Os SUVs se tornaram opções de carro familiar e os modelos com sete lugares sempre chamam ainda mais a atenção. Se os utilitários-esportivos com bancos extras ainda são poucos – e/ou muito caros – entre os modelos zero-quilômetro disponíveis, mais de 15 anos atrás o Dodge Journey veio como uma solução interessante para o segmento de médios.
O SUV importado do México chegou na configuração com a terceira fila de bancos para ser o único de sete lugares na categoria de crossovers médios até então. E o Dodge Journey fez sucesso naquela época justamente por oferecer este diferencial.
Atualmente, ainda é opção de jipinho espaçoso, confortável e bem equipado, apesar de a relação conturbada da marca com o Brasil pedir uma pesquisa ainda mais atenta sobre o seu estado de conservação. Reunimos 10 fatos a respeito do Dodge Journey para quem pretende comprar o SUV usado.
1 – A trajetória do SUV que veio do México
O Dodge Journey foi apresentado globalmente no Salão de Frankfurt de 2007 e um ano depois começou a ser vendido no Brasil. Importado do México, onde era produzido na fábrica de Toluca, o SUV chegou apenas com configuração de sete lugares e motor 2.7 litros com seis cilindros em V.
Em 2010, a Dodge deu uma mexida na linha Journey. Na parte de cima da tabela, passou a comercializar uma opção de entrada mais acessível do SUV, a SE, com apenas cinco lugares “padrão”. Na parte de baixo, lançou a versão R/T, com proposta mais esportiva.
Na linha 2012 (mostrada em 2011), o Dodge Journey passou por uma reestilização para se diferenciar do Fiat Freemont e ganhou motor Pentastar V6. Três anos depois, mais novidades: edição especial Crossroad (sobre a qual falaremos mais adiante) e tração integral disponível para a versão R/T.
Foi justamente em 2014, quando o SUV teve seu melhor desempenho comercial, com quase 3 mil unidades emplacadas. Em 2020, a produção no México chegou ao fim, mas as vendas do Dodge Journey já tinham começado a minguar alguns anos antes.
2 - Como é o desempenho do Dodge Journey?
Os motores V6 garantem força ao Dodge Journey. O 2.7 litros de 185cv dos primeiros anos de importação para o Brasil conferem uma pegada mais de conforto ao SUV do que propriamente de empolgação.
As arrancadas são comedidas, ainda mais com o câmbio automático de seis marchas que pontua bastante as primeiras acelerações. Mesmo assim, o Dodge Journey cumpre o 0 a 100km/h em 12 segundos, tempo satisfatório para um modelo de quase duas toneladas.
Após a remodelação de 2011, o Dodge Journey ficou bem mais arisco com o motor 3.6 litros V6 da conhecida família Pentastar. Com 280cv de potência, o crossover médio acelera de 0 a 100km/h em menos de 9 segundos. As retomadas também são beneficiadas pelos 34,9kgfm disponíveis em 4.350rpm.
Lembre-se, contudo, que qualquer V6 costuma ir com bastante sede ao pote. No caso do Pentastar, as médias na cidade giram na casa dos 7km/l. O consumo rodoviário também não é lá essas coisas e dificilmente o Dodge Journey cumpre mais de 10 quilômetros com um litro de gasolina na estrada.
3 - Deu origem ao “primeiro” modelo FCA
Coube ao Dodge Journey inaugurar a sinergia prometida pelo grupo FCA – Fiat Chrysler Automóveis, formado em 2008. Em 2011, a parte italiana pegou o Dodge Journey e o transformou em Freemont, lançado naquele mesmo ano no mercado brasileiro.
Para diferenciar os clones, a Chrysler, até então ainda dona da Dodge, fez uma reestilização no Journey em 2011, aqui vendido como linha 2012. Na frente, para-choques e grade maiores. Na cabine, acabamento mais requintado, além de mais equipamentos.
Na parte mecânica, o Dodge Journey permaneceu com os motores V6. Ao Fiat Freemont, para fazer as vezes de SUV mais acessível, coube o motor 2.4 litros de quatro cilindros do Chrysler PT Cruiser, aliado inicialmente a um mal escalonado câmbio de quatro velocidades – depois, substituído pela caixa de seis marchas.
4 - Espaço e conforto de sete lugares
O ponto alto do Dodge Journey é justamente o ambiente a bordo. Com 4,88 metros de comprimento e 2,89m de distância entre-eixos, sobra espaço para cinco ocupantes na cabine. Mesmo os dois bancos extras não exigem muitos contorcionismos de passageiros adultos, apesar de serem mais recomendados para crianças.
Um outro ponto que merece destaque é quanto aos bancos da segunda fila. Além de rebatíveis e reclináveis, são corrediços, o que facilita a disposição dos assentos, mesmo com o carro abarrotado de gente.
O acerto da suspensão – independente na frente e atrás – privilegia o conforto e também o público estadunidense preferencial do projeto do SUV. A calibragem mais suave faz algumas vezes o Dodge Journey sacolejar além do necessário nos buracos e a carroceria aderna um pouco nas curvas, mas nada que comprometa a segurança no rodar.
O isolamento acústico é eficiente. E o acabamento na reestilização de 2011 melhorou bastante o ambiente interno, com materiais que aparentam mais qualidade e um visível maior capricho nos fechamentos e encaixes das peças. Ainda tem o porta-malas de 580 litros com os bancos rebatidos e de 167 litros na configuração de sete lugares.
5 - Nossa dica de versão mais interessante
Vamos de Dodge Journey R/T AWD ano 2016, a opção com detalhes mais esportivos e tração integral. O SUV médio nesta configuração e ano tem preços entre R$ 78 mil e R$ 85 mil nos principais sites de compra e venda de veículos usados do país, com valores levantados na primeira semana de dezembro de 2023.
Entre os equipamentos do Dodge Journey R/T, destaque para o sistema multimídia da Alpine com subwoofer, seis alto-falantes e duas telas de LCD. Uma no painel com GPS e entrada USB e outra, de 10 polegadas, posicionada no teto, com DVD Player, dois fones de ouvido e controle remoto, uma ótima opção para famílias que precisam entreter os inquietos filhos no banco de trás.
Na segurança, o Dodge Journey R/T oferece seis airbags, controles de estabilidade e de tração, assistente à subida em rampas, câmera e sensor de ré, retrovisor eletrocrômico, Isofix e monitoramento da pressão dos pneus.
Ar-condicionado automático com três zonas independentes, banco do motorista com ajustes elétricos, retrovisores externos com aquecimento e rebatíveis eletricamente, revestimento em couro, teto solar, sensores de luminosidade e crepuscular e chave presencial também são itens de série do Dodge Journey R/T.
6 – Qual é a série mais legal do Dodge Journey?
Em 2014, o Dodge Journey estreou uma série Crossroad, limitada em 140 unidades. O modelo – 2015 – em preços entre R$ 65 mil e R$ 75 mil nas plataformas de negociação de veículos seminovos e usados.
Entre os destaques do Dodge Journey Crossroad estão faróis e lanternas com lentes escurecidas, grade na cor preto brilhante, cromados nas molduras dos para-choques, nas saias laterais e no rack do teto. As rodas aro 19 polegadas são exclusivas na cor grafite. A lista de equipamentos é baseada na R/T já citada.
7 - Dodge e sua relação conturbada com o Brasil
O fim de produção e importação do Journey marcou mais uma despedida da Dodge do Brasil. A marca surgiu em nosso território em 1947, por meio de uma parceria com a Brasmotor – que montou as primeiras Volkswagen Kombi por aqui. Caminhões da Dodge eram montados aqui em uma espécie de sistema CKD.
Oficialmente, a Dodge iniciou suas operações com veículos de passeio no Brasil em 1967, com a aquisição da fabricante francesa Simca. Em 1969, lançou o Dart no mercado brasileiro e nos anos 1970, o 1800 – ou Polara, ou Dodginho.
Em 1979, a Volkswagen comprou a filial brasileira da Chrysler, dona da Dodge. Dois anos depois, só vendo a marca dar prejuízo, a montadora alemã encerrou a produção do Polara e as atividades da empresa estadunidense no Brasil.
A Dodge voltou em 1998 com a produção da Dakota no Paraná. Com desenho instigante e motores V8, a picape média fez sucesso. Porém, em 1999, foi firmada a DaimlerChrysler, que ditaria os rumos das operações no país. Em 2001, a marca encerrou a produção e saiu pela terceira vez do mercado.
A importação do Dodge Journey a partir de 2007 e a formação da FCA pareciam ter dado novo ânimo à marca americana no nosso país. Porém, a verdade é que já nesta união a Dodge ficou meio para escanteio e a Jeep é que recebeu maior atenção.
No Brasil, chegou-se a importar o SUV Durango por um curto espaço de tempo – de 2013 a 2015. O Journey ainda manteve a marca viva por aqui até 2021, quando as últimas unidades em estoque foram comercializadas e a Dodge deixou de existir mais uma vez no Brasil.
8 – Uma noção sobre os preços de manutenção
A manutenção do Dodge Journey está longe de ser simples. Além disso, as peças ligadas ao motor V6 não são tão simples de achar e é preciso ficar ligado nos custos com componentes externos. Confira os preços de algumas peças do Dodge Journey 2016:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 260 a R$ 320
- Jogo com seis velas de ignição: de R$ 315 a R$ 500
- Bomba de combustível: de R$ 800 a R$ 1.150
- Kit troca de óleo (6 litros 5W30 + filtro): de R$ 320 a R$ 550
- Amortecedor traseiro: de R$ 750 a R$ 1.000 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 800 a R$ 1.200
- Farol direito: de R$ 900 a R$ 1.500
9 - Principais problemas do SUV médio
Trepidação nas frenagens e empenamento precoce dos discos de freio são os problemas mais comuns que envolvem o Dodge Journey. O defeito foi até motivo de um recall da marca norte-americana para o SUV no Brasil.
Porém, também é importante ficar atento aos coxins do motor, que quebram com facilidade, e ao sistema de arrefecimento, que costuma apresentar vazamentos. Atenção especial também ao estado da suspensão e dos pneus e rodas.
10 – As campanhas de recalls do Dodge Journey
A Dodge convocou os proprietários do Journey para algumas campanhas de recall no Brasil, por isso é importante dicar atento se todas foram realizadas na unidade que está à venda no mercado de usados. A primeira campanha foi para a troca de chicotes das portas dianteiras em unidades ano 2007 e 2008.
Depois, os proprietários de Dodge Journey foram chamados para conserto do sistema de airbag e pré-tensionador do cinto de segurança em modelos 2009 e 2010; para verificação do sistema de ignição em SUVs produzidos entre 2009 e 2011; para substituição da mangueira da direção hidráulica em carros fabricados em 2010; para troca dos discos e pastilhas de freios em unidades do Dodge Journey feitas em 2011.
A saga dos recalls do SUV continuou com a verificação da fiação do volante em veículos fabricados entre 2011 e 2015; para reparo do chicote do sistema ABS em modelos produzidos de 2012 a 2015; para atualização do software da injeção eletrônica de unidades 2014 a 2018; para sangria do sistema de freio em modelos 2018; e para troca da central eletrônica de Dodge Journey ano 2018.
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