A Citroën sempre foi conhecida por fazer carros elegantes. Os que mais se destacavam neste quesito, sem dúvida, foram os primeiros Citroën C3. Se a atual geração, lançada em 2022, carece de certa inspiração, a fase inicial do hatch compacto, no começo dos anos 2000, e a segunda fase, lançada em 2012, abusam do direito de serem bonitos.
Vamos focar justamente no Citroën C3 geração 2, lançado em 2012. Com desenho arredondado como no antecessor, faróis alongados e integrados à grade e vincos pela carroceria, continuou a ser um dos mais diferentes do segmento dos compactos. Atualmente, é opção de usado confortável, equipado e econômico. Veja 10 fatos sobre o Citroën C3 2012.
1 – A trajetória do hatch da marca francesa
O Citroën C3 foi lançado em maio de 2003, como segundo modelo da marca fabricado em Porto Real (RJ), que já fazia o Xsara Picasso. Com design diferente, motores 1.4 e 1.6, acabamento superior e boa lista de equipamentos, logo se posicionou no tal subsegmento de compactos premium para brigar com Volkswagen Polo e Honda Fit.
Em 2012, a Citroën lançou a segunda geração do C3. O carro mantinha a aposta no desenho e no padrão de acabamento mais requintado em relação à mesmice da época. No lugar do motor 1.4, entrou em cena o 1.5, enquanto as versões 1.6 tiveram a potência elevada.
No decorrer dos anos após o lançamento de 2012, novas configurações do Citroën C3 surgiram e o 1.6 passou a ter só opção de câmbio automático – inicialmente, de quatro, depois, de seis marchas. Em 2017, o 1.6 teve a potência reduzida. Antes, o 1.5 deu lugar ao econômico 1.2.
Em 2020, a segunda geração do Citroën C3 deixou de ser produzida. O modelo só voltou à cena dois anos depois, com a chegada do atual compacto, baseado em um projeto indiano e com jeitão meio hatch altinho, meio SUV pequeno.
2 - Compacto premium
Desde o início do século, a fabricante francesa sempre fez questão de se posicionar como uma marca mais sofisticada no Brasil – ao contrário do que ocorre na Europa. Tanto que o Citroën C3 foi um dos raros compactos a não ter nenhuma versão 1.0, nem na primeira, tampouco na segunda geração, de 2012.
Além disso, a marca adotou uma estratégia de tentar passar essa imagem em detalhes. Seja em equipamentos ou nos materiais usados na cabine. Para se ter ideia, o Citroën C3 foi lançado em 2012 com um opcional e tanto: o para-brisa panorâmico Zenith, cuja parte superior se estende para além da primeira coluna.
3 – Conforto moderado
Trata-se de um compacto e, como tal, não permite estripulias a bordo. Ou seja, é um carro ideal para pequenas famílias, casais sem filhos ou para quem precisa de um veículo para ir e voltar do trabalho em termos de espaço.
Já a posição de dirigir é muito prática no Citroën C3, com ergonomia bem resolvida. A visibilidade também é eficiente, assim como o isolamento acústico, que funciona em velocidades médias e baixas. O porta-malas leva o básico com seus 300 litros de capacidade: duas malas médias e algumas mochilas.
Já a suspensão sofre um pouco nos buracos, em especial o jogo por eixo de torção na traseira. Conforme o buraco ou o jeito que se passa pelo quebra-molas, costuma dar fim de curso.
4 – Como é o desempenho do Citroën C3?
Feito sobre a plataforma PF1 da então PSA – ainda hoje usada por C4 Cactus e Peugeot 2008 –, o Citroën C3 com o motor 1.5 8V flex é um carro bem disposto para a cidade, sem gastar muito. Os 93cv com etanol e 89cv, com gasolina, dão conta do recado de mover o hatch compacto de 1,1 tonelada.
As arrancadas são suficientes e o modelo chega com certa tranquilidade à velocidades mais altas. O torque de 14,2kgfm (e)/13,5kgfm (g) aparece perto das 3.000rpm, o que facilita a vida do Citroën C3 na hora de encarar algum trecho de ladeira ou subida.
Para quem pega mais estrada, a dica é o Citroën C3 2012/13 com motor 1.6 16V. O propulsor EC5 – nacionalizado nos anos 2000 – gera 122cv (e)/115cv (g) e mais disposição, principalmente nas saídas de semáforo.
Com câmbio manual, faz o 0 a 100km/h na faixa dos 11 segundos. Enquanto o consumo urbano fica em 7,5km/l na cidade com etanol e em mais de 9km/l, com gasolina.
A caixa automática de quatro velocidades atrapalha bastante o desempenho e o consumo do Citroën C3. Com muitos delays da transmissão, o 0 a 100km/h passa dos 13 segundos e o consumo cai para abaixo de respectivos 7km/l e 9km/l.
A coisa melhora um pouco com o câmbio de seis velocidades da Aisin, a partir de 2017. Mas nada muito empolgante. As imprecisões da transmissão permanecem e o consumo se mantém elevado.
Para quem quer realmente um Citroën C3 econômico, ainda tem as versões com o motor 1.2 PureTech. O três cilindros de 90cv importado da China tem componentes de menor atrito e oferece arrancadas até mais espertas que o 1.5. Chegou a ser o propulsor mais eficiente do país.
Pelos padrões do Inmetro à época, o Citroën C3 PureTech faz médias urbanas de 10,6km/l e 14,8km/l. Na estrada, os números chegam a 11,3km/l e 16,6km/l. Foi nota máxima AAA no programa Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, do PBEV.
5 - Nossa dica de melhor versão
Indicamos o Citroën C3 Exclusive 2012 modelo 2013, na versão Exclusive 1.6, com câmbio manual de cinco marchas. Nos sites de compra e venda de veículos, os preços vão de R$ 33 mil a R$ 39 mil (primeira semana de janeiro de 2024).
Entre os equipamentos, ar-condicionado automático, sensores de luminosidade e chuva, trio elétrico, volante com ajustes de altura e de distância, banco traseiro bipartido e rebatível, limpador, desembaçador e lavador do vidro traseiro, entre outros. O som tem Bluetooth, tomada USB e CD Player, mas o GPS era opcional.
Outros opcionais interessantes para ficar de olho no Citroën C3 2012 usado: revestimento em couro, alarme, airbags laterais e sensor de ré. Na segurança, a propósito, vinha de série com bolsas frontais, freios com ABS e EBD, retrovisor eletrocrômico e luzes diurnas de condução.
6 - Séries diferentes do C3
Nos seus oito anos de vida, o Citroën C3 teve algumas tiragens interessantes. A mais emblemática foi a Xbox One Edition, em 2013, com apenas 50 unidades, bancos exclusivos, adesivos externos e chaveiro numerado.
Obviamente, quem comprasse ganhava o console do famoso videogame da Microsoft, acesso gratuito ao Xbox Live e o jogo “Forza Motorsport 5”. A edição foi baseada na versão Exclusive manual do Citroën C3.
Em 2016, foi a vez da série Style. Derivada da configuração Tendance, com 700 unidades produzidas, teve opções com motor 1.2 e 1.6, e recebeu equipamentos que só estavam disponíveis nas versões mais caras, como rodas de liga leve aro 16 polegadas, para-brisa Zenith e luzes diurnas de LED.
Antes de a segunda geração do Citroën C3 se despedir, mais duas séries especiais baseadas na Exclusive. Em 2018, a Urban Trail, cheio de molduras para dar um ar aventureiro – a edição depois virou versão definitiva –, e a comemorativa 100 Anos, em 2019, com 100 unidades produzidas em homenagem ao centenário da marca.
7 – A má fama do francesinho
Um aspecto que perseguiu a Citroën por anos e prejudica um pouco a liquidez do C3 no mercado de usados é a má fama da rede. Pós-venda caro e serviço ruim em muitas concessionárias prejudicaram a fama do hatch compacto e de outros modelos da marca francesa.
Para reverter esse quadro, a empresa acabou mudando sua estratégia na metade da década passada. Enxugou a rede, nomeou novos grupos concessionários e passou a praticar preços mais competitivos nas revisões e peças.
8 – Gastos com a manutenção
Mesmo assim, é preciso pesquisar bem os preços de alguns componentes do Citroën C3 de segunda geração. Especialmente peças externas. Confira alguns valores de itens do Citroën C3 1.6 2012/13:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 100 a R$ 140
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 130 a R$ 180
- Bomba de combustível: de R$ 180 a R$ 280
- Kit troca de óleo (4 litros 5W30 + filtro): de R$ 220 a R$ 350
- Amortecedor traseiro: de R$ 450 a R$ 600 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 250 a R$ 430
- Farol direito: de R$ 600 a R$ 800
9 - Principais problemas do Citroën C3
Fique muito atento ao histórico de manutenção do Citroën C3 em que você está de olho. Por causa daquela má fama do pós-venda daqueles tempos, muitos clientes relaxaram nas revisões.
Além disso, o Citroën C3 tem alguns problemas comuns no que diz respeito à correia dentada, que tem vida útil curta, e à suspensão, com problemas especialmente nas buchas, que apresentam desgaste precoce. Coxins do motor, freios e vedação das portas também merecem atenção.
10 – Confira as campanhas de recall do hatch
- Para troca dos airbags dianteiros dos Citroën C3 feitos entre 2012 e 2014;
- Para verificação dos rebites da suspensão em modelos 2013;
- Para troca dos braços da suspensão em unidades fabricadas em 2013;
- Para conserto do chicote do limpador do para-brisa em carros produzidos em 2015;
- Para substituição da rampa de injeção e do servofreio em carros feitos em 2019 e 2020.
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