Quando você pensa em sedan médio, logo vem o círculo vermelho característico da bandeira do Japão. As fabricantes de lá se especializaram em fazer modelos de três volumes não só confortáveis, como bons e eficientes. E apesar de o Nissan Sentra parecer um coadjuvante quando comparado àquela dupla queridinha do mercado, o fato é que ele é até melhor em vários aspectos que os ditos cujos.
Claro que estou na comparação inevitável do Sentra com o Honda Civic e o Toyota Corolla, referências no segmento de sedans médios. Devido à supremacia dos dois, a vida de outros players nesta categoria no Brasil costuma ser sofrida em vendas. O que esconde modelos bons, como o Nissan Sentra.
Por isso mesmo, o modelo acaba por ser uma opção de usado tão boa ou melhor que os rivais. Com a vantagem de ter preços melhores no mercado de segunda mão. Principalmente na sétima geração. Veja agora 10 fatos sobre o Nissan Sentra 2015.
1 – O que se sabe da trajetória do sedan da Nissan?
Apesar de a marca japonesa ter começado aqui nos anos 1990 com muitos sedans (além de SUVs), como Altima e Maxima, o Nissan Sentra só apareceu no Brasil em 2004, em sua quinta geração, com um design bem esquisito de carro coreano. Três anos depois, foi substituído pela sexta geração, bem melhor resolvida.
Mas a fase boa foi mesmo nos anos 2010. A chegada da sétima geração em 2013 elevou o patamar do modelo e o colocou em condições reais para brigar com a dupla Corolla/Civic. O Nissan Sentra 2015, linha 2016, ainda incorporou novos equipamentos e, em 2017, passou por uma reestilização.
Foi meio esquecido pela marca japonesa no fim de vida e se despediu em 2020. Só três anos mais tarde, em 2023, é que a Nissan voltou a importar e vender o Sentra no Brasil, já na oitava geração.
2 – Desempenho satisfatório
Um fato curioso sobre esse Nissan Sentra é quanto ao motor. Mundo afora, o sedan já havia adotado um moderno 1.8. Aqui, manteve o 2.0 16V flex da família MR20DE, que já equipava a geração anterior do modelo. A justificativa, à época, foi que o consumidor brasileiro ainda dava muita importância à “litragem” estampada em números na traseira.
Ao menos, o conhecido powertrain não decepciona. E a Nissan parou com aquela coisa de querer livrar a linha Sentra do estigma de carro de tiozão (lembram da propaganda?). Assumiu logo isso com uma calibragem bem tradicional para o 2.0 e o câmbio CVT – e ao gosto do freguês do segmento.
O que significa acelerações e retomadas sempre muito parcimoniosas. Sem trancos, com evolução gradual e linear, e ou qualquer ímpeto mais arrojado. A caixa continuamente variável incorpora essa aura japonesa e sequer tem marchas simuladas para trocas sequenciais.
Em resumo, com os 140cv de potência e 20kgfm de torque máximo (seja com etanol ou gasolina), o zero a 100km/h do Nissan Sentra consome pouco mais de 10 segundos. E está tudo bem quanto a isso. O negócio é curtir o conforto no rodar, especialmente na estrada.
A transmissão tem a opção de overdrive em um botãozinho discreto, que dá uma boa segurada no consumo. A 110km/h o conta-giros marca ótimas 1.800rpm. As médias com gasolina ficam próximas a 10km/l na cidade e passam dos 13km/l, na estrada.
3 – Como é a dinâmica do Nissan Sentra?
O Nissan Sentra sempre foi importado do México, onde a marca é líder de vendas. Feita na unidade de Aguascalientes, a sétima geração usa a plataforma B17, que representou um grande salto em relação ao modelo antecessor.
Nesta arquitetura, a engenharia da montadora usou aços de alta e ultra resistência e com alta capacidade de moldagem. O resultado é um carro 33 quilos mais leve e com um comportamento dinâmico muito bem resolvido.
O que se nota especialmente nas curvas e em altas velocidades. A direção é bastante precisa e a carroceria tem ótima rigidez – mesmo com o nosso Nissan Sentra sendo 1cm mais alto que o modelo vendido no México e nos EUA.
4 - Conforto e espaço no sedan
É o principal atributo do Nissan Sentra. A posição de dirigir é agradável, mas a densidade do banco merecia maior maciez. Na frente, visibilidade boa a maior parte do tempo, volante com boa empunhadura e sobra espaço para pernas.
Atrás, os 2,70 metros de distância entre-eixos facilitam a vida dos passageiros. Além disso, o encosto é bem reclinado, o que deixa uma boa folga para as cabeças em relação ao teto. Mesmo assim, um terceiro adulto no assento central pode ficar desconfortável.
A suspensão tem calibragem que lida bem com a realidade brasileira. O prosaico eixo de torção na traseira isola bem as imperfeições da pista. Destaque ainda para o ótimo porta-malas de 503 litros (o maior da categoria à época) e para o isolamento acústico que beira a perfeição.
5 – Acabamento interno
Não é exagero afirmar que nesse aspecto o Nissan Sentra é bem melhor acabado que seus rivais Corolla e Civic. Na cabine, o modelo não tem firulas e traz design sóbrio, mas muito caprichado, com bastante aplicação de materiais emborrachados e plásticos que inspiram certa qualidade.
O quadro de instrumentos tem escalas brancas fáceis de visualizar e informações objetivas. No geral, os revestimentos demonstram capricho, assim como os fechamentos de painéis e portas. Destaque mais uma vez para o tratamento acústico já citado.
6 – Vendas do Sentra no mercado
Apesar de tantas qualidades, no Brasil o três-volumes nunca foi páreo para os adversários das marcas conterrâneas. Nos primeiros anos cheios, 2014 e 2015, o Nissan Sentra até conseguiu superar a casa das 10 mil unidades. Mesmo assim, ficou bem atrás de Corolla e Civic nos emplacamentos.
De 2016 em diante, os licenciamentos despencaram. Além da concorrência dos japoneses e da relação custo/benefício do Chevrolet Cruze, o segmento começou a desidratar com clientes em franca migração para os SUVs.
Confira os números de vendas ano a ano do Nissan Sentra:
- 2013: 6.750
- 2014: 14.270
- 2015: 12.529
- 2016: 6.288
- 2017: 3.861
- 2018: 4.422
- 2019: 3.189
- 2020: 931
7 - Nossa dica de melhor versão
A variante SL é a mais completa e sugerimos esta versão no Nissan Sentra 2015, linha 2016. Os preços oscilam entre R$ 52 mil e R$ 61 mil nos principais sites de compra e venda de usados e seminovos do país. A dica da linha 2016 é porque esta já vem com controles de estabilidade e tração de série.
Completam o recheio de segurança seis airbags, câmera e sensores de ré, retrovisor eletrocrômico e Isofix. No conforto, ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial, retrovisores rebatíveis eletricamente, bancos revestidos em couro e sensor crepuscular. A central multimídia com tela de cinco polegadas é das antigas, mas tem GPS nativo, entrada USB e Bluetooth.
8 – Uma ideia sobre os custos de manutenção
Uma das famas do Nissan Sentra era a de ter o plano de revisão mais em conta do segmento de sedans médios. De qualquer forma, o motor 2.0 16V é relativamente conhecido e não costuma dar dor de cabeça.
Preços de peças do Nissan Sentra 2015:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 110 a R$ 230
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 180 a R$ 290
- Bomba de combustível: de R$ 400 a R$ 500
- Kit troca de óleo (5 litros 5W30 + filtro): de R$ 240 a R$ 360
- Amortecedor traseiro: de R$ 560 a R$ 690 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 400 a R$ 650
- Farol direito: de R$ 1.100 a R$ 2.000 (com faixa de LEDs)
9 - Principais problemas do Nissan Sentra
Um dos problemas comuns no Nissan Sentra é o superaquecimento. Isso vale para o motor, devido a problemas no sistema de arrefecimento e no eletroventilador. Mas também para a transmissão CVT. O fluido da caixa deve ser checado a cada 20 mil quilômetros e trocado a cada 100 mil quilômetros.
Fique atento também ao estado dos amortecedores, que costumam perder a eficiência com menos de 10 mil quilômetros. Outro ponto a se observar é a parte elétrica e os faróis, já que muitos donos do modelo costumavam trocar as luzes por lâmpadas de LEDs não originais.
10 – Fique de olho no recall do Sentra
O Nissan Sentra de sétima geração só teve um recall, para troca do interruptor das luzes de freio em modelos fabricados entre 2016 e 2019.
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