Até a chegada da versão Track, no último mês de fevereiro, o Polo nunca havia sido uma opção de entrada na gama Volkswagen. Até então, apesar do porte compacto, o modelo trazia equipamentos e padrão de construção típicos de veículos maiores. Mas os tempos mudaram: com a extinção do Gol, ele passou a ser o carro mais acessível da marca no país.
Essa nova versão, aliás, chegou justamente para ocupar a lacuna deixada pelo Gol. Mas como substituir um carro com projeto bem mais simples e antigo por outro mais sofisticado? Em poucas palavras, simplificando o acabamento e cortando equipamentos.
Por fora, o Polo Track é despojado, mas a Volkswagen conseguiu dar a ele um visual agradável. Os faróis, halógenos e monoparabólicos, casam bem com a grade exclusiva da versão, com trama hexagonal. As maçanetas das portas e as capas dos retrovisores não têm pintura, mas acabam combinando com as calotas em cinza escuro. Despojado, sim, mas de mau gosto, não.
Como é o interior do Volkswagen Polo Track?
Porém, por dentro, os cortes são mais evidentes. O Volkswagen Polo Track não tem retrovisores elétricos, nem vidros elétricos nas portas traseiras. Apenas os ocupantes da dianteira gozam desse item e, mesmo assim, sem sistema do tipo um-toque para subir e descer. Tampouco há ajuste em altura da coluna de direção, apenas do banco do motorista. Sensores de ré? Só se o proprietário instalá-los por conta própria!
E as simplificações não param por aí: o aparelho de som, que é convencional, sem tela multimídia, é opcional. Ao menos ele tem conexão do tipo Bluetooth e entrada USB. Ao adquiri-lo, o consumidor leva o volante multifuncional e o computador de bordo, que também não vêm de série.
Assim, no que diz respeito aos equipamentos, o Volkswagen Polo Track se destaca apenas pela presença de airbags laterais. Ao todo, são quatro bolsas de proteção, enquanto boa parte dos concorrentes traz apenas as frontais (obrigatórias por lei). No mais, o pacote de série inclui o essencial, como travas elétricas com telecomando, direção elétrica e ar-condicionado com ajuste manual.
O acabamento do hatch exibe plásticos duros revestindo todo o interior. Vale lembrar que as versões turbo do Volkswagen Polo têm os apoios de braço acolchoados; porém, na Track, nem isso. Tal característica não chega a destoar na categoria em que o modelo está inserido, mas alguns concorrentes disfarçam melhor a simplicidade, com apliques em cores mais claras.
Os bancos trazem apoios de cabeça integrados aos encostos, tanto na dianteira quanto na traseira: ali, apenas o central é ajustável, para não obstruir a visão do motorista se estiver fora de uso. Trata-se de uma solução que se estende a todas as versões do Polo, mas que não chega a comprometer. Por sua vez, o tecido de revestimento tem bom toque e é até bonito para um carro de entrada.
Espaço e ergonomia agradam
Mas o ponto alto dos bancos é a ergonomia. Eles têm espuma de alta densidade e apoiam muito bem o corpo, inclusive as pernas. A posição de dirigir é boa, com acesso fácil aos comandos, instrumentos de leitura fácil e volante de boa pegada. Porém, o posto de comando fica prejudicado pela coluna de direção, que não é ajustável sequer em altura: só a poltrona do motorista tem essa regulagem.
O espaço interno do Volkswagen Polo Track também merece destaque. Para um hatch compacto, o habitáculo é amplo, graças, em especial, à distância entre eixos de generosos 2,56m. Atrás, dois adultos conseguem se acomodar com alguma folga. De quebra, há muitos porta-objetos a bordo.
Já o porta-malas tem 300 litros. Não é grande, mas trata-se de uma boa capacidade em relação ao porte do veículo. Contudo, a versatilidade fica comprometida pelo encosto inteiriço do banco traseiro: um componente do tipo bipartido permitiria maior praticidade. E o compartimento fica devendo iluminação, que, a propósito, faz falta também no porta-luvas.
Ficha técnica: Volkswagen Polo Track 2023
MOTOR Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, com pistões de 74,5mm de curso e 76,4mm de curso, 999cm³ de cilindrada, 12 válvulas, a gasolina e etanol POTÊNCIA 77cv com gasolina / 84cv com etanol, a 6.450rpm TORQUE 9,6kgfm (g) a 4.000rpm / 10,3kgfm (e) a 3.000rpm TRANSMISSÃO Tração dianteira, e câmbio manual de cinco marchas SUSPENSÃO Dianteira, independente, do tipo McPherson com barra estabilizadora; e traseira com eixo de torção RODAS/PNEUS 5,5 x 15 polegadas (em aço com calotas) / 185/65 R15 DIREÇÃO Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica; diâmetro de giro de 10,6m FREIOS A disco ventilados na dianteira e a tambor na traseira, com ABS CAPACIDADES Tanque, 52 litros; carga (passageiros e bagagem), 395 quilos DIMENSÕES Comprimento, 4,079m; largura, 1,751m; altura, 1,471m; distância entre-eixos, 2,566m; e altura em relação ao solo, 16,6cm PORTA-MALAS 300 litros PESO 1.054 quilos DESEMPENHO Aceleração (0 a 100km/h): 13,8 segundos (g) / 13,4 segundos (e)
Velocidade máxima: 166 km/h (g) / 169 km/h (e) CONSUMO* Cidade: 9,3km/l (e) / 13,5km/l (g)
Estrada: 10,5km/l (e) / 15km/l (g)
Bom de dirigir
A versão Track fez o Volkswagen Polo ficar simples como nunca quanto aos equipamentos e ao acabamento, mas ele continua sofisticado como sempre em um aspecto identitário e notável somente para o motorista: a dirigibilidade. Tudo começa pela sensação de solidez que o veículo transmite, o que se deve, em grande parte, à plataforma MQB e à carroceria soldada a laser.
O acerto de suspensão também merece boa parte dos méritos. Com uma altura do solo 1cm maior que a das demais versões, totalizando 16,6cm de vão livre, o Volkswagen Polo Track transpõe quebra-molas e outros obstáculos urbanos com desenvoltura. Mas o ponto alto do sistema é conciliar a boa filtragem das imperfeições do piso com uma excelente estabilidade. Em curvas, o hatch chega até a surpreender.
A direção com assistência elétrica é igualmente digna de elogios: direta e com grande efeito regressivo, deixa o volante leve em manobras e preciso em alta velocidade. E o câmbio, manual de cinco marchas, honra as tradições do fabricante, com escalonamento correto e engates suaves e certeiros. Por fim, os freios, com tambores na traseira, mostram-se bem-dimensionados para o porte e o peso do modelo.
Quanto ao desempenho, aí não há milagre. O motor 1.0 de três cilindros com aspiração natural desenvolve 77cv de potência e 9,6kgfm de torque com gasolina, combustível utilizado na avaliação. Consequentemente, o fôlego do Volkswagen Polo Track é limitado, ainda que razoável diante da proposta.
Na cidade, o hatch é relativamente ágil e entrega performance adequada. Contudo, as limitações ficam bastante evidentes em rodovias, onde o motorista precisa esticar as marchas e fazer o motor trabalhar em alta rotação. Felizmente, o isolamento acústico mostra-se eficiente, de modo que o ruído do 1.0 não chega a incomodar.
Consumo do Volkswagen Polo Track
A contra-partida vem no consumo. Nas aferições do VRUM, o Volkswagen Polo Track obteve 12,7km/l na cidade e 16,4km/l na estrada, com gasolina. Esse resultado está dentro do que se espera para um hatch compacto com motor 1.0 Vale destacar que tais números estão próximos aos que constam no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE) do Inmetro (veja-os na ficha técnica).
Preço e equipamentos do Volkswagen Polo Track
O preço do Volkswagen Polo Track é de R$81.370. Completo, com todos os opcionais, o valor sobe para
R$83.940. A garantia de fábrica é de três anos, sem limite de quilometragem.
- EQUIPAMENTOS DE SÉRIE: assistente para partida em subida, 4 airbags (2 frontais e 2 laterais), preparação para rádio com dois alto-falantes, ar-condicionado com comandos manuais, banco do motorista com ajuste de altura, banco traseiro rebatível, controles eletrônicos de estabilidade e tração, bloqueio do diferencial, direção elétrica, imobilizador eletrônico, vidros elétricos dianteiros (sem sistema um-toque) e travas elétricas com telecomando na chave.
- OPCIONAIS: aparelho de áudio Media Plus II com entrada USB tipo C, quatro alto-falantes e antena no teto, volante multifuncional e computador de bordo (R$910) e pintura metálica (R$1.650).
Vale a pena?
Mesmo na versão Track, o Volkswagen Polo continua sendo ele próprio quanto à dinâmica e à qualidade estrutural. Nesses aspectos, as diferenças em relação ao finado Gol e também a alguns concorrentes são abissais. Eis o maior trunfo do modelo: a dirigibilidade, afiada especialmente em relação ao segmento de entrada.
O problema é a oferta de equipamentos, limitada até mesmo diante da proposta. Tudo bem que carros de entrada não são abundantes em conteúdo, mas pelo menos o aparelho de áudio e o computador de bordo, além de um sistema um-toque para o vidro do motorista e uma coluna de direção ajustável em altura, deveriam vir de série sem aumento de preço.
Ainda assim, o Volkswagen Polo Track é uma opção interessante na categoria de entrada, já que os preços de todos os automóveis zero-quilômetro do país estão nas alturas: lembre-se que as versões básicas de Fiat Mobi e Renault Kwid, os dois carros mais acessíveis do mercado, já estão beirando os R$70 mil. O próprio Gol, antes de sair de linha, custava R$78.160 (ou R$95.990 na série especial Last Edition).
Entretanto, os interessados na versão Track devem dar uma olhada para a opção seguinte dentro da linha do Volkswagen Polo, batizada apenas de MPI. Por R$5.020 a mais, ela já traz de série um sistema multimídia com tela sensível ao toque de 6,5 polegadas, além de computador de bordo, volante multifuncional e até faróis full-LED.
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