Tempos bons aqueles em que existiam diferentes carrocerias para a gente escolher o carro da família. E as station wagons foram as que, por muito tempo, tiveram a versatilidade para ser o veículo para servir a mães, pais, filhos, sogras, cães e cia. Infelizmente, a carroceria morreu, mas uma das poucas heroínas da resistência foi a Volkswagen SpaceFox.
Derivada do Fox, o carro se valia do conceito de teto alto do hatch para oferecer um ambiente com percepção maior de espaço. Além disso, oferece bom porta-malas, a robustez da engenharia da marca alemã e conjunto mecânico mais que manjado no mercado. Conheça estes e outros fatos sobre a Volkswagen SpaceFox.
1 – Saiba como foi a trajetória da perua compacta
A Volkswagen SpaceFox foi lançada em abril de 2006 em duas versões e com o mesmo motor 1.6 8V, que usou por toda a vida. No ano seguinte, ganhou equipamentos e, em 2008, o propulsor EA111 passou por uma recalibragem.
Em 2010, a primeira reestilização na perua compacta acompanhou as mudanças no Fox e trouxe mudanças no acabamento e novo quadro de instrumentos. No ano seguinte, a linha 2012 da Volkswagen SpaceFox estreou uma versão de entrada pé de boi, que sequer tem ar-condicionado.
A Volkswagen SpaceFox ainda teve direito a mais uma remodelação, em 2015, quando ganhou assistência elétrica na direção. Além disso, na carona das novidades, o motor 1.6 16V começou a ser oferecido na versão Highline da SpaceFox, com câmbio manual de seis marchas.
Mas os dias já estavam contados para o modelo. Em 2016, passou a ser comercializada apenas com uma versão de acabamento e motor – o 8V. Em 2017, a Volkswagen SpaceFox se despediu do mercado.
2 - Projeto brasileiro, feito na Argentina e com outros nomes
Assim como o Fox, a Volkswagen SpaceFox é um projeto tocado pela engenharia brasileira da marca alemã. A perua usa a mesma arquitetura PQ24, mas em vez de ser feita em São José dos Pinhais (PR), como o hatch, teve sua produção concentrada na fábrica de General Pacheco, na Argentina.
Se aqui o nome foi para reforçar o apelo de espaço da station wagon, no país vizinho adotou o termo Suran. Ainda teve outra denominação no México. Lá, o Fox era chamado de Lupo (para evitar associações com o ex-presidente Vicente Fox) e a perua acabou por ganhar a alcunha de Sportvan.
3 – Como é o desempenho da Volkswagen SpaceFox?
De esportiva a SpaceFox não tem nada, mas também não decepciona. No modelo 2012, o motor 1.6 8V da família EA111 tinha passado por uma recalibragem. Chamado de Very High Torque (VHT), adicionou 1cv de potência (com etanol), 0,2kgfm de torque, nova correia e novo diferencial do câmbio para, segundo a VW, ficar 10% mais econômico.
O conjunto mecânico com 104cv (etanol) e 101cv (gasolina) oferece aquela conhecida disposição em baixas e médias rotações. As primeiras relações do sensacional câmbio manual de cinco marchas MQ200 – com engates precisos e justos – são curtas, o que privilegia as arrancadas.
Mesmo assim, o 0 a 100km/h se dá em comportados 11 segundos. Nada mal se formos ver que a Volkswagen SpaceFox tem 1.147kg de peso e carga útil de 487kg. Já nas retomadas, é pisar no pedal do acelerador que o torque de 15,6kgfm (etanol)/15,4kgfm (gasolina) está disponível pouco antes das 2.600rpm.
E importante lembrar que a Volkswagen SpaceFox não é nada econômica. As médias urbanas ficam em 7,2km/l com etanol e 9,4km/l, com gasolina. No ciclo rodoviário, respectivamente, 10,1km/l (e) e 13,1km/l (g).
4 - Quero ser uma minivan
O projeto de hatch altinho facilitou o posicionamento da Volkswagen SpaceFox no mercado. Como a Volkswagen também vendia a Parati e não tinha nenhuma minivan em seu portfólio, o teto elevado acabou se tornando um argumento para a station wagon brigar com modelos familiares, como Chevrolet Meriva e Fiat Idea.
Apesar de ter quase as mesmas medidas da Parati, a Volkswagen SpaceFox se destacava pela cabine mais espaçosa, pelo projeto mais moderno (a veterana perua usava plataforma do Gol Bolinha, de 1994) e pela lista de equipamentos generosa para se posicionar um degrau acima da velha station e duelar com a Fiat Palio Weekend.
5 - Espaço e conforto
Só que também não ache que o espaço é lá essas coisas. A Volkswagen SpaceFox é uma perua compacta derivada do Fox e tem suas limitações. Apesar da posição alta de direção e do bom vão para cabeças, não há grandes folgas para joelhos e pernas. O banco traseiro corrediço ainda consegue melhorar a situação dos ocupantes de trás.
Também não se empolgue com o acabamento simples, que, sejamos justos, melhorou na reestilização de 2010. Em especial o tecido que reveste os bancos e o quadro de instrumentos, de melhor leitura que aquele azul e vermelhão do Gol. O isolamento acústico, todavia, continua falho, mesmo a médias velocidades.
A compensação vem na hora de carregar bagagens. O porta-malas de 430 litros tem boa abertura e permite a acomodação de malas grandes e médias sem sofrimentos.
Já o acerto da suspensão e a calibragem da carroceria são muito superiores aos vistos no Fox. A Volkswagen SpaceFox não é tão “joão bobo” como o hatch. Claro que dá aquela entortada nas curvas mais animadas e há sinais de flutuação nas retas em altas velocidades, mas o pesinho a mais do volume traseiro ajuda o carro a ficar mais “no chão”. E a suspensão filtra bem os buracos.
6 – Teve bons momentos de vendas
A Volkswagen SpaceFox travou uma briga particular com a Fiat Palio Weekend. No primeiro ano cheio de vendas, a perua da marca alemã superou a rival. Foram mais de 27 mil unidades contra 18 mil do modelo da marca italiana.
Para se ter ideia como o mercado de station wagons pequenas ainda era aquecido no Brasil, naquele mesmo ano, a Volkswagen Parati ficou perto da Weekend, com 17,2 mil emplacamentos, seguida de perto ainda pela Peugeot 206 SW, essa com 16,7 mil licenciamentos.
Mas a alegria da Volkswagen SpaceFox na liderança não durou muito. Em 2009, até teve seu melhor ano em termos de volume, quase 32 mil unidades, mas ficou bem atrás da Palio Weekend, que assinalou mais de 43 mil carros vendidos.
Em 2012, outro ano bom da Volkswagen SpaceFox junto com as boas vendas do mercado automotivo. Foram 21,1 mil carros entregues, só que ainda atrás da principal adversária da Fiat, que teve 22,5 mil emplacamentos. Ao todo, a station da VW superou 206 mil carros vendidos em 14 anos.
7 – Teve até versão aventureira
Porém, nessa “meiuca” da década de 2010, consideramos apenas as versões civis do modelo. Isso porque em 2012, a Volkswagen criou a versão aventureira da SpaceFox, a SpaceCross.
Com muitas molduras plásticas, detalhes “jipeiros”, pneus de uso misto, suspensão elevada e reforçada, a station wagon era aquele típico “off-road light” para brigar com a Palio Adventure. Só que, ao contrário da Fiat, o Renavam não somava os licenciamentos de toda a linha.
Ao somar as vendas da SpaceCross, a gama da perua compacta da Volkswagen supera a Palio Weekend em licenciamentos em boa parte de sua trajetória nos anos 2010.
8 – Dica da versão mais interessante
Vamos de Volkswagen SpaceFox 2012 na versão Sportline, a mais recheada da linha “civil” da station wagon. Os preços vão de R$ 33 mil a R$ 41 mil e o modelo já era equipado com airbag duplo e freios com ABS e EBD, que se tornaram obrigatórios só no ano seguinte.
Recebe também sensor de ré, retrovisor eletrocrômico, ar-condicionado, trio elétrico, sensores de luminosidade e de chuva, rodas de liga leve, alarme, faróis de neblina e limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro. Curiosamente, os ajustes de altura e distância do volante eram opcionais, assim como o sistema de som.
9 – Uma noção sobre os preços de manutenção
O motor 1.6 é considerado um dos mais fáceis de se mexer no mercado. Além disso, as peças têm custos baixos na maior parte do tempo. Confira agora os preços de componentes da Volkswagen SpaceFox 2012 1.6 8V:
- Jogo com quatro pastilhas do freio dianteiro: de R$ 70 a R$ 130
- Jogo com quatro velas de ignição: de R$ 90 a R$ 150
- Bomba de combustível: de R$ 220 a R$ 350
- Kit troca de óleo (4 litros 5W40 + filtro): de R$ 200 a R$ 300
- Amortecedor traseiro: de R$ 320 a R$ 440 (par)
- Para-choque traseiro: de R$ 450 a R$ 700
- Farol direito: de R$ 290 a R$ 420
10 - Principais problemas da Volkswagen SpaceFox
Donos de Volkswagen SpaceFox costumam relatar o desgaste prematuro do conjunto da embreagem. Outra questão que pega os motores EA111 nesta época são os problemas de lubrificação.
A propósito, vazamento de óleo é outra reclamação corriqueira dos proprietários da perua. Fique atento também ao estado da correia dentada, a sinais de infiltrações na cabine e a rangidos excessivos nas portas e tampa do porta-malas.
A Volkswagen SpaceFox já foi convocada para campanhas de recall para troca dos cintos de segurança laterais traseiros do modelo 2012; para substituição do sistema de airbag de modelos produzidos em 2014; e para troca do alternador em unidades feitas entre 2016 e 2017.
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