A onda aventureira pegou boa parte do mercado automotivo antes da era dos SUVs. Versões de carros com apliques off-road eram uma opção mais viável para quem não tinha grana, ou não queria ter um carro grande como um utilitário-esportivo. O Fiat Uno foi um desses hatches que pegou carona neste segmento por um bom tempo com a versão Way.
Fato é que a opção “off-road light” do compacto seguia a mesma receita de bolo. Tanto na primeira, como na segunda geração do hatch. Suspensão elevada, pneus de uso misto e várias molduras para fazer o motorista parecer um jipeiro eram fatos indefectíveis no Fiat Uno Way.
Um pouco da trajetória do Uno
O primeiro Uno nasceu em 1984 e foi considerado revolucionário para o segmento de compactos. Tinha espaço interno superior aos rivais da época, coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,35 e design assinado por Giorgetto Giugiaro. Além de ter sido lançado apenas um ano depois de sua estreia na Europa.
Nos anos 1990, o compacto foi enquadrado na era do carro popular. Com a nova política de tributação do IPI, que beneficiava modelos com motor até 1.000cm³ de cilindrada. Surgiu o Uno Mille, que se manteve em vida até 2013.
Este Uno Botinha Ortopédica virou o carro de acesso da Fiat e ainda conviveu com a segunda geração do hatch. Desenvolvido no Brasil, o novo modelo foi lançado em 2010 e adotou o estilo quadradinho com contornos arredondados.
Pode não ter feito o mesmo sucesso do antecessor, mas também vendeu bem, graças ao custo/benefício e à variedade de versões, como a aventureira Way, e duas opções de motores inicialmente. Foi encerrado em 2021, com quase 4,4 milhões de unidades produzidas (as duas gerações).
Versão aventureira: o Fiat Uno Way
A história do Uno aventureiro começou ainda na primeira geração, em 2006, com a oferta de um kit Way para o Mille. O pacote oferecia suspensão elevada, molduras nos para-lamas, além de vão das portas e colunas pintados de preto. Dois anos depois virou versão de acabamento.
Já a segunda geração do Uno nasceu com a versão Way. Não uma, mas com duas opções “jipeiras”. A com motor 1.0 é dotada de suspensão elevada, faróis com lentes escurecidas, barras longitudinais no teto, colunas das portas e anéis da grade dianteira pretos, molduras nos para-lamas e frisos laterais das portas com o nome da versão.
Já a Way 1.4 chegou como versão topo da linha Uno - depois, foi superado pela Sporting. Além de mais potente e equipado, a então variante mais completa do hatch adiciona, em relação a 1.0, pneus de uso misto (on/off road) com rodas com aros de 14 polegadas.
Em 2017 o Uno Way foi reestilizado junto com o restante da linha. Mas a grande novidade foi a adoção dos motores da linha Firefly, com três e quatro cilindros, inclusive as opções para a variante aventureira.
Curiosamente, no lançamento da linha 2019 - mostrada em meados de 2018 -, a Fiat tirou a versão Way do Uno. Antes do ano virar daquele ano, contudo, a marca ressuscitou a configuração off-road light do compacto.
Desempenho
Com o motor Fire, o Uno é aquele drama para sair do lugar como na maioria dos quatro-cilindros 1.0. É preciso esticar bem as marchas iniciais para arrancar com o Uno Way para tentar tirar algo dos 75/73cv de potência.
A coisa melhora um pouco com o 1.4. Ainda falta um pouco de força em baixos giros para encarar subidas e fazer retomadas. Mas os 88/85cv conferem um pouco mais de dignidade para trafegar pela cidade.
O Uno Way ficou outro carro com o advento dos motores Firefly. Mesmo com o 1.0 tricilíndrico com 77/72cv, o desempenho é levemente mais esperto, além do rodar menos áspero e o consumo melhor.
A cereja no bolo fica para o Uno Way 1.3. O propulsor de 109/101cv sobra no carrinho de 940 quilos. As saídas de semáforo agradam, com 0 a 100km/h abaixo dos 10 segundos, assim como as retomadas de velocidade agraciadas com até 14,2kgfm de torque a 3.500rpm.
Bom ressaltar que em todas as opções o Uno Way padece de outro mal dos carros da Fiat. O câmbio manual, além de mal escalonado, tem engates esponjosos e pouco precisos. O que prejudica muito o desempenho do carrinho.
Conforto
É um hatch compacto e espaço não é o forte do Uno Way de segunda geração. Na frente, os bancos deslocados para o centro fazem você roçar o ombro no ombro de um eventual carona corpulento.
A posição de dirigir um pouco alta compensa. Assim como os comandos bem posicionados e ao alcance do motorista.No banco traseiro, apenas dois adultos vão bem ali. E com espaço no limite para pernas e joelhos. Já o porta-malas é pequeno e tem volume de 280 litros.
Tinha duas portas
O Uno, inclusive o Way, foi um dos últimos carros produzidos no Brasil na configuração duas portas. Esta surgiu na segunda geração do hatch em 2011. Para quem não vive com o carro cheio, pode ser uma opção de usado um pouco mais barato e mais leve no peso.
Equipamentos
O Fiat Uno Way saía de fábrica em 2012 bastante pelado. Mas é possível encontrar exemplares do hatch aventureiro no mercado de usados - com preços entre R$ 26 mil e R$ 34 mil - com vários dos opcionais oferecidos.
Além de ar, vidros elétricos, ajustes de altura do banco do motorista e do volante, tem alguns carros à venda até com itens de segurança, como airbag duplo e ABS. Em 2012, eles ainda não eram obrigatórios por lei.
Séries legais do Uno Way
O Uno teve várias séries, mas o Uno Way recebeu duas tiragens mais que especiais. A Xingu surgiu em maio de 2013. Homenagem ao filme homônimo que conta a história dos irmãos indigenistas Villas Boas e da criação do Parque Nacional Xingu, o hatch traz vários elementos de diferenciação e equipamentos extras.
No novo Uno Way, os adesivos ficam na linha de cintura do carro e na traseira. Entre os itens da série, direção hidráulica, faróis de neblina, pré-disposição para rádio, ar-condicionado, para-brisas degradê, travas elétricas, vidros elétricos dianteiros com one-touch para motorista, computador de bordo e ajuste de altura do banco do motorista.
Já em março de 2015 foi a vez do Fiat Uno Way Rio 450. A série especial homenageou os 450 anos de fundação da Cidade Maravilhosa. Ao contrário da Xingu, a edição “carioca” só foi vendida com motor 1.0.
Entre os apliques visuais, adesivos na carroceria com os traços que remetem a um rosto de perfil, símbolo dos 450 anos do Rio. A estampa também aparece bordada nos bancos dianteiros. Completam o pacote as rodas de liga leve e nova cor nos anéis da grade dianteira, que segue o tom das capas dos retrovisores.
Manutenção do Uno Way
Os motores Fire são de manutenção simples e com peças fáceis de achar. Confira alguns preços de componentes do Fiat Uno Way 1.4 2012:
- Jogo com 4 pastilhas do freio dianteiro: de R$ 60 a R$ 100
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 65 a R$ 110
- Bomba de combustível: de R$ 200 a R$ 360
- Kit troca de óleo (3 litros 5w30 + filtro): de R$ 150 a R$ 200
- Amortecedor traseiro: de R$ 280 a R$ 500
- Para-choque traseiro: de R$ 170 a R$ 300
- Farol direito: de R$ 200 a R$ 300
Principais problemas
Donos de Fiat Uno costumam se queixar bastante do desgaste prematuro do sistema de embreagem. Além de vazamentos dentro da cabine provocados por um defeito no evaporador do ar-condicionado, que acumula água.
Fique atento também às partes plásticas, que são bastante frágeis. É comum maçanetas internas e hastes de acionamento das setas estarem quebradas. Observe ainda ruídos estranhos na suspensão e na direção, e olho vivo na parte elétrica.
Recalls
- para troca dos airbags em modelos feitos entre 2010 e 2017;
- para atualização do software da chave de setas dos Uno de 2014 a 2018;
- para substituição da central eletrônica, da bomba de combustível e da bobina de ignição nos carros ano modelo 2016/17;
- para troca do alternador nos Fiat Uno produzidos entre 2016 e 2018;
- para substituição da caixa de marchas dos hatches fabricados em 2017;
- para troca do sensor de seleção de marchas das unidades produzidas em 2017 e 2018;
- para substituição dos relés dos modelos feitos em 2018 e 2019;
- para troca da bomba de combustível nos Fiat Uno fabricados em 2021.
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