Brasil. Voamos para Los Angeles, onde a Hyundai nos disponibilizou uma unidade do Veloster Turbo, a top de linha vendida na América do Norte.
A primeira boa surpresa foi saber que por aqui a Hyundai oferece todas as versões do Veloster também com câmbio manual de seis velocidades. O modelo disponibilizado ao Vrum é um automatizado de dupla embreagem e seis velocidades. Ao lado dele, um modelo idêntico, de câmbio manual. Pedi para dar uma volta, mas funcionária do marketing da montadora, escalada para acompanhar a reportagem, logo emendou: “O Veloster de transmissão manual quase não vende por aqui e essa versão não irá ao Brasil, por isso separamos um 'automático' para o seu teste”. Explicações dadas, entrei no Veloster Turbo automatizado, dei a partida através do botão 'start' (item de série nesta versão) e veio a segunda surpresa: o ronco bonito e discreto vindo do motor. Com o vidro aberto, ouve-se o ruído de um esportivo moderno, sem dar alarde, mas gostoso de se ouvir. Para isolar o barulho quase por completo, é só fechar o vidro que suas atenções se voltam por completo ao interior hi-tech do Veloster.
Vestindo o carro
No interior, quase não há diferença para o modelo que já conhecemos. No painel, uma central multimídia sensível ao toque e com tela de alta definição de sete polegadas, dá as boas vindas ao Veloster exibindo um reluzente logo da Hyundai e o desenho do cupê. Nos Estados Unidos, o navegador com três meses de atualizações grátis dos mapas é opcional.
O ar condicionado automático é um item a parte, com regulagem na própria tela, mas a unidade testada tinha o sistema convencional. A mesma tela reúne também as funções tradicionais de um computador de bordo e uma câmera de ré com gráficos do sensor de estacionamento traseiro.
Os bancos são mais esportivos e com as bordas largas, abraçam bem o corpo. O revestimento é em couro preto, com o nome da versão 'Turbo' bordado de branco no encosto, mesma cor das costuras. Não espere conforto, mas sim bem estar, principalmente para quem gosta de carros esportivos, pois você praticamente veste do carro. Quem não gosta, pode sentir um interior claustrofóbico, mesmo com o teto e colunas em cores mais claras por dentro, talvez uma tentativa da Hyundai de disfarçar o reduzidíssimo espaço interno do Veloster. Com o teto solar aberto, essa sensação diminui consideravelmente.
O som é um show à parte. É um sistema de 450 watts com oito alto-falantes premium, amplificador externo e subwoofer da conceituada marca Dimension.
Pegada esportiva
O motor é o melhor da festa. O propulsor 1.6 GDI (injeção direta de gasolina) Turbo, rende 204 cv de potência e torque de 27 kgfm inteiramente disponível aos 1750 rpm. Mesmo acoplado ao câmbio automtizado de dupla embreagem e seis velocidades, ele é muito abrupto, deixando a condução chata no trânsito urbano, especialmente nos longos congestionamentos formados na área central de Los Angeles. Com peso de 1.309 kg, ele vai da inércia aos 100 km/h na casa dos 7s.
Fomos em direção à Santa Mônica, pegando uma alça livre da rodovia, assim, o Veloster Turbo mostrou todo seu potencial. A evolução elástica do motor e o câmbio de trocas suaves, deixa o carro muito mais agradável na estrada do que na cidade. As aletas para trocas na coluna de direção são opcionais e equipavam a nossa unidade testada. Vira praticamente um vicio ficar reduzindo e passando as marchas na rodovia usando as borboletas.
A direção é direta e o volante fica mais firme em altas velocidades. Como é pequeno e leve na cidade, manobras são facilmente executadas, mesmo em espaços curtos, claro que o tamanho reduzido do carro, ajuda nessa tarefa. A coluna de direção abriga os comandos do sistema de som e do controle automático de velocidade.
A qualidade de construção é incontestável. A carroceria é do tipo monobloco, não existem rangidos em nenhuma situação, mas lembro que o cenário de nosso teste em nada lembra o que o Veloster vai passar no Brasil, exceto pelos congestionamentos. A suspensão mais rígida dá mais segurança na estrada, mas mesmo em pequenos ressaltos no asfalto dentro da cidade, passa um certo desconforto aos ocupantes e as rodas de aro 18 polegadas calçadas com pneus de perfil baixo, ajudam nessa sensação.
Desenho ainda é o grande diferencial
Apesar do motor Turbo mudar completamente qualquer visão estereotipada do Veloster que foi vendido no Brasil, o grande apelo do modelo continua no seu visual. A carroceria curva de três portas também consegue chamar a atenção nos Estados Unidos, onde é considerado um carro mediano, sem grandes luxos para o consumidor americano. Em 2012, ele foi eleito o 'Carro Design' do Prêmio Car Awards.
A unidade testada era equipada com rodas de aro 18 polegadas (de série nas versões Turbo), luzes diurnas de Led e faróis de xenônio, itens que reforçam o apelo esportivo do carro.
Segundo a Hyundai, o desenho do Veloster foi inspirado em uma moto, fato que gerou muita polêmica, principalmente no mercado brasileiro. Definitivamentre, não é um carro de 'meio termo'. Ou você ama, ou odeia o estilo.
Segurança
O Hyundai Veloster passou pelo crivo do rigoroso EuroNCAP, que testa a segurança dos veículos comercializados na Europa. Com índices de 96% de proteção para adultos e 89% para crianças, ele ganhou a nota máxima de cinco estrelas. São seis airbags (frontais, laterais e de cortina) e a coluna de direção possui sistema de absorção de energia, que diminui o risco de lesões nos braços em caso de colisão.
Há freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD. Particamente colado no chão, o Veloster não sai do 'trilho' nem mesmo em curvas mais fechadas e em velocidades mais altas, mas se você abusar um pouco mais, os controles eletrônicos de tração e de estabilidade ajudam a colocar a casa em ordem novamente.
Sucesso garantido no Brasil?
Cabe à Hyundai/Caoa definir um novo rumo para a história do Veloster no Brasil. O modelo só não vendeu mais por culpa do importador, que optou pelo pífio motor 1.6 de 128 cv. Aqui nos Estados Unidos, a versão mais barata já vem equipado com um bom motor 1.6 de 140 cv e injeção direta de combustível, o mesmo que era esperado para o Brasil quando o Veloster foi lançado, no final de 2011.
Ele poderá ser um fenômeno de vendas nessa nova versão Turbo, mas vai depender do preço que virá. Vendido por US$ 22,3 mil nos Estados Unidos, no Brasil ele deverá custar na faixa dos R$ 100 mil. Se a Caoa abusar demais no preço, o Veloster será novamente um mico no Brasil, pelo menos agora, um mico turbinado.