Quando se fala em picape aventureira, pouca gente lembra da Volkswagen Saveiro Cross. Uma pena. A caminhonete compacta da marca, apesar de sempre ficar à sombra da Fiat Strada, é um modelo bastante funcional, com dinâmica robusta e desempenho valente.
E na opção Cross, a Volkswagen Saveiro se mostra até divertida. Criada para rivalizar com a linha Adventure da Fiat, a picapinha da marca alemã ainda oferece um visual descolado.
Apesar de ter saído de cena, atualmente é opção de usado para quem quer conciliar lazer e trabalho – e tirar onda de off road. Veja 10 fatos sobre a Volkswagen Saveiro Cross.
1 – Um pouco sobre a trajetória da picape compacta
A Volkswagen Saveiro Cross surgiu em 2010, um ano após o lançamento da terceira geração da picape da marca (tratada como G5), baseada no Gol de 2008. A opção aventureira estreou na configuração cabine estendida, uma das novidades desta nova fase do modelo.
Começou com o veterano motor 1.6 EA 111 e câmbio manual de cinco marchas. Na linha 2012, a Volkswagen Saveiro Cross recebeu painel de instrumentos com iluminação branca, e na linha 2014, a picape acompanhou a reestilização da gama compacta da VW.
Em 2014, já como linha 2015, a Volkswagen trocou o motor da Saveiro Cross. Entrou em cena o 1.6 16V da família EA 211. Na carona, a versão aventureira passou a ser equipada com controle de estabilidade e freios a disco nas quatro rodas.
Logo depois, a marca alemã lançou a Saveiro com cabine dupla, opção disponível também para a Cross. Já em 2016, a picape sofreu seu último facelift e adotou frente com desenho diferente do Gol.
Em 2023, a Volkswagen encerrou a produção da Saveiro Cross. No seu lugar estreou a opção Extreme, que continua em linha até o momento como variante mais cara da picape compacta: R$ 115.690 (março de 2024).
2 – Dirigibilidade da Volkswagen Saveiro Cross
A Saveiro Cross tem uma pegada bem firme na condução, típica da Volkswagen. A direção tem assistência hidráulica e é direta na maior parte do tempo, enquanto a carroceria mostra que a construção da picape é bastante sólida.
As suspensões da Volkswagen Saveiro Cross favorecem o rodar mais confortável. Especialmente a traseira, que usa eixo de torção com molas helicoidais com calibragem leve, jogo comum para carros de passeio, mas que prejudica a capacidade de carga – como veremos mais adiante.
Em compensação, a Saveiro oferece boa estabilidade nas curvas e em retas em velocidades mais elevadas. Apesar de usar uma plataforma antiga (PQ24, do Fox, do início dos anos 2000) e ser o modelo à venda com a arquitetura mais velha do país, a picapinha não é bobona na estrada – mesmo com a caçamba vazia.
A posição de dirigir da Volkswagen Saveiro Cross é que depõe contra. Apesar do volante de boa pegada e da ergonomia resolvida, os bancos são estreitos, têm apoio lombar ruim e assento curto, o que cansa o motorista em viagens longas. Sem falar naquele sistema de ajuste de altura do tipo gangorra, bastante ruim para se achar uma boa posição de condução.
3 – Como é o desempenho da caminhonete
A Saveiro é valente com qualquer um dos motores 1.6 que usa. O veterano oito válvulas EA 111 é aquele tanque de guerra. Sobra força em baixos giros e as respostas do propulsor são imediatas.
Com etanol, são 104cv de potência e 0 a 100km/h em 10,5 segundos. Já com gasolina, os 101cv prometem a mesma aceleração em quase 11 segundos. O consumo fica em 7,3km/l na cidade com álcool e em 10,7km/l, com gasosa.
O motor 1.6 16V MSI de 120/110cv, por sua vez, tem rodar mais suave. O conjunto, apesar de mais moderno, acena com médias de consumo urbano parecidas: 7,2km/l com etanol e 10,4km/l, com gasolina. O desempenho é melhor em médias rotações e velocidades finais, com 0 a 100km/h abaixo dos 10 segundos com etanol.
Em ambos os casos, destaque para o câmbio manual MQ200 muito bem escalonado. Casa bem com os dois motores e tem aqueles engates justos e precisos que a gente sempre elogia, além de curso curto.
4 - Melhor que a Fiat Strada?
Para muitos especialistas, a Volkswagen Saveiro é, sim, melhor que a Strada em termos de construção e desempenho. Mas o mercado não está nem aí para isso. A rival da Fiat nada de braçadas no segmento de picapes compactas e até hoje vende quatro vezes mais que a sua única concorrente.
5 – Robustez é seu destaque
Muitos entusiastas de picapes torcem o nariz para a Volkswagen Saveiro por ela usar suspensão traseira por eixo de torção e com molas helicoidais, mais usadas em carros de passeio – para ficar na marca, por Gol, Fox, Voyage…
A Strada, por exemplo, usa eixo rígido e molas parabólicas de lâmina única. Mas no dia a dia não dá para dizer que a Volkswagen Saveiro não aguenta o tranco. E em trechos fora de estrada, a Cross cumpre bem o seu papel com a ajuda de um vão livre do solo de mais de 19cm e ângulo de ataque de 20,1 graus.
6 - Capacidade de carga
A questão da suspensão, como dito, reflete na capacidade de carga. A Volkswagen Saveiro Cross fica atrás da sua única rival à época, a Strada Adventure. São 580 litros na caçamba e 607kg de carga útil, contra 680 litros e 650kg, respectivamente, da picapinha da marca italiana.
Se o caso for usar a Saveiro para o trabalho, aí é melhor deixar de lado a Cross e ir para as versões cabine simples ou estendida do exemplar da Volkswagen. Na intermediária, são 734 litros de volume na caçamba e 668 kg de capacidade de carga. E na CS, 924 litros e 715 kg.
7 – Apliques e outros adereços
Obviamente, a Saveiro Cross, por ser a opção “off road light” da picape da Volkswagen, tem aquele trato estético. A começar pelas molduras de plástico escuro na frente, na traseira e nas caixas de rodas. Na frente, dois faróis de milha redondos e as luzes principais com lentes escurecidas.
Barras longitudinais no teto se integram a uma espécie de santantônio. As rodas de liga leve com aros de 15 polegadas usam pneus ATR de uso misto. Na tampa traseira, um adesivo com o nome da versão.
8 - Boa safra da Volkswagen Saveiro Cross
Sugerimos a Volkswagen Saveiro Cross cabine dupla ano 2019, que tem preços entre R$ 64 mil e R$ 78 mil. Já com o último facelift, é a mais completa da linha e bem voltada para o lazer, com destaque na segurança para os controles eletrônicos de estabilidade, tração, descidas e subidas.
A picape oferece, ainda, câmera de ré, sensores de estacionamento na frente e atrás, monitoramento da pressão dos pneus e retrovisor interno eletrocrômico. No mais, central multimídia com GPS e espelhamento de smartphone, bancos revestidos em couro, ar-condicionado, sensores crepuscular e de chuva, volante com ajustes de altura e distância e trio elétrico.
9 – Preços de manutenção da picape
Mesmo com o motor 1.6 16V, a manutenção da Volkswagen Saveiro Cross é que nem na maioria dos modelos da marca: sem grandes complicações. As peças de reposição também têm preços moderados, apesar de as partes externas custarem mais justamente devido aos apliques.
Veja os preços de algumas peças da Volkswagen Saveiro Cross 1.6 16V:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 120 a R$ 230
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 70 a R$ 130
- Bomba de combustível: de R$ 170 a R$ 250
- Kit troca de óleo (5 litros 5w40 + filtro): de R$ 300 a R$ 440
- Amortecedor traseiro: de R$ 280 a R$ 420 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 500 a R$ 900
- Farol direito: de R$ 450 a R$ 650
10 - Principais problemas da Saveiro Cross
Consumo excessivo de óleo é uma queixa dos cansados consumidores da Volkswagen Saveiro, inclusive na aventureira Cross. As reclamações dizem respeito a níveis do lubrificante chegando perto do mínimo na vareta do cárter com menos de 3 mil quilômetros após a última troca.
Falhas na bobina da ignição também são comuns. Fique atento, ainda, a dificuldades ao engrenar o câmbio e a ruídos vindos dos freios traseiros. Dê uma boa checada também no estado das vedações de vidros e portas da picape.
Lembrando que a Saveiro foi um dos modelos entre as 194 unidades de veículos pré-série montadas pela Volkswagen sem registro de liberação, entre 2009 e 2014. Em 2019, a montadora recomprou esses carros para destruí-los.
A Volkswagen Saveiro foi submetida a diversas campanhas de recall. A primeira para fixação das pinças dos freios de unidades fabricadas entre 2013 e 2017. Depois vieram outras: troca do airbag do passageiro em modelos feitos em 2016; substituição do alternador em unidades produzidas em 2016 e 2017; troca da polia do motor em picapes montadas em 2021; e correção de fixação de componentes de carros produzidos em 2022 e 2023.
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