O Renault Clio foi o primeiro carro “popular” da marca francesa no Brasil, mais até que o Twingo. Principalmente em sua segunda geração, que foi produzida no Brasil e vendeu mais de 400 mil unidades no país. O que faz dele um modelo com boas ofertas no segmento de carros usados.
Foram 16 anos de mercado, muitas versões, séries especiais pitorescas, porém, sempre pontuado por uma relação custo/benefício atraente, que se replica no segmento de segunda mão. Confira agora 10 fatos sobre o Renault Clio.
1 - Trajetória do Renault Clio
A primeira geração do Clio foi apresentada em 1990 para substituir o Renault 5 na Europa, e começou a ser produzida na Argentina na primeira quinzena daquela década. O hatchback passou a ser importado para o Brasil em 1996. Mas foi a segunda fase do modelo que fez sucesso e sobre a qual falaremos.
Apresentado globalmente em 1998, o Renault Clio 2 foi lançado no Brasil em 1999 com opções de motores 1.0 e 1.6, e versões que seguiam as nomenclaturas padrão da marca francesa: RL, RN e RT (que significava um pouco honroso “ranking low”, além “ranking normal” e “ranking top”).
No começo dos anos 2000, já começou a ter versões esportivas, ganhou motores multiválvulas e séries especiais. Em 2003, a primeira reestilização e, enfim, mudanças nos nomes das versões, que passaram a ser Authentique, Expression e Privilége – termos bem melhores e mais a ver com a nacionalidade da fabricante.
O Renault Clio experimentou novos motores ao longo dos anos 2000 e diferentes edições limitadas. Em 2005, o compacto estreou a terceira geração na Europa. Aqui, mudou apenas os para-choques e volante e, em 2008, com a chegada da família Sandero/Logan, passou a ser vendido apenas em versão única de entrada Campus.
Na linha 2012, novo facelift, mudanças no acabamento interno e motor com potência aumentada. Nesta época, voltou a ter mais de uma versão. Em outubro de 2016, a Renault, que já estava com o Kwid no forno, encerrou a produção do Clio, que teve quase 550 mil unidades produzidas no Mercosul.
2 - Argentino, nacional e… argentino
O primeiro Renault Clio da região foi feito na Argentina, mas a geração dois do compacto começou brasileira. A propósito, foi o segundo modelo da marca a ser produzido na então nova fábrica da montadora francesa, no Complexo Industrial Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba – o primeiro produto foi a Scénic.
Foi lá também que o hatch ganhou motor flex. O motor 1.6 passou a beber tanto gasolina como etanol em 2004 e, no ano seguinte, foi a vez do propulsor 1.0 ficar flexível. Em 2007, com a iminente chegada do Sandero, a Renault transferiu a produção do Clio para a planta de Santa Isabel, em Córdoba, Argentina.
Em 1999, o Renault Clio começou com tudo. Mesmo em um segmento de compactos, foi o primeiro carro fabricado no Brasil com airbags frontais de série. Em 2005, também contabilizou outro pioneirismo: foi o primeiro modelo a ter motor 16 válvulas flex, quando o conjunto 1.6 virou bicombustível.
3 – Como é o desempenho do Clio?
O carro teve muitas fases e diferentes motores, com variações de potência e litragem. Vamos nos concentrar no comportamento do Renault Clio 2015, vendido com opção única 1.0 16V. Com 80cv quando abastecido com etanol e 77cv, com gasolina, o modelo é até espertinho para um motor “mil”.
Muito graças ao baixo peso de 912kg. O Renault Clio arranca bem – dentro das suas capacidades e proposta, obviamente –, mas as retomadas são sofríveis, como na maioria dos 1.0 aspirados. Ainda mais 16V, com torque completo disponível só acima das 4.000rpm.
De qualquer maneira, o Renault Clio 2015 é um ótimo carro para o uso na cidade. Acomoda bem quatro passageiros, tem ótima carga útil para um compacto (525kg) e oferece boa posição de dirigir. O porta-malas de 255 litros está dentro da média do segmento – mesmo para os dias atuais.
4 – E o compacto gerou crias
O Renault Clio de segunda geração teve sua variante sedan também, desenvolvida na Turquia e produzida no Brasil/Argentina entre 2000 e 2009. Mas o três-volumes não morreu totalmente.
Com a chegada do Logan, a Renault decidiu fazer na Argentina o Symbol, que nada mais era que o Clio Sedan bastante remodelado. Vendido apenas com motor 1.6, o modelo foi posicionado no mercado brasileiro acima do projeto da Dacia, para tentar brigar com os chamados compactos premium da época.
Outra cria do Clio aconteceu no mercado argentino. A configuração furgão, com a parte de trás da cabine com espaço para carga e vidros opacos. Um segmento muito forte nos mercados sul-americanos.
5 - Cadê o banco traseiro?
Já imaginou um Renault Clio com motor V6? Esta versão do primeiro hatchback existiu na Europa, em meados dos anos 1990. Usava um descomunal motor central 3.0 de 230cv, que ficava posicionado no lugar dos bancos traseiros.
Além disso, o hot hatch produzido pela TWR, na Suécia, era mais largo e baixo, e cheio das saias e aerofólios, além do preparo esportivo de suspensão, freios e direção. Mais tarde, o motor V6 ainda teve a potência elevada para 255cv (!!!!).
6 - Só cinco unidades
O que não faltou foi versão esportiva – em 2000 teve a inesquecível Si – e edição limitada do Clio (como você verá a seguir) ao longo de sua vida. Uma delas foi a F1 Team, lançada em 2007 e criada para comemorar o bicampeonato da escuderia Renault no Mundial de Construtores da Fórmula 1 (2005-2006).
Desenvolvido pela TM Concept, do piloto Tarso Marques, o Clio F1 foi produzido apenas na cor preta e com duas portas. Entre os acessórios exclusivos, rodas escurecidas e com aros de 15 polegadas, spoiler dianteiro, saias laterais, lanternas traseiras com lentes de policarbonato translúcido, ponteira de aço inox e aerofólio traseiro, além de muitos adesivos na carroceria.
Dentro da cabine do Renault Clio F1 Team, soleiras das portas personalizadas com o logotipo da série limitada, bancos com detalhes em couro e encostos de cabeça também com o logo. O som com CD Player e leitor MP3 é da Siemens. O motor é o 1.6 16V de 115cv (etanol)/110cv (gasolina).
O mais curioso é que a série Clio F1 foi realmente limitada: só teve cinco unidades. Elas foram sorteadas entre os clientes que participaram, em 2007, da campanha “Portas Abertas”, do braço financeiro da Renault.
7 – As séries especiais do Renault Clio
Mas o que não faltou ao Renault Clio foi série especial. Só as edições feitas em parceria com empresas foram três: Yahoo (2001), Jovem Pan (2002) e O Boticário (2002), este baseado no sedan e com 2,2 mil unidades “voltadas para o público feminino”, com detalhes como revestimento dos bancos que não puxavam fios.
Tech Run, Alizé, Get Up (com duas tiragens e uma sensacional propaganda na TV), Air, além da F1 já citada, foram outras séries especiais do Renault Clio de segunda geração no Brasil.
8 - Nossa dica da melhor opção do compacto
Voltamos ao Renault Clio 2015 como dica de carro bom para se ter na cidade. Além de econômico, com médias no ciclo urbano acima de 9km/l com etanol e de 13km/l, com gasolina, é um carro fácil de dirigir e de estacionar, e com boa dose de conforto no rodar, obviamente dentro de sua proposta.
Esta safra do Clio já vem com a reestilização de 2012, melhor acabamento interno e painel herdado do Logan, além do motor com potência elevada para 80cv (e)/77cv (g). Mas sempre foi um carro de entrada, então, o Renault Clio Expression 2015 vai ter só o básico para se viver no trânsito com dignidade.
Além dos obrigatórios airbag duplo e freios com ABS, o Renault Clio Expression 2015 oferece desembaçador, limpador e lavador do vidro traseiro, encosto traseiro rebatível e computador de bordo. Mas a esmagadora maioria dos modelos anunciados, com preços entre R$ 25 mil e R$ 30 mil, trazem ar-condicionado, vidros e travas elétricos e som, que eram opcionais.
9 – Uma ideia sobre os preços de manutenção
O motor 1.0 16V do Renault Clio é velho conhecido. Usa componentes fáceis de achar e cujos preços não vão comprometer o orçamento do ano – os itens externos é que são mais caros. Confira preços de algumas peças do Renault Clio 2015:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 60 a R$ 90
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 70 a R$ 110
- Bomba de combustível: de R$ 180 a R$ 230
- Kit troca de óleo (4 litros 10W50 + filtro): de R$ 170 a R$ 250
- Amortecedor traseiro: de R$ 500 a R$ 700 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 300 a R$ 480
- Farol direito: de R$ 500 a R$ 650
10 - Principais problemas
O Renault Clio apresenta muitos problemas na bobina da ignição, segundo seus donos em relatos em fóruns sobre o hatch. O que pode causar dificuldades ao dar partida no motor. Falhas no sistema de injeção eletrônica e no funcionamento do ar-condicionado também são comuns no compacto.
Fique atento também a vazamentos de óleo, barulhos estranhos na transmissão e a outros ruídos na suspensão. Os coxins do motor costumam ter desgaste prematuro, o que pode ocasionar vibrações excessivas e mais barulhos sob o capô.
O Renault Clio foi submetido a uma campanha de recall em 2011, para troca das travas das válvulas do motor 1.0 16V.
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